Capítulo 28

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Autora narrando

Contém gatilhos, boa leitura!

Os primeiros raios de sol atravessaram as persianas do banheiro. Dulce não havia dormido de jeito nenhum na noite anterior, seu corpo estava pedindo descanso mas a mesma não conseguirá dormir depois de tudo o que lhe aconteceu na metade dessa madrugada. As olheiras estavam visíveis agora, seus olhos inchados de tanto chorar.

Ela se olhava no espelho e tinha nojo do que via, seu pescoço com hematomas dos dedos do seu algoz acompanhado com lesões roxas. Sua pele estava nitidamente avermelhada e com pequenos resquícios de rastros de sangue.

Na madrugada...

A água do chuveiro cairá como uma cachoeira sobre o meu corpo violado, estava abrindo o quinto pacote de sabonete. Eu precisava limpar o meu corpo, limpar a minha alma que estava suja.

— Eu não aguento mais a minha vida, meu Deus!

Gritei em um choro doloroso enquanto esfregava minha pele com uma escova, eu era a pessoa mais imunda que alguém poderia imaginar. Minha pele ardia pela força que eu usava para tirar quaisquer resquícios da mesma.

Minha vagina ardia e doía, qualquer movimento que eu fizerá era o suficiente para me causar dor e chorar ainda mais. Desliguei o chuveiro e lentamente me sentei no chão frio com o roupão enrolado em meu corpo.

Agora...

Seus olhos estavam pesados pela noite não dormida, já não chorava mais e apenas olhava para o nada. Como sua alma, um nada. O ato que lhe foi cometido, foi o suficiente para arrancar o restinho de vontade que ela tinha de viver.

Caminhando lentamente, ela saiu do banheiro indo em direção da varanda de seu quarto. O vento gélido da manhã bateu contra o seu rosto, olhando em volta ela percebeu que não havia muito movimento aquele horário, provavelmente seria 6:10 da manhã. Havia poucos carros no trânsito que do alto ela puderá ver perfeitamente, algumas janelas dos prédios a sua frente estavam abertas indicando que poucas pessoas estavam acordadas naquele horário.

Dulce aproximou-se da barra de ferro da varanda, pousando suas mãos ali.

— Mãe, eu não aguento mais o poncho!

— Quem não aguenta mais você sou eu caramba, você pensa que é o que?

— Eu não sei como vocês ainda não se mataram, meus filhos por Deus, parem de azucrinar meu juízo por alguns minutos, sim?

Lembranças da sua infância vieram como discos em sua mente, uma lágrima solitária escorreu de seus olhos acompanhada de um sorriso sem vida.

— Maite, sério que você quer esse pênis de borracha?

— Sanchez, quando te faltar algumas rolas, usa isso, é ótimo. Não é Dulce?

Fez uma careta ao ouvir aquilo, imediatamente negou enquanto tomava seu suco.

— Eu nunca usei isso Maite, você tem cada idéia e fica insinuando como se eu já tivesse enfiado essa coisa dentro de mim.

Sombras Do Passado - Livro 1 (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora