CHASE

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Acordei, mas não abri os olhos, minha cabeça está explodindo. Fico um pouco sem me mexer, sei que assim que meu corpo despertar sentirei dores em todo lugar, como sempre.

Abro os olhos, não estou no meu quarto como de costume, escuto a respiração dela.

Quando se bebe até perder a memória, espera-se que se eu acordar na manhã seguinte com alguma mulher, que ela esteja nua no mínimo. Não dormindo sentada toda torta com sua cabeça no colo.

Mas que merda houve aqui?

Tive flashs, que parecia um sonho embaçado, onde eu estava deitado sob o seu colo, enquanto ela fazia massagem com movimentos circulares na minha testa.

Eu bêbado sou um trouxa.

Acho que se tivesse comido seria menos constrangedor do que isso.

Fiz o máximo para não acordá-la, sentindo toda as costas estremecer, mas levantei. Mais que dor de cabeça insuportável.

Olho-a, sentada, com a cabeça tombada de lado para apoiar na almofada do sofá. Ela dormiu com as pernas cruzada, vai ficar com os joelhos doendo por um bom tempo. Respiro fundo, até o pulmão parece cansado, não paro de olhar, tentando entender que merda estou fazendo andando com ela.

Somos o quê? Amigos? Não, amizade têm limites que a cada dia estamos ultrapassando mais.

E eu nem lembro do que fiz com ela, o que falamos, onde fomos, lembro até o bar, para onde fomos quando saímos de lá?

Cassete, pulei de susto, ela se mexeu, resmungando algo inaudível, levanto rápido e corro para a cozinha, mulheres são muito sentimentais, se me pegar olhando-a assim vai inventar coisas, por rabo de olho vejo-a acordando devagar, pego uma caixinha de leite na geladeira e encho o copo. Olho em sua direção, ela me olha, volto o olhar para o copo, e vejo que já enchi o suficiente para transbordar leite na bancada.

-Que droga! - Ponho a caixinha na pia, procuro por um pano, o líquido branco desliza pelo mármore preto rápido demais, não tem pano nesse lugar? Procuro nos armários, desisto, que hotel deixaria panos na cozinha. Deixo a bagunça ali e vou no banheiro pegar uma toalha de banho mesmo.

Pego a primeira que vejo dobrada em cima da pia, mas quando volto Mariáh já está secando com uma pano de aparência gasto. Isso não devia mexer comigo, devia? Quem sentiria alguma coisa ao ver uma mulher com o cabelo bagunçado, o lápis de olho borrado parecendo um panda, te ajudando com sua bagunça com os olhos fechados, bocejando.

-Por acaso você está acordada? - Realmente me irritei, porque não sei, mas ao me ouvir pareceu até uma brincadeira.

-Uhrum. - Ela me respondeu com um murmuro? Ela é o que agora, um gato?

Com uma passada ela limpou o leite, e levou o pano para a área de serviço, lógico, não pensei nisso, os panos ficam lá. Voltou com passos sonolento, secando as mãos, que provavelmente lavou no tanque, enxugando no short jeans. Voltou para o sofá como se nunca tivesse tido em pé, deitou, esticando as pernas, me deu as costas e dormiu com o rosto para as almofadas.

Dou dois tapas na minha testa, "O que está esperando, vai fazer alguma coisa", repito a mim, mas continuo aqui, como um leite derramado, esperando ela limpar a bagunça que me tornei.

"Vá trabalhar", me incentivo.

Tomo um banho, esqueço a roupa, enrolo a toalha, pensando "tomara que ainda esteja dormindo e não me veja assim no caminho do quarto", quando na verdade outros pensamentos, admito errados, vinham a mente, "e se visse?".

Vesti o que considero minha segunda pele, parece que nasci de camisa social, demoro mais na frente do espelho, preciso cortar o cabelo, cansei dele jogado na minha testa, pareço mais novo, a barba está crescendo mais devagar agora que quero deixá-la grande.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now