IAN.

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Li e reli o testamento diversas vezes, e mesmo sendo formado em Direito, não consegui encontrar uma brecha, nada que me impedisse de perder tudo que construí na vida, pode parecer besteira, mas todo o shopping, todas as lojas, os investimentos externos, foram cultivados por nós, ela não deveria ter feito isso, ainda mais nos subornado a fazer o que queria.

-Tá pensando em quê? - Jhey não me deixa pensar.

-Trabalho. - Respondo, dando um gole no café que estamos tomando no Starbucks perto de casa.

-Você pensa demais, devia relaxar um pouco, sair, ficar com algumas garotas. - Belo incentivo.

-Ou eu relaxo ou fico com garotas, escolhe. - Faço-a rir. - Não há paz com garotas.

-Ah, eu não te dou paz? - Briga ela, e seguro o "lógico que não", para responder:

-Você não conta, porque não é minha garota. - Respondo, e apesar do que disse, o clima continuou leve, a conheço a mais de sete anos, somos melhores amigos.

-Coitado do Bruno. - Bruno, é a pessoa que nos uniu, meu amigo de escola, ele nos apresentou, e há mais ou menos sete meses a chamou para o cinema, e hoje estão noivos.

-Tenho dó dele também. - Concordo.

-Ele anda tão chato, converse com ele, please! - Ai vem, as reclamações de novo, se não dá certo, separa OMG.

-Não posso me meter, Jhey - Hoje mais cedo, Bruno esteve comigo em meu escritório, e enquanto se lambuzava com o Cupcake que lhe dei, lembrei que esse fim de semana será o aniversário de Jheyde, e ele me disse que viajaria por causa de uma palestra sobre a neurociência e o pensamento de atleta, muito interessante para sua carreira de técnico de time de futebol americano, mas será que ele iria se lembrasse que é aniversário de sua noiva?

-Mas devia, sou sua melhor amiga, senão sua única. - Porque todos amigos que temos se acham os únicos em nossas vidas? - Eu só quero ver o que ele está preparando para meu aniversário...

Auch! Devo falar? Ela ficaria muito decepcionada se soubesse que ele se esqueceu, que irá deixá-la sozinha, ou melhor, comigo, porque a primeira pessoa que ela vai ligar chorando será para mim.

-O que você quer esse ano? - Pergunto, ainda decidindo se irei falar ou não.

-Qualquer coisa... - Diz com indiferença. - Estou muito irrita agora para pensar em coisas como presente, Bruno ferra com minha cabeça. - E ela ferra comigo, quando uma pessoa te chama para tomar café, é porque ela quer sua companhia, não sou um paraquedas quando sua queda de amor dá errado.

-Pelo visto, você já está bem ocupada, tenho que voltar para o trabalho. - Arrasto a cadeira para deixar a mesa.

-Vai me abandonar assim? - Não tem como abandonar uma pessoa que não está presente.

-Preciso ir, se precisar, me ligue mais tarde. - Se realmente precisar do Ian Keims, não do paraquedas que acha que sou.

-Ligarei.

-Só se precisar. - Enfatizo.

-Sempre preciso. - É, talvez eu que torne as coisas erradas, eu devia falar, só se quiser, para ser algo desejado e não procurado quando apenas há necessidades.

E assim, decido não falar, mesmo sabendo que irá se magoar depois. Tudo bem, assumo as consequências mais tarde.

Resolvo algumas coisas antes de voltar para a empresa, fico em minha sala cuidando dos documentos burocráticos do shopping, e decido parar um pouco para ler. Leio livros como "Desperte seu gigante interior" e "Pai rico, pai pobre", além do estilo motivacional e ideais para empreendedores, é aquele tipo de livro que muda seu jeito de pensar, muda sua vida.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now