Dezoito.

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As portas do grande salão foram abertas lentamente, fazendo um efeito surpreso a minha entrada.

- Ah deus...- sussurro para mim mesma quando ando até a escada que levava ao salão. Todos se viraram para encarar a garota que estava a cima deles, a garota na varanda do salão de baile. Naquele momento eu não me sentia Jean Mhorelly, de modo algum.

Safíre estava lá embaixo, no meio do salão como parte da família de Vlad e que assim como todos, me encarava com o rosto impressionado.

Fico com os olhos mantidos nos dele, ele estava tão diferente, com o rosto mais vivo e radiante. Eu não queria mais ter que olhar para mais ninguém... Aquele olhar me trazia um certo conforto.

- Vestida de acordo...- diz uma voz atrás de mim.- Estou encantado.

Me viro e o Drácula estava com uma expressão séria.

- Majestade...

- Se me der a honra.- insiste ele estendendo a mão.

Olho para a sua mão estendida. Eu não sabia ao certo o que ele estava tentando causar, mas não importava naquele momento, eu só queria me desviar da tensão.

Dou um sorriso largo e pego sua mão, ele a estende graciosamente e me guia para descer a escada ao meu lado.

Todos fazem uma reverência quando chegamos no salão.

- Está começando a se comportar?- pergunta.

- Estou apenas sendo formal.- respondo retirando lentamente a minha mão da sua.- Afinal de contas, é um baile.

- É claro.- concorda ele se aproximando.- Mas não precisamos ser formais um com o outro.

- Jean.- Nick chega com Safíre ao seu lado.- Majestade.

O conde dá um olhar amistoso para os dois.

- Aproveite.- diz e logo em seguida beija a minha mão. Ele se retira, indo até um grupo de pessoas que conversavam atentamente.

- Nossa, você sabe mesmo fazer uma entrada.- comenta ela.

- Não seja exagerada.- digo endireitando a postura quando um casal de vampiros passa por mim.

- Ela está falando a verdade Jean.- rebate Nick.- Você deixou mesmo todos de boca aberta.

Aperto os lábios nervosa, algumas pessoas que estavam no salão olhavam para mim com sorrisos estranhos e olhares famintos.

- Eu preciso de ar.- digo saindo do salão e indo em direção à uma varanda larga com cortinas altas de seda.

- Você está bem?- Vlad pergunta colocando sua mão na minha costa nua.

Eu sinto a sua pele fria na minha que exalava calor, era como um choque, um choque muito bom.

- Eu vou ficar.- respondo com um sorriso triste.

Ele se apoia na varanda.

- Esse vestido ficou bem em você.

- Bem, ele não é meu. Safíre insistiu que eu ficasse com ele mas...

- Devia aceitar.- ele encara o céu.- Não sei se já percebeu, mas ela não engole um não facilmente.

A névoa estava mais forte, ela se espalhava e rodeava o castelo como se estivesse o protegendo, como se quisesse torná-lo invisível. A floresta também estava sombria, pequenas névoas tomavam o chão perto das árvores, escondendo a grama.

Vlad se endireitou e veio para mais perto, ele tentou enxergar além da névoa, para algo que julgava estar muito longe.

- Está vendo aquela torre?- ele pergunta apontando para o nada.

Eu franzo a testa confusa quando não enxergo nada além de árvores.

- Não.

- Se concentre.- manda ele.- apenas foque nas árvores.

Me viro para olhar de novo, eram muitas árvores, eu vi algo pontudo escondido entre elas, se era uma torre ela não parecia ser muito alta. Mas algo nela brilhou, o que fez eu sorrir curiosa.

- O que é Aquilo?

- Aquela é a torre do sino.- diz se inclinando um pouco mais na varanda.- Pense nela como um... alarme.

- Você consegue encontrá-la sem estar no alto?- pergunto.- Ou é uma vantagem de ser um vampiro?

- Vampiros tem a habilidade de enxergar e ouvir há quilômetros de distância.- responde.- Mas eu acho que você já sabia disso.

- Ah sim.- concordo.- Não se esqueça da super velocidade e a forma misteriosa como anda no sol.

- Tem muito mais que isso, Jean.- diz com um sorriso de canto.- Muito mais.

- Adoraria saber mais sobre você. Já que fez questão de espionar a minha vida é claro.- lembro ele.- Sei muito pouco da sua vida.

Ele suspira.

- O que você quer saber?

- Ah coisas... tipo, qual os seus hobbies?

- Você está perguntando a um vampiro quais os hobbies dele?- ele pergunta com um sorriso inacreditável.

- Eu só estou querendo saber das coisas pequenas.- digo.

- Tudo bem.- ele consente.- Uma coisa de cada vez.

Eu concordo com a cabeça. Olho direto para a torre quando um barulho não muito alto veio dela.

O sino tocou.

- Meia noite.- Vlad diz de repente.- Já devem estar servindo o banquete.

- Eu devia ligar para a minha mãe.

- Eu imagino por quê.- ele diz voltando para o baile em passos lentos.- Feliz aniversário Jean.

Me viro surpresa, ele estava parado na porta larga da varanda com as mãos enfiadas nos bolsos. Seu rosto estava ansioso e diferente, a expressão calma que ele sempre costumava ter, não estava mais em seu rosto.

Os olhos dele brilharam em um tom de azul claro.

- Obrigada, Vlad.

Meu vizinho se chama Vlad Where stories live. Discover now