Capítulo 30

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Voltamos de carro com o Gary. Não fazia sentido voltar de outro jeito. Ele estava sozinho, e é um dos caras que mais se aproximou de Peter. E ele é uma ótima companhia. 

-Kavinsky? Tem uma festa na Kappa Sigma hoje. Bora? Você leva sua garota.

Peter me olha levantando uma das sobrancelhas e fazendo um bico contrariado. Mas seu olhar tem um questionamento implícito, do tipo: você quer ir?

- Você que sabe!
Respondo apenas com o movimento dos lábios e dando de ombros. O que ele quiser fazer eu faço. Mas tomara que não queira.

-Vou passar essa Bart.

O sobrenome de Gary é Bartier, acho engraçado Peter ter colocado um apelido baseado em seu sobrenome.  A amizade entre os garotos é tão diferente. Eles não se tratam com nenhuma cerimônia e não ficam de mi-mi-mi. Lembro de Peter com Trevor e Gabe. Eles brigam, se xingam o tempo todo. Às vezes se agridem fisicamente, não como uma briga, mas como provocação.  Mas você sente a cumplicidade deles no ar.  Gary sempre que pode implica com ele, mas acho que é sinônimo de carinho e fruto da amizade que estão criando.

Lembro das minhas amizades. Chris é aquela louca que eu nunca sei o que esperar dela, Gen era uma amiga presente, mas quando olho para trás vejo o quanto me dominava, era quase como um relacionamento abusivo.  Kelly tem reservas para tratar de certos assuntos comigo. Acho que Lucas é o que mais se aproxima de uma amizade sincera, junto com minhas irmãs. 

Gary nos deixa em uma região com vários Food Trucks. As opções são infinitas e eu fico confusa. Peter me manda escolher onde comermos, mas eu não consigo decidir o que quero. Então passo a bola de volta para ele.

-Pode escolher. A única exigência que faço é que tenha batata frita. 

Ele sorri, eu sei o que está pensando: eu vou pedir as batatas e ele vai roubar quantas for capaz.  Está certo, é uma mania dele, desde nosso namoro falso, e eu adoro. Acho tão íntimo, não sei explicar.

O clima da Califórnia  é muito temperamental. Você sai de short e regata em um sol forte e no fim do dia se arrepende de não ter levado um casaco. Eu trouxe um cardigan tão fino, que Peter me deu seu moletom para vestir. Agora bate uma brisa, deixando a temperatura mais baixa.

Comemos um hambúrguer artesanal com fritas, claro, e como Peter tem um apetite que não acaba, levamos donuts para a viagem.  

Resolvemos ir andando de volta para o campus. Estamos cansados, mas a caminhada faz parte de um passeio noturno agradável. Ele pega o telefone e envia uma mensagem, fico curiosa, mas mantenho a linha. É a privacidade dele. 

-Se você fosse um animal, qual você seria e porque?

Acho que uma das coisas que Peter mais gosta em mim é como eu o faço se divertir com meus questionamentos malucos. Agora mesmo está  rindo de mim, mas seus olhos estão cheios de amor.

-Não sei. Deixa eu pensar…

-Eu acho que queria ser uma joaninha. Não, uma abelha. Talvez uma borboleta. 

-Sim. Isso diz muito sobre você. 

Ando sobre a calçada e ele no cantinho da rua, então ficamos quase na mesma altura. Paramos de frente um para o outro. Quero ouvir o que tem a dizer sobre isso.

-Desenvolva, Peter Kavinsky.

-Ai. Onde eu fui me meter.
Então.  Todos esses insetos...borboleta também é inseto?

-É  Peter. Continua.

-Todos esses insetos são pequenininhos, bonitinhos e fofinhos.
Chega a ser cômico um homem desse tamanho falando tudo no diminutivo. Ele diz de modo debochado, fazendo careta.

Me marca, sou todo seu Parte IDonde viven las historias. Descúbrelo ahora