Me marca, sou todo seu Parte I

Capítulo 15

Logo após o jantar,  cantamos o parabéns.  
Peter e seu bolo do Adão Negro e Esmaga Átomo, em muitas fotos, para ele nunca mais esquecer quem são.  Os meninos fazem uma algazarra cada vez que tentamos finalizar o parabéns. Sempre puxando uma música nova. Kitty era quem estava morrendo de rir agora. 

A hora que Peter foi entregar o primeiro pedaço de bolo, foi quando eles sossegaram. Sabiam que era um momento importante para o amigo.

-O primeiro pedaço de bolo vai pro meu pai.

Peter fala de uma vez só,  com passos firmes se dirigindo até o pai. A intenção dele era se virar rápido e emendar outro pedaço, como se não quisesse mostrar o quanto estava emocionado. Mas o Sr Kavinsky o pega pela mão e o puxa para um abraço.  
Eles ficaram abraçados pelo que parecia uma eternidade, todos na sala se emocionaram.

Quando enfim se soltaram, ambos estavam chorando. Peter seca as lágrimas e seu pai as deixa correr, sem vergonha. Ele pede a palavra e inicia um discurso.

-Eu queria que todos aqui soubessem o quanto esse momento é especial para mim. Por muito tempo eu passei os aniversários do Peter apenas enviando mensagens e presentes, sem estar presente de verdade.

Peter pisca sem parar, tentando dissolver as lágrimas que teimam se formar em seus olhos.

-Eu passava o dia inteiro pensando no meu filho, mas sem coragem de me aproximar e mostrar o quanto eu o amava. Eu já pedi desculpas a ele, mas queria pedir de novo, publicamente. Pedir desculpas por todos os aniversários que perdi, por todos os jogos que deixei de assistir, pelas febres que não ajudei a controlar. Por todos os momentos em que faltei.

Ele agora passa seu braço pelos ombros de Peter como um gesto de carinho e intimidade. É um pouco engraçado porque o Sr Kavinsky é mais baixo que o filho.

-Filho, o tempo que eu perdi, não tenho mais como recuperar. Mas eu prometo que daqui pra frente eu nunca mais saio do seu lado. 
Eu te amo e tenho muito orgulho de você.

Nesse momento até Sra Kavinsky está chorando. Ela sabe o quanto os filhos sofreram pela ausência do pai. Ele se dirige a ela.

-Eu queria agradecer a você Susan, por tudo que fez por nossos filhos. Sei que não foi por mim. Fez por amor. Mas devo me desculpar, e te agradecer pelos meninos maravilhosos que você criou. E queria agradecer ao Dr Covey por abrir as portas de sua casa para esse jantar hoje.

Ele se solta de Peter e vem até mim, segura minhas mãos e me agradece também. 

-Obrigada por todas as vezes em que insistiu com Peter para que ele deixasse eu me aproximar. E me desculpa por ter te chamado de Laura.

Todos caem na gargalhada. 

Foi mesmo uma noite maravilhosa. Regada a muitos sorrisos e um bocado de lágrimas.
Mas valeu todo o sacrifício. Peter está muito feliz, o que contagia a todo mundo ao seu redor. Enquanto ele chorava, chorávamos com ele. Agora que ele sorri, um mar de sorrrisos paira pela casa.

**

-Eu tenho mais um presente para você. - Estou ansiosa. De tudo que fiz por Peter hoje, isso talvez fosse o mais especial.

-Nossa. Vou ficar me achando.

- Você já se acha Peter. Abre logo. 

Ele abre a última surpresa do dia. Está olhando de mim para o presente, desconsertado e confuso. 

-Uma escova de dentes Covey?
A testa franzida entrega que ele não compreende o significado do "presente".

-Sim.