Capítulo 25

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Eu não acredito que a depressão pode ser curada. Ela pode ser esquecida por alguns minutos, horas e até meses, mas quando você ficar triste ela volta com tudo e não é só pra te fazer chorar não, ela vem pra matar você. Ela vem pra destruir você, ela vem pra levar aquele sorriso lindo que você tem, e sabe qual é o pior? você nunca vai entender essa dor, ela queima, arde, te machuca, não tem essa "se quisesse se matar, já teria se matado" ninguém sabe o que se passa na mente do outro, ninguém entende a dor do outro.

Meu sangue descia feito água corrente dentro da pia junto com a dor que eu estou sentindo, eu só queria fazer isso parar, fazer as coisas se ajeitarem, fazer a minha vida diferente. Porque eu tenho que sofrer tanto? Porque eu tenho que fingir que está tudo bem, quando na verdade nada está bem, nada está no seu devido lugar? Minhas lágrimas e meus soluços baixinhos escapavam sem puder e sem freio algum, me olhei no espelho e lá estava a pior imagem. Minhas olheiras estavam visíveis, eu estava perdendo peso que os ossos da minha clavícula estavam estampados para quem quisesse ver. Eu havia perdido a única coisa que eu lutava para viver, o meu filho, a minha vida. Meu brilho não estava mais ali, meu sorriso sincero e alegre havia sido arrancado.

Fazia semanas que eu não tinha contato com os meus amigos, ele havia me privado disso ou correria risco de acontecer algo trágico com pessoas da minha família. A porta novamente bateu e dessa vez um barulho mas firme e forte, imediatamente guardei a lâmina no bolso do moletom e cobri meus braços novamente.

A maçaneta da porta começou a ser forçada e em um clique ela se abriu, passando por ela Christopher e meus pais.

— Porque não abriu a porta minha princesa? — o olhar de minha mãe era de pura tristeza. — eu estou tão preocupada com você filha, você não come, não sai do quarto de vocês, não conversa com os seus amigos meu amor!

Em passos lentos voltei para o leito deitando em seguida.

— Por Deus Dulce, você está quase vegetando nessa cama filha. — meu pai disse, parecia nervoso. — Christopher, ela tem falado com você ultimamente?

— O que ela tem feito ultimamente é somente chorar, mal sai desse quarto e quando fala algo, é pra mandar eu me retirar que ela quer ficar sozinha. — ele respirou brusco. — sinceramente, eu não sei mais o que eu faço.

— Porque vocês não fazem outra coisa e me deixem sozinha no meu canto? — disse seca. — eu não quero a companhia de ninguém, eu não quero falar com ninguém e mesmo assim vocês ficam insistindo.

Eles me olharam assustados, principalmente meus pais que nunca me virá falar assim com ninguém. Sempre tive a educação no topo da língua, eles sempre me educaram para nunca tratar uma pessoa mal.

Mas esqueceram de me ensinar a ser forte quando tudo desmoronou em minha cabeça.

— Estamos preocupados com você filha. — meu pai disse mais uma vez, fez menção de se aproximar mas esquivei-me levantando do leito.

— Por favor me deixem sozinha. — meus olhos marejaram. — por favor, eu não estou incomodando ninguém e estou quieta no meu canto.

Vi Christopher soltar um suspiro brusco e logo saiu do quarto acompanhado por meu pai, deixando somente eu e minha mãe a sós. Ela por sua vez se aproximou e não relutei, abracei-a com todas as minhas forças caindo em um choro doloroso.

— M-mãezinha eu não aguento mais a minha vida.

— A mamãe está aqui agora, shhh!

Ela me conduziu até a cama, sentando comigo no leito. Estava sendo tão difícil esses últimos dias que nem sabia de fato como eu estava suportando.

Sombras Do Passado - Livro 1 (FINALIZADO)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt