Mariah - "Não fui ignorante, juro que não fui"

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Como descrever a expressão de Chase Keims quando me viu nesta mesa, sentada nesta cadeira dentro deste shopping. Vi confusão, frustração, raiva? Não há como descrever a dele nem a minha expressão, tentei ser neutra, mas meu sorriso simpático pode ser visto como desaforo. Quero muito provocá-lo, mas tenho que me conter, esse emprego, minha vida depende desse idiota.

-Bom dia. - Digo casualmente.

-O que é isso? Voltou para brincar comigo? - Apesar de suas palavras, seu tom é simpático e engraçado, hoje ele está com um blusa social verde claro, mas sem o casaco como seus irmãos, calça e sapato, esta calor lá fora para esse tipo de vestimenta, mas eles devem viver com um ar condicionado do lado, seja em casa, no carro e aqui no trabalho.

-Estou em teste para ser secretária, seu irmão, o senhor Ian que permitiu minha entrada? - Tento ser a mais simpática possível, mas sem exagerar.

-Ah! - Ele ri, sem reação sorrio para acompanhar o momento, ele se aproxima de minha mesa, apoia os cotovelos deixando seu rosto na mesma altura do meu, e então fala bem baixinho. - Vejo que você gostou de se ajoelhar. - Primeiro não entendi, foi quando ele piscou maliciosamente que me toquei, foi um trocadilho, por ter ajoelhado na entrevista, mas ele está querendo dizer.... Me chamando de quê? De puta? Seguro a vontade para não dar na cada dele. - O Ian gosta de mulheres assim, deve ter sido muito bom para conseguir esse cargo, vai precisar se ajoelhar mais, são quatro irmãos... - Me levanto de supetão, fazendo-o se endireitar.

-O que o senhor está insinuando? - Não fui ignorante, juro que não fui.

-Você está em teste, não é? - Ele sorri, mais que droga, Chase irá infernizar minha vida, isso eu tenho certeza.

-Sim, senhor. - Falo suavemente concordando com a cabeça, engolindo todo o orgulho que um dia possui.

-Estou indo para minha sala, me sirva um Vanilla (Café de máquina com baunilha) e traga minha agenda. - Ele me trata feito sua escrava e se retira fazendo barulho com seus sapatos de grifes, que devem custar mais que minha mão (se eu cortasse minha mão fora e vendesse no mercado negro, quando valeria? Refleti sobre isso enquanto pegava o café).

Volto do quinto andar com o café, passo na minha mesa e pego a agenda prateada, sigo pelo corredor vazio, bato na porta de leve duas vezes seguidas. Aguardo um momento, até ouvir sua voz autorizando minha entrada. Abro a porta enquanto peço licença, caminho até sua mesa cheia de papéis, coloco seu café no único espaço livre que encontrei e espero com sua agenda em mãos sua próxima ordem.

-Essas agendas estão em branco, imagino que já percebeu isso. - Diz, assinando todas as folhas do documento grampeado.

-Eu não abri ainda senhor. - Ele para de assinar e me olha por um momento, desconfiado.

-Cada um de nós temos nossa própria agenda, e só as verá se for realmente contratada e passar pela experiência de tempo indeterminado, quando acharmos que és de confiança. - Chase estende o braço me oferecendo uma caneta preta, a pego, ele pega outra em seu pote e volta a analisar o documento, circulando algumas palavras e riscando algumas frases. - Enquanto isso, usará essas que Nathan te deu, nunca olharei essa agenda, ela é mais sua do que minha.

-E o que devo escrever senhor? - Sempre que falo uso um tom doce e baixo.

-Tudo sobre mim. - Chase me encara e admito que fico sem graça, o jeito que falou foi estranho. - Pode anotar meu nome na parte de dentro da capa.

Abro a agenda de capa dura prateada, usando a caneta que ele me emprestou escrevo, "Chase Keims" de novo no canto inferior esquerdo. Volto a olhá-lo e o cara está me olhando, sorrindo, qual o problema dele?

As quatro agendasOnde histórias criam vida. Descubra agora