***
Pelo visto não havia mais bombas na vila, e poucas casas sobreviveram ao ataque. Não consigo imaginar quantas vidas foram perdidas e o que mais foi destruído pelo fogo.
Eu havia ido até o deposito, ver se encontrava o corpo da garotinha que morreu dentro dele durante a explosão. Vi o corpo dela tostado e algumas partes estavam fora do lugar, eu quase chorei. A visão daquilo era triste, e eu me segurei ali dentro para não chorar.
Fiquei sentada em uma caixa de vinho vazia olhando o meu braço por um bom tempo, eu estava em choque e aflita com o que havia acontecido na vila. A imagem de todos sendo queimados surgia na minha cabeça como um flash perturbador. Eu podia ouvi-los ainda.
Eu podia ouvi-los gritar.
- Ei.- Me assusto quando Nick toca o meu ombro por trás.- A sua mãe está vindo pra cá com Lorelai.- ele avisa, em seguida olha para a minha mão no meu braço.- Jean, sobre o que aconteceu...
- Não quero falar sobre isso.
- Eu sei, foi assustador pra você.
- Então por que toca no assunto?- pergunto fria.
- Eu só quero que você esteja bem.- garante.
- Olha pra mim.- mando me virando para ele.- Eu estou só cinzas, cinzas de pessoas. Estão por todo o meu corpo, até no meu rosto. Eu vi pessoas morrerem de forma cruel, eu senti, senti a dor deles.- digo segurando as lágrimas.- Eu ainda posso ouvi-los gritando, ainda vejo as casas sendo queimadas. E não fizemos tudo o que podíamos pra ajudar.
- Não pode se culpar.
- Eu não me culpo. Não foi eu quem os matou.- digo encarando ele.- Mas eu podia ter feito mais pra ajudá-los. Eu sou inútil como humana, e ainda mostrei ser inútil como vampira.
- Você não é inútil. Só apenas não sabe tudo, ainda. Você ajudou o máximo que pode, e fez tudo o que estava em seu alcance, Jean.- diz tentando me deixar melhor.
Eu abaixo a cabeça e toco os dedos da minha mão esquerda.
- É como se nunca tivesse saído do meu corpo.- digo me lembrando do momento em que aconteceu.
Nick passa o seu braço por trás de mim e me abraça, eu deito minha cabeça em seu ombro.
- Eu não vou dizer que tudo vai ficar bem, por que sinceramente eu não sei se vai.- confessa.- Estamos repetindo uma guerra antiga, Jean. E isso...- diz olhando ao redor.- É só uma pequena proporção do estrago que ela ainda vai causar.
- Mas vocês tem como se defender.- rebato.- Os humanos não tem esse mesmo luxo.
- Por isso queremos achar o solar Frankenstein.- explica novamente.- Lá tem tudo o que os humanos precisam para se defender.
- Nick já se passaram séculos, não pode haver nada lá. Vocês estão se baseando por diários de um morto.
Gritos surgem da floresta, nos levantamos e corremos em direção aos sons. Os gritos pararam e senti algo sendo arrastado pelo chão da floresta.
- Por favor... não me machuquem...- suplica uma mulher de cabelos curtos sendo arrastada por uma garoto.- Não machuquem o meu bebê...
Havia mais três com ele, duas garotas e um outro garoto. Todos estavam de máscara, mas uma das garotas levantou a máscara do rosto e se agachou perto da mulher, aproximando seu rosto da inchada barriga dela.
- Esse pequeno é forte.- analisa a garota se levantando.- Que pena.
A mulher começa a se desesperar.
YOU ARE READING
Meu vizinho se chama Vlad
Science FictionJean Mhorelly é uma colegial prestes a fazer 18 anos no ultimo ano do ensino médio. Ela é como qualquer garota que conheceu? um clichê que você ja ouviu falar? um rosto de princesa? Não... Jean é muito mais que isso. Ela se mudou com a sua mãe Alex...