Mariah - "casa comigo?"

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Olho em volta, pela grande vidraça procuro por ele nas ruas, escondido me observando de longe. Não vejo ninguém conhecido.
Visto o casaco, dobro no meu pulso e sinto - me tão acolhida, tocada pelo momento levo a mão ao rosto e cheiro o casaco, apesar de não ser aquele perfume de sempre, sorrio ao sentir um cheiro tão suave, não é aquele aroma forte de homem, esse é... E fico ali tentando decifrar, pelo menos encontrar adjetivos que o descreva.

Vou para casa, desta vez não corro para me esconder, dobro o casaco com carinho e coloco sob a mesa, e vou dormir sentindo algo diferente.

Esqueci de colocar despertador para sair antes de Chase, e sou quase uma espiã saindo do quarto verificando se estou sozinha em casa, pareço um policial revistando a casa.

O casaco ainda está sob a mesa, será que está me dando? Ou só esqueceu? Ou quer jogar na minha cara que é uma pessoa legal e eu estou sendo chata? Nada vê, ele nem deve estar percebendo o meu distanciamento, deve achar que estou trabalhando muito, o que não é mentira. Enfim.

Trabalho virou meu segundo nome, Vinz é muito simples para uma pessoa que vive e respira papéis e reuniões. Caminhando pela calçada, indo para o único lugar que tenho para ir, penso que talvez por um momento eu entenda como eles se sentem ao perder o shopping, todo dia eu dou meu suor e sangue para manter tudo certo e se me mandasse embora sem razão alguma? Ah eu ficaria arrasada, depois de tudo, que me perdoem por falar mal de gente morta, mas que mãe mais sem noção, como pôde fazer isso com os próprios filhos.
Te odeio senhora Keims.

Chego à minha mesa com pensamentos negativos que se dissipam com um copo de café moccha, o cheiro me mata, que delicia!! Não importa quem deixou isso aqui, finjo falar com ele mentalmente,

"-senhor do café, você é um lindo, merece até um beijo" e dou um beijo no ar.

Olho em volta, ufa, ninguém presenciou minha loucura.

Hoje acordei disposta a trabalhar, e a vontade passou nos primeiros cinco minutos trabalhados. É muita coisa para fazer, coisas que sei que preciso, e não posso passar para ninguém. Quem tá precisando de uma secretária sou eu, pelo menos um estagiário.

Esse foi o mês mais lento da minha vida, mas graças a Deus recebi semana passada, paguei minha irmã.

O meu salário veio descontado, algo que, segundo o que Nathan ouviu de Chase é referente ao meu aluguel, nem olhei quanto ele pegou, mas sei que mesmo com todos os descontos recebi muito.

Fiz muito, muito mesmo com as horas extras. E estou procurando um apê para poder viver em paz.

Mas esse mês que estou adentrando, estou sentindo que voará.

Hoje fiquei estudando para a faculdade até mais tarde, mesmo sendo sábado, todos do departamento administrativo já devem ter ido curtir o fim de semana... Não que isso mude algo pra mim.

Quando decido deixar o shopping já são umas onze horas, e é eu chegar as portas de vidro da entrada que o mundo desaba em chuva, maravilha. Procuro algum guarda-chuva esquecido por ali, mas esse shopping nem tem um lugarzinho para deixar esse tipo de objeto... Lembrar de dar essa dica pros meninos.

Do jeito que estou vestida, até meu celular vai molhar. Que droga.

Fico um pouco ali, só eu, as luzes da rua vazia e a tempestade, o clima me deixa melancólica e por um momento me sinto sozinha, filosoficamente falando, porque literalmente eu já estava há horas.

Eu, em pleno sábado, sem qualquer plano, sem qualquer amigo para fazer algo, vivendo nada além da rotina casa-trabalho.

Se minha vida fosse algum dorama ou um fan-fic desses sites do tipo "watpad" alguém apareceria agora com uma sombrinha e me levaria para casa.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now