Me marca, sou todo seu Parte I

Capítulo 45

Margot voltou para a Escócia!

No dia de sua partida fiz um rocambole de geleia de morango, o seu preferido, como oferta de paz. Não era um pedido de desculpas, só um jeito de dizer que vamos passar por mais essa, e que apesar das brigas eu a amo muito. 

Acho que ela entendeu.

 A levei no aeroporto, e nosso abraço foi tão sincero  e tão fraterno, que me sinto conectada com ela outra vez, mesmo em outro continente. 

Depois do fatídico dia, demorei séculos para conseguir falar com Peter.  Na mesma noite da discussão com Margot, trocamos algumas mensagens antes de dormir. 

Na manhã seguinte não respondeu ao meu bom dia, nem às 648 mensagens que eu devo ter enviado. Também não atendeu minhas ligações. 

Lucas passou a tarde na minha casa, me distraindo um pouco da falta de notícias de Peter. 

Ele conta fascinado sobre sua experiência na Sarah Lawrence, sobre as vezes encontrar Gen em algumas festas nova-iorquinas e sobre como é fácil lidar com sua sexualidade na universidade, em contrapartida como é difícil lidar com isso e sua família conservadora.

Admiro tanto meu amigo. Ele é tão determinado e tão correto, qualquer pai deveria sonhar com um filho como Lucas. Às vezes parece que seu pai quer aceitá-lo como é, mas às vezes parece que volta à estaca zero e começa o julgamento todo outra vez.

Ele vai embora da minha casa, com a promessa que nos veremos outra vez ainda nessas férias. Talvez na festa de Gabe ou quem sabe uma esticada até o teatro para uma peça inspiradora.

Volto minhas atenções para encontrar Peter. Nem durante as aulas, nem com os treinos mais pegados, ou no meio de grandes campeonatos passamos dias inteiros sem nos falar. Exceto quando brigamos. 

O que não é o caso!

Cansada de não ter respostas vou até sua casa, e me surpreendo quando sua mãe me olha espantada quando atende à porta. 

-Ué, Lara Jean. Eu tinha certeza que ele estava com você.  Se despediu sem dizer onde ia, deduzi que estivesse na sua casa.

-Não.  Hoje ainda não falei com ele.

Susan me olha com cautela.

-Vocês brigaram?
Sua voz é tensa e trêmula com medo da minha resposta. 

-Não. Não brigamos.
Não é mentira. Eu e Peter não brigamos. Peter brigou com Margot. E meu coração gela sem saber por onde ele anda e como está se sentindo.

Volto para casa preocupada. Mas certa de que ele está bem, só não quer falar comigo. 
Ligo para Trevor e Gabe a procura dele. Mas ninguém  o viu hoje. 

Peter às vezes tem esses rompantes de sumiço quando nos desentendemos. Assim  como quando voltamos da semana na praia, assim como quando não fui a seu jogo e em outras situações. Ele foge quando há algum problema, ao invés de encarar e tentar encontrar a solução.  

Sei que Margot foi dura com suas palavras e mexeu com ele. Mas poxa, eu não mereço ficar sem notícias, ficar sem seu bom dia ou boa noite.

Vou dormir muito chateada com isso. 

No dia seguinte parece que pego o celular antes sequer de abrir os olhos. Me sinto ansiosa por notícias.  Mas até agora nada. 
Ainda sem respostas, ligo para a mãe dele, que se afasta do telefone para ir chamá-lo. 

-Minha querida, ele disse que daqui a pouco liga para você. 

10 minutos
1 hora
2 horas 
3 horas e Nada!