Mariah - "Pilhas"

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Minha irmã é enfermeira e o plantão dela é noturno, ou seja, não conseguirei falar com ela antes das sete da manhã. Repenso minhas opções, e fico sem nenhuma.
Apesar da situação ser extrema,  não tenho coragem de ligar para minha "amiga" e implorar por mais um dia.
Penso nos meninos do meu trabalho,  que são quatro opções quase que nulas. Não posso ligar para o Jessie, senão vai parecer que estou quitando o favor que fiz a ele, pedir para o Ian não seria tão ruim, mas não consigo nem me imaginar pedindo algo a ele, afinal foi ele quem me deu a chance desse emprego, Nathan de jeito nenhum e tem o Chase.

Para onde ir agora? Não posso passar a noite na rua. Pego o celular na mão, procuro o número dele, preciso inventar alguma desculpa, não acredito que apertei a tecla verde, acompanho o tu tu enquanto chama,  meu coração faz meu peito subir e descer e então ele atende.

-Alô! - Escuto a voz dele despreocupada, mal o reconheço.

-Oi. É. Aqui é a Máriah Vinz e...

-Não me diga que mudou de ideia sobre a carona. - Ele continuou com um tom extrovertido.

-Bem, eu estava pensando se você não podia me dar o meu vale transporte.

-Foi para isso que você me ligou quase meia noite? Eu lhe dou amanhã.

-Bem, eu precisava agora, estou meio... enrolada. - Ainda bem que parou de chover pelo menos, apesar que o vento no meu corpo molhado está me dando frio.

-E como faço isso? Você virá até mim? - Eu não pensei nessa parte, droga.

-Tu-do bem, onde você está? - Ouço-o rir antes de responder.

-Esquece, qual o nome da rua que você está?

-Na rua "Antiga República", 79.

-Espere aí. - E assim ele desligou.

Estou com tanta vergonha, nem sei se quero vê-lo, todavia pensando positivamente até que deu tudo certo, não foi tão ruim assim, ele virá me trazer o dinheiro, passarei a noite num hotel ralé e amanhã será outro dia. Cinco minutos depois um carro preto para na minha frente, a janela desce eletronicamente e vejo o banco passageiro vazio.

-Entra! - Escuto-o dizer.

Chego perto do carro e me inclino até conseguir apoiar os braços na janela, para poder vê-lo enquanto falo.

-Obrigada, não precisava vir até aqui. - Digo sem jeito, ele ainda está com a roupa do trabalho, mas com alguns botões abertos e com uma postura mais tranquila.

-Entre logo menina. - Insiste ele

-Não precisa, nós podemos resolver aqui rapidinho.

-Você não devia ficar conversando com homens à essa hora da noite debruçada dessa forma na janela, senhorita Vinz. - Foi automático, ele falou e eu levantei, esse cara pensa em cada coisa.
Mais que droga, se eu entrar ele irá querer me levar em casa, até aí tudo bem, só falta a casa.

-Você tem dois segundos para entrar, senão irei embora. - Disse Chase.

E agora? Entrar no carro ou não? Peguei minha pequena mala e entrei.

-Eu vou molhar seu banco. - Foi a primeira coisa que avisei, abrindo a porta

-Tudo bem, fazer o quê. - Foi uma reclamação natural, sentei no banco de couro, mal bati a porta e ele acelerou o carro. - Para onde eu levo a madame? - Perguntou.

A maneira que ele falou me fez sentir muito folgada e arrependida de ter ligado.

-Desculpa, eu não queria incomodar.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now