JESSIE

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Da janela do meu escritório vejo Mariáh atravessando a rua, essa menina é uma figura, não é o tipo de menina que eu pegaria, nem de longe, ela seria o tipo ideal para casar. Eu confio nela, apesar de não ter conseguido me aproximar dela como quis. 

Espero em silêncio até ouvir seus saltos barulhentos pelo corredor e lá vem ela, e o barulho some, e lá foi ela.

Seria loucura pedir a ela esse favor? Eu devia procurar alguém que eu gostasse de verdade e quisesse casar para ficar a vida toda, mas depois de Lisa, nada mais deu certo. Ela era perfeita, mas não do tipo sem defeitos, perfeita para mim, fazia o meu tipo. Pena que ela fazia o tipo de outros também e preferiu alguém mais sério.

Complicada a vida, além de combinar, a pessoa tem que gostar de você. Gostaria de saber o que é ser amado por uma pessoa que eu ame também, isso nunca acontece.

Procuro na Internet a melhor maneira de pedir alguém em casamento, ao que seja pelo menos romântico, tentar me aproximar mais de Mariáh. 

Nunca precisei impressionar nem chamar atenção de nenhuma garota.

Desisto.

Mas mesmo desistindo, sou movido pela raiva, pois vejo Nathan brincando com Mariáh, se é que posso chamar algo que Nathan faz de "brincadeira", mas ouvir suas risadas me enoja.

Lembro de quando descobri sobre ele e Lisa e sinto a mesma sensação tomando meu corpo, como se eu estivesse perdendo de novo e nesse tormento de flashback observo os dois se distanciando, a caminho de uma reunião, enquanto eu fico aqui.

Lisa se esfregou com Nathan nas escadas de emergência do shopping, deduzi que pela primeira vez, pois me dói mais ainda supor que existiram mais momentos como aqueles antes, sabe, eu não soube por ninguém, não vieram me contar... Eu vi e ouvi. Eu mal tinha 18 anos e nunca tinha gostado de ninguém antes.

Tento parar de pensar nisso, mas a memórias só pioram.

Eu voltava da faculdade, estava no segundo ano, quando ela me chamou para conversar no terraço e eu, tolo, me enchi de esperanças, achei que por um momento ela diria que percebeu que sentia algo por mim também. Mas não, ela me disse outra coisa....  lembro das palavras exatas:

"Jes, quero agradecer por todos os momentos e sentimentos, mas a conexão que temos é diferente, sabe? Eu vou me casar e eu quis te contar antes que soubesse por outra pessoa, e peço que tudo que aconteceu fique entre nós, não vamos destruir todas nossas memórias."

Eu a conheci, eu a trouxe para o shopping, consegui o emprego como secretária, eu a apresentei aos meus irmãos e acima de tudo, fomos muito amigos. Para no fim, ela destruir minhas memórias de forma egoísta.

Foco! Esquece a Lisa, Jessie, digo a mim mesmo.

Eu vou me casar com a Mariáh e garantir minha parte dos negócios, depois a deixo ir, sem sentimentos, simples assim. E com esse pensamento decido chamá-la para ir ao show comigo, de um ruivo bem tranquilo, Ed Sheeran.

Esse era o plano, mas um show depois.

Estou jogado na cama tentando dormir, mas não consigo parar de recriar a imagem de Máriah indo embora do show do Ed Sheeran aos risos e olhares com Chase, eu não vi, na verdade Ian exagerou ao meu contar, disse que ela estava muito doida e Chase a carregou, não entendi nada, ela não bebeu. 

De qualquer forma, fiquei muito irritado de ficar procurando-a, carregando dois drinks na porcaria da casa de shows, além de ter ficado envergonhadíssimo quando fui parado por Ian que riu da minha cara, como se eu fosse uma verdadeira piada, uma criança brincando de amar.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now