NATHAN KEIMS

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Segundo GPS, chegamos a suposta balada Piramidus, que pelo nome já deduzia que o tema seria Egito. Ailee tem o passe VIP, passando toda a fila que esperava do lado de fora, entramos e antes mesmo de ouvir a musica ela já caminhava dançando, familiarizada com o corredor das paredes de tijolos branco e luzes de neo pelo teto.

O lugar é maior do que aparentava do lado de fora, a música que treme o chão sob meus pés é predominantemente eletrônica e o DJ fica no topo de uma pirâmide fictícia, claro.

-Me pague uma bebida. – Disse Ailee, mendigando cortesia da minha parte, falando mais alto que o normal para ser escutada apesar da música.

Penso na resposta certa para acabar com sua ilusão que somos "amigos" apesar de tudo, mas sou elegante demais para gritar mais alto que a musica, como ela fez. Vou em direção ao bar e peço duas bebidas, o homem pergunta qual vou querer e eu respondo com outra pergunta:

-O que você recomenda para fazer aquela menina ali cansar logo e pedir para ir pra casa? – Digo apontando para minha "amada" não tão amada.

-Tenho exatamente o que vocês precisam. – Garantiu o garçom, se virando para preparar o veneno.

Ailee veio até mim na mesma hora que nossas bebidas ficaram prontas, dois copos de vidro cheios com um líquido preto, o garçom olhou para o copo direito e piscou para mim, entendi o recado!

-O que é isso? Pediu petróleo? – Perguntou rindo, como se já estivesse bêbada, preciso lembrar que ela não bebeu ainda? O suco servido no jantar não conta, Ailee (explico mentalmente, mas novamente, não irei gritar em cima da música).

-É a bebida do dia. – Minto e o garçom ri, só não pisquei de volta pra ele para não ser mal interpretado.

-Tá querendo me matar é? – Apesar da desconfiança bebeu tão rápido, que precisei interrompê-la, afinal, pessoas más também respiram.

-Peraí... – Seguro seu copo. – Vamos tirar uma foto, enquanto ainda consegue manter seus olhos abertos. – Pego o celular no bolso da calça, abro o aplicativo da câmera e estendo o braço á nossa frente. -Finja felicidade e amor.

-Difícil, maaaas.... Fiz alguns anos de teatro, deve servir. – Tive que me aproximar, para diminuir o espaço entre nós, fiz minha melhor cara, ela abriu um sorriso radiante e animado.

Flash!

-Outra, tem muito dente nessa foto. – Ela mostrou a língua para o celular, e respondi revirando os olhos, chamo isso de comunicação durante selfie, irei patentear.

Ailee inclinou a cabeça para meu lado e fez biquinho fechando os olhos.

Flash.

-Ah, não, você está muito sério.– Reclama a bebezona, se virando totalmente para mim, ela não vai me tocar novamente, né? – Desenruga essa testa, meu bem. – Diz passando o dedo na minha testa.

-Não quero mais foto nenhuma, chega.

-Tira foto só minha então, quero seu celular cheias de fotos da mulher da sua vida. – Ailee parou na minha frente, segurando meu copo, pois o dela já estava vazio, e fui obrigado a fotografar suas inúmeras poses.

Ela estava bem longe da mulher da minha vida, só pra começar, uma está viva e a outra morta.

Nem me dou o trabalho de levantar o celular para fingir que estou tirando foto ainda, já cansei da companhia dela.

-Vai dançar, vai. – Ela concorda, como se eu tivesse sugerido que se divertisse, acho que ela está se enganando, não estou sendo legal, pelo contrário.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now