Mariah - "Você me cansa"

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-Não chore. - Nathan toca minha bochecha num movimento reverso a suas palavras, parecendo falso no contraste, enxugando minha tristeza com as pontas dos dedos.

Eu sou culpada? Sim, fui intrometida, mas não mereço morrer. E quanto mais ele me ameaçava, mais parecia que ia me beijar? Ou é tudo coisa da minha cabeça mesmo.

Vou explicar direito, deixarei você dar sua opinião sobre minhas escolhas.

Julga-me, como ele faz, como Nathan faz. E puna-me se for preciso.

Então, voltando um dia antes de eu assinar minha sentença de morte.

Fui com Nathan a um restaurante, e eu achando que me levaria para algum lugar suspeito, só porque interpretei uma de suas mensagens errado, fui como intérprete na reunião com um empresário asiático, ele está me usando, fazendo-me realizar tarefas que não fazem parte do meu cargo? Sim, mas que chefe não faz isso. Pelo menos não sou a vítima que será morta num "acidente" agendado.

Voltamos, ele me fez algumas perguntas sobre a reunião, quase avisei, "Neiiithan, eu traduzi, não li a mente do cara", mas não, me esforcei ao máximo para ajudar. Chegamos, e tive que continuar servindo ao mestre Nathan.

-Ligue para minha mãe, e peça para comprar algum vestido no shopping do norte para o show de amanhã, se ela perguntar pode falar que o show é daquele cantor ruivinho, nossa, esqueci completamente o nome do cantor, enfim, ela não vai perguntar.

-Tudo bem, é só isso?

-Por enquanto sim. - Aceno confirmando com a cabeça, e discretamente tento sair da sala. - Onde você vai? - Aponto com o dedão para a porta.

-Para minha mesa?

-Pode ligar daqui. - Uma careta de morte quis tomar meu rosto, mas ele não desviou o olhar para o monitor, tive que me conter.

-Ah, tudo bem então.

E tive que ligar na frente dele, conversei com sua mãe, que foi super rude e grosseira comigo, talvez a simpatia seja de família, e Jessie seja adotado, Nathan estava certo, ela não perguntou nada sobre o show, só confirmou que compraria o vestido hoje.

Nathan deixou o escritório só ás três da tarde, e enfim fui liberada, mas que grude foi hoje, me senti seu cachorrinho a disposição para pegar os jornais jogados na porta.

Sentei a bunda na cadeira, e Ian veio pedir minha ajuda na divulgação do show de amanhã, o cantor ruivinho que Nathan não lembrava o nome é o Ed Sheeran, fala sério, quem esquece um cantor desse. Estou pensando seriamente em ir, afinal, Ian disse que eu poderia.

Liguei para vários lugares, donos de sites, pontos de vendas de ingressos, até para dois canais de televisão para negociar valores para exibição de comercial. De secretária virei assessora de marketing? Sei lá, sei que estou exercendo outro cargo.

Precisei de sua senha de acesso a alguns sites restritos, procurei na agenda para não incomodá-lo, havia uma lista de senhas, e abaixo alguns exemplos possíveis, como datas e palavras. Curiosa, fui conferir na agenda de Nathan, só para ver se há senhas suas também.

E a resposta é sim, há até uma com um coração em volta.

Quase oito da noite, só irei responder alguns e-mails e ir embora, chega de viver e respirar trabalho.

-O shopping pede as mais sinceras desculpas. - Mal o reconheci, nem parece o mesmo usando um tom tão formal e sério. Chase fala como um robozinho colocando uma sacola de sua própria grife em cima da minha mesa.

-Não entendi. - Levanto da cadeira, para ficarmos na mesma altura, quase né, ele é mais alto.

-Estamos reparando os danos do suposto prego do banheiro.

As quatro agendasWhere stories live. Discover now