Mariah - "Por que importa?"

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-Oooooouuuuuu... - Arrisco dizer. - Eu posso me casar com você, pegamos sua filha e ninguém, nem mesmo ela, nunca saberá de nada.

-É o melhor que você tem?  - Dou de ombros, mas está escuro, provavelmente ele nem viu. - É a sua melhor ideia?

-Então no fundo você espera que eu te dê uma ideia, uma ideia boa o suficiente que te faça desistir do seu plano, porque no fundo, você sabe que é um péssimo plano.

-Devo estar com o psicológico muito abalado mesmo pra estar te dando ouvidos. - Ele se distancia um pouco, pensativo, ele não estava esperando que eu fizesse o que eu fiz. - Vamos considerar que... - Acerto um chute no meio de suas pernas e tento correr, ele me agarra cegamente, mas só consegue me arranhar, escapo e corro com todas minhas forças. Saio do corredor e quase fico cega com a iluminação da cozinha, escorrego no pisa branco, mas consigo pela primeira vez na vida não cair, só quero atravessar aquela porta e descobri uma saída.

Atravesso a porta, encontro escadas, uma caracol horrível de subir nervosa, desesperada e querendo vomitar. E não é que encontro um corredor claro e tranquilo, abro a primeira porta à direita e merda, dou de cara com a igreja, as pessoas estão saindo pela entrada principal por causa da fumaça que invadiu o lugar, fecho a porta com tudo, nenhum convidado pode me ver, não assim.

Continuo pelo corredor, tento alguma porta a esquerda, a primeira está trancada, a segunda entro, é a lavanderia da igreja. Graças a Deus. Visto uma saia branca que vai quase até o tornozelo e uma blusa rosa clara de botões, puxo o cabelo com força, tentando arrumar essa bagunça e faço um coque bem apertado usando o próprio cabelo.

Saio da lavanderia, pensando no meu próximo passo, devo procurar Jessie? Devo apenas sair correndo e nunca mais voltar? Estou no corredor de novo, decidindo ainda pra qual lado ir, quando o vejo no final dele.

Nathan parece feliz em me ver. Corro para o lado oposto e saio pela porta dos fundos, continuo correndo descalça pela beco, sentindo as pedrinhas sob meus pés, estou quase na esquina, consigo até ver os carros passando pela principal daqui, quando um carro preto para bem na saída do beco.

A porta do passageiro abre e fica a centímetros de mim, assim consigo ver o motorista.

Não é possível.

Ele não fala nada, fica me encarando e só me mexo mesmo quando escuto a porta por qual acabei de fugir abrir, não olho pra confirmar a presença de Nathan, entro no carro. Nem fechei a porta ainda e ele já acelerou com o carro pela avenida.

-Que cara é essa, parece que viu um fantasma. - Respiro fundo, mas não aguento, dou tanto tapa naquele menino, que se ele não morreu, vai morrer agora.

- Ai,ai, para, ta loca? - Ele reclama, acerto seu braço, sua cabeça, ombro, fechei os olhos no meio da agressão e começo a bater com mais força. - To dirigindo, calma ai, ai, pera. - Ele para num semáforo e vira pra segurar meus pulsos. - Olha. - Diz olhando minha roupa roubada da igreja. -  Você seria uma crente gatinha. - E Chase abre o sorriso mais lindo de todo o universo.

-... - Tento falar várias vezes, mas não consigo, não dá. Eu achei que ele tivesse morto.

E fico aqui, de frente pra ele, de boca entreaberta, respirando tão desesperada que meu peito não para de subir e descer com violência.

-Como...? - E nem terminar a pergunta meu cérebro foi capaz.

-Pelo elevador que não foi, né, venho te avisando que você está acima do peso, foi preciso você quebrar o elevador pra acreditar em mim? - Como ele pode fazer piadas num dia como esse?

-Sério que você está fazendo graça? - Pergunto com o tom mais frio que o inverno já viu (meu cérebro também tem um humor desses escrotos de vez em quando), estou ficando puta com ele.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now