Capítulo 6

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Hoje meu pai está de folga, então a hora do café é movimentada. Trina, ainda não saiu, está procurando onde deixou sua pasta com documentos, ela vai se atrasar como sempre.

-Meu amor, você viu minha pasta azul de elástico? Eu tenho certeza que deixei no aparador.

-Minha querida, por acaso você olhou perto do tapete do Henry?

Meu pai, como bom médico, é observador. Ele sabe que a primeira coisa que Trina faz assim que chega em casa é cumprimentar seu cachorro. Então, é comum ela deixar a pasta perto de onde ele fica e nunca se lembrar que está lá.

-Ah. Achei. Não sei o que seria de mim sem você!

Meu pai sorri e ganha um beijo suave de sua esposa. Posso garantir que vi um rubor em seu rosto, ele não está acostumado a essas demonstrações de afeto na frente das filhas.
Bobagem, se soubesse o quanto estamos felizes por ele estar refazendo sua vida depois de tanto tempo viúvo e sozinho, cuidando de três meninas.

Todo mundo admirava meu pai por vê-lo dar conta de tudo, lógico, Margot sempre foi seu braço direito. Mas ninguém via a solidão de quando ele ia se deitar, quando ele tinha problemas de adulto e deveria conversar com um adulto. Trina chegou ocupando todos os espaços. Ela é um furacão e diferente de papai em tudo. Mas é bonito a forma com que se completam e respeitam as limitações um do outro. Eu estou aprendendo muito com eles. Como eu acho que aprenderia caso minha mãe estivesse viva.

-Lara Jean, você quer panquecas?

-Sim pai, obrigada. Kitty me passe o mel por favor.

Banho minha panqueca com um pouco de mel e preparo meu café. Margot está quieta, mexendo a colher do seu latte de um lado para o outro sem parar.

-Meninas. Estou de folga hoje, e gostaria que me dessem a honra de um programa de família.

-Ei, eu agora faço parte desta família também.-
Trina grita da porta, depois de fazer um último carinho em Henry.

-Ok. Um programa de família desfalcada?

-Que tal um programa pai e filhas?
Kitty responde com sagacidade.

-Boa Kitty. Essa é a minha garota. Vejo vocês no jantar.

Trina se despede e sai como um raio pela porta. Nem que ela ande na velocidade de um, hoje chegará na hora.

-Que tal vermos um documentário sobre...

-NÃO.

Nós três respondemos.

Os documentários do papai são interessantes, mas são intermináveis e a gente dorme antes que acabe, o que o deixa chateado. Depois somos forçadas a falar sobre o assunto por três dias, sem trégua.

-Poxa vida. Eu achei que vocês gostassem.

-Nós gostamos de te ver feliz papai.
Margot tenta minimizar.

-Ok. O que sugerem então.?
Penso um pouco, e me ocorre a brilhante idéia:

-Vamos fazer um piquenique pai, no parque onde pediu Trina em casamento.

Kitty se anima com a idéia, já começa a saltitar guardando alguns cookies que havia na mesa do café. Margot sorri, mas só por fora, para que papai não perceba que algo está errado. Mas eu percebi.

-Vamos, eu vou trocar de roupa. Vem comigo Margot?

Papai e Kitty ficam arrumando os lanches enquanto me arrumo, e tento saber o que há de errado com minha irmãzinha.

Me marca, sou todo seu Parte IWhere stories live. Discover now