Mariah - Kiss

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A última coisa que lembro com nitidez foram minhas mãos no vidro gelado da janela e o corpo de Rick ensanguentado na piscina. Agora que tento lembrar, não tenho certeza se ouvi o barulho de um tiro ou não. Eu sei que, corri pelas escadas, querendo ir embora dessa casa, longe de Adam, longe de todos.

Desço as escadas, sem me preocupar mais com a classe nem com as pessoas em volta, afinal, ninguém está prestando atenção em mais nada, estou nos últimos degraus quando vejo tudo de relance, Nathan vindo de um corredor com os olhos em mim, alguém bem atrás de mim, Chase, só pode, Ailee limpando o vestido manchado de vermelho por causa de alguma bebida, um homem moreno correndo para a cozinha, duas mulheres falando ao telefone desesperadas... Resumindo, eu vi tudo, menos o garçom bem na minha frente. Quando eu pulo o último degrau, dou a maior trombada da minha vida com um cara que passava com um bandeja cheia de taças vazias.

Ele foi ao chão primeiro, as taças logo em seguida, um tilintar de vidro estilhaçando parecia quase uma música, e eu fui a última a atingir o chão, bem em cima dos cacos de vidro de mais de vinte pequenas taças.

Não lembro quem foi o primeiro a tentar me levantar segurando meus braços. Sinto minhas pernas, bunda, braço, tudo queimar, estou fora de mim e grito para todos que estão me segurando.

-Sai, não encostem em mim. - Desta vez, grito mesmo, debatendo-me toda livrando-me de todos que estão encostando em mim, lembro de ver o rosto de Chase, Nathan e Ailee, ou não, talvez tenha confundido, sei que com esse ataque me soltaram e cai em cima dos cacos de novo, mas não era possível doer mais do que já doía.

Alguém disse meu nome, mas eu apaguei.

Acordei no hospital, não muito melhor, ao invés de queimar, estou toda dormente, com um gosto de dipirona na boca, exalando a remédios de enjoo. Abro os olhos preguiçosamente, respiro fundo e isso me dói o peito, aos poucos me acostumo com a dor e após longos minutos percebo alguém de pé ao lado da cama.

-Sabia que um beijo ia funcionar, afinal, princesas só acordam assim. - Jessie ri baixinho, não como se achasse graça, mas apenas feliz.

-To com mó fome. - Sussurro, a voz quase não sai.

-Eu também estaria se estivesse um dia todo sendo alimentada por tubinhos.

-Eu dormi um dia todo? - Pergunto, tentando me lembrar da última coisa que fiz.

-Vai fazer 24 horas daqui vinte minutos. - Confirma ele.

-Eu vou fechar os olhos então, gosto de ser exata. - Ele ri de novo, e abro um sorriso fraco e sonolento, meu rosto parece adormecido. Então as memórias vem a tona. - E o cara da festa? Ele está bem?

-Não sei, a família quis levar ele para a cidade deles lá. - Jessie fez um movimento, parece que cruzou os braços, não consigo ver, nem virar o rosto.

-Alguém mais se machucou? - Lembro de Adam e Ethan no quarto se enfrentando.

-Só uma secretária da empresa Keims que caiu em cima de 16 taças.

-Puxa, e ela está bem? - De rabo de olho vejo-o balançar a cabeça em negação.

-Parece estar, está até fazendo piadinhas.

-Ela deve ser uma pessoa bem-humorada. - Bocejo.

-Descanse um pouco, vou buscar algo para você comer.

-Se não for abusar... - Ele para na porta, consigo vê-lo melhor.

-Hmm - Dou risada.

-Eu queria suspiro.

-Suspiro?

-É, me deu vontade de suspiro. - Ele sai e eu fecho os olhos.

E os maravilhosos suspiros da minha mente dão lugar ao Chase me perguntando "Você não teve a intenção de me fazer gostar de você, é isso?", e essa pergunta se repete como se uma hora eu fosse conseguir responder. Eu gosto dele, isso é óbvio, ele gosta de mim, isso também é óbvio. Como eu e Tayan éramos óbvios.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now