Capítulo 51

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-Oi Margot!
São mais de três anos longe, algumas divergências, mas nunca, nunca fico muito tempo sem falar com minha irmã. Nem que seja apenas mensagens. 

-Oi. Tenho uma coisa pra contar.
Pelo seu semblante não conseguir definir se é algo bom ou ruim. Seus lábios sorriem fraco, mas seus olhos estão sem vida.

-Fala. Fala. Eu vou ficar feliz?

-Neutra, digamos.
O mistério me consome. Na verdade eu que estou demasiadamente ansiosa, Gogo nem está fazendo drama.  De repente, ela dispara a informação que faz meu estômago despencar:

-Eu e Ravi terminamos.

-O quê? Porquê?
Sorte que passavam das 10h, porque minha voz saiu alta como o cara da estação com o megafone. 

-Ah sei lá. Nós temos expectativas diferentes.  Pelo menos foi o que ele disse.

-Foi ele quem terminou com você?

-Sim. A decisão partiu dele. Disse que ele quer uma coisa e eu quero outra, então não devíamos perder tempo nos enganando.

Agora ela parece genuinamente triste, mas não arrasada. Apenas triste. Como se tivesse tirado nota baixa em uma prova e daqui a 2 horas estará bem de novo. Das vezes que eu e Peter terminamos, a sensação era que meu coração estava sendo arrancado do meu peito com uma colher. 

Mas era amor.

-E como você se sente Gogo? Gostaria de poder te dar uma abraço. 

-Términos não são exatamente agradáveis, mas eu tô legal. Um pouco frustrada, mas legal. Preguiça de começar tudo outra vez. Sair, conhecer alguém, flertar, primeiro encontro e essas coisas. Acho que vou passar um tempo sozinha. 

-A gente não controla essas coisas.
Ela sorri. Tenho certeza que tá me julgando agora, pensando que sou romântica demais.

-Vou focar nos meus estudos. Sem distrações tudo será mais fácil, em pouco tempo me formo e preciso estudar, ir bem nos estágios.  Tenho planos de emendar logo em um mestrado quando terminar a graduação. 

-Na Escócia?
Meu Deus, não acredito que minha irmã vai permanecer mais um ou dois anos longe, quero que ela volte para casa e tudo seja como era antes. Como? Quando ela te dizia o que fazer e você obedecia como um cachorrinho?

-Não sei ainda. Estou estudando alguns programas, gostei do de Oxford, da NYU e pode ser que me inscreva na UCLA.

Ufa, um pouco de esperança em ter minha irmã de volta. 

Desligamos e sigo para minhas atividades. Hoje a tarde acontece a primeira reunião do grupo de estudos de Literatura, estou muito empolgada. Cheia de energia para pesquisar e aprender. 

Passo na biblioteca antes do horário do almoço e levo um susto quando encontro uma jovem na recepção, onde deveria estar Thunder. 

-Bom dia. Tudo bem? Onde está Thunder?
A mocinha me olha com os olhos enevoados e eu fico preocupada.

-Eu não posso dar maiores informações, mas ela passou mal semana passada e ainda está afastada.

Saio correndo da biblioteca, sentindo como se tivessem tirado meu oxigênio. Tento respirar com calma e pensar no que fazer, em como posso obter mais informações sobre minha amiga. 

Passo no departamento responsável pela biblioteca e as notícias não são das melhores. Thunder teve um enfarte e ainda está hospitalizada, seu estado é delicado. As lágrimas enfim escapam e um filme passa pela minha cabeça.  Quando perdi Stormi. Como pessoas tão cheias de vida como Stormi e Thunder…

Me marca, sou todo seu Parte IWhere stories live. Discover now