Me marca, sou todo seu Parte I

Capítulo 9

São 9h quando chego em Belleview. Eu não pretendia chegar aqui tão cedo, mas depois de uma noite mal dormida dessas e ter acordado antes das 6h, resolvi fazer tudo com calma, para não aumentar meu nível de estresse. Os moradores de Belleview não merecem uma voluntária mau humorada ou aérea.

Trouxe alguns cookies que  Peter ontem acabou esquecendo de levar e fiz um bolo com casca de frutas, maçã, canela e farinha integral que aprendi em.um canal de reaproveitamento de alimentos. O bolo tá quentinho, perfeito para um gole de café ou uma xícara de chá.

Janette me recebe com um sorriso, ela acha que eu movimento o lugar, os residentes gostam de mim e sabe que eu sempre trago algo para o lanche.
Estou me dirigindo para o jardim quando recebo uma mensagem de Peter:

Oi. Onde você está?

Meu coração se aperta. Eu não sei bem o que fazer, então não respondo. Alguns segundos depois, outra mensagem, seguida de outra, e mais outra:

Você está em Belleview?
Eu estou na sua casa.
Porque saiu tão cedo? 

Por último uma mensagem que eu não esperava, mas não posso deixar de responder. 

Eu posso ir para aí?

Eu ainda estou chateada. Não quero ele aqui de cara feia ou fingindo estar gostando só porque brigamos.

Não. 

É tudo o que escrevo na mensagem. Guardo o telefone e tento me concentrar nas minhas atividades. Sinto o telefone vibrar mais uma vez. Mas não olho para ver a resposta, embora esteja sentindo um comichão para saber o que é. 

-Lara Jean, só você mesmo para me convencer a montar uma mesa no jardim. Seria tão mais fácil levar tudo para o refeitório. 

Janette é sempre assim. Quer ser prática em tudo, não gosta que as coisas saiam da rotina e não se importa que seja algo bom para os residentes ou não. 

-Ah Janette. Vocês tem um jardim tão lindo, está uma manhã tão agradável. Temos que aproveitar! Fazer com que tomem um pouco de sol, que possam interagir mais uns com os outros, e saiam daquele ambiente frio que é o refeitório.

Ela me olha com um pouco de desdém. Mas já estou acostumada. Desde o primeiro instante que ousei fazer algo aqui, sempre tenho que usar de muitos argumentos para convencer Janette.

Está tudo lindo. Trouxemos alguns vasos de flores artificiais e uns panos floridos como joguinho de mesa, junto com os copos e talheres descartáveis. Não há nada mais deselegante do que uma mesa toda ornamentada, cheia de descartáveis em cima. Mas eu já entendi que é pela segurança dos residentes.

Desenformei o bolo e coloquei em um prato de pé alto, que eu mesma trouxe de casa. Organizei os cookies em pequenas bandejas coloridas em tons pastéis. Havia sucos em jarras de plástico, mas o chá estava em um elegante bule de porcelana, que parecia ser tão antigo, que provavelmente pertencia à algum dos residentes. Eles evitam dar muito café a eles, por ser muito estimulante, quando necessário eles servem com um pouco de leite. 

Os residentes começam a chegar e eu me animo. A maioria deles sorri quando vê o que preparamos para recebê-los. Outros por causa da idade já avançada olham mas parecem não ver o que de fato está acontecendo.
9 residentes descem no total. Neste momento me lembro da minha amiga Stormy. Acredito que ela estaria orgulhosa de mim hoje.

-Lara Jean, quanto tempo. 
Uma senhorinha de olhos puxados e brilhantes me cumprimenta com um abraço caloroso. Alicia Ito. 

-Olá Alicia. Como vai?
Ela se acomoda em uma das cadeiras, mas fica segurando minha mão.  Como se aquele cumprimento não fosse o suficiente.