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BLASE LEBLANC

Quando saí do resort hoje de manhã, não imaginei que meu dia terminaria sentado de frente para uma desconhecida, que aliás, vomitou nos meus Testoni, pedindo para assumir o bebê que ela carrega no ventre. Talvez seja meu desespero falando mais alto, o casamento com Willow já está com data marcada, os dias vão se aproximando e o relógio da minha liberdade vai fazendo tic tac. Amo meus pais, mas ao mesmo tempo odeio tanto eles por terem arranjado um casamento para mim quando ainda era uma criança pequena. Então talvez Chipre seja minha salvação e eu possa ser a dela.

Mesmo antes dela afirmar que vivia um relacionamento abusivo, eu já sabia, tem marcas de dedos em seu braço esquerdo e sua bochecha ainda está vermelha, o que provavelmente é fruto de um tapa. Ela é sozinha no mundo, nenhuma mulher cruzaria o país em um carro, grávida, se tivesse alguém de confiança para pedir ajuda. Além do mais, ela não vai ter dinheiro para criar bem o seu filho, ser mãe solo é difícil, fora que ninguém vai querer dar emprego para uma mulher grávida. Chipre não tem noção de como será difícil dar uma boa vida para o bebê, mas eu posso dar uma boa vida para ela e para o bebê.

A ideia surgiu do nada em minha mente, mas tenho que confessar que a ideia é extraordinária. Além do mais, estarei livrando minha barra e ajudando uma pessoa necessitada, vou para o céu de primeira classe. Sei que não posso recusar o casamento, ainda mais porque tem bastante dinheiro envolvido, mas sei que se manchar a honra da família Ludwig, o casamento será cancelado. Então nada melhor que aparecer com uma mulher grávida de mim e bem, só para incrementar as coisas, posso sem querer querendo contar para a Dona Adele, a maior fofoqueira de Palm Beach.

- Você é um piadista, Blase - Chipre fala dando tapinhas na mesa - juro, adorei sua piada.

- Estou falando sério - garanto com a voz mais firme que posso, está na hora de ser uma pessoa 100% séria - Chipre, eu sou muito rico, posso dar uma vida muito boa para você e para seu filho.

O rosto dela fica sério, observo cada detalhe dele. Chipre é linda, sua face parece ter sido esculpida por Michelângelo, seus cabelos negros são longos e brilhantes, e mesmo tendo semblante de cansada, há luz nela. Não será difícil mentir que tive um relacionamento com ela e que desse relacionamento fizemos um filho, as pessoas irão acreditar, minha família irá acreditar e acima de tudo, os Ludwig irão acreditar.

- Por que? - sua voz sai rouca, como se ainda não estivesse acreditado nas minhas palavras.

- Eu não quero me casar com a Willow, eu detesto ela, você não tem noção - conto, odeio Willow desde que descobri que tínhamos um casamento arranjado e sua versão adolescente metida e antipática não ajudou muito - e você precisa de dinheiro para criar seu filho.

É simples, não vou realmente ser o pai do bebê, lógico que vou assumir no papel e financeiramente darei todo o apoio para Chipre. Só que não vou criar ele, Chipre ficará aqui durante toda a gestação e depois poderá ir para qualquer lugar do mundo com seu filho, que eu irei bancar tudo. No final todo mundo sairá feliz, bem, só basta a morena aceitar a proposta de um estanho, mas na maioria das vezes o desespero fala bem alto. Porque se eu estou sugerindo isso em um ato de desespero, ela com certeza irá considerar a minha proposta, pois uma mãe em ato de desespero pode fazer qualquer coisa.

- Olha Chipre, você quer dar uma boa vida para seu bebê e eu posso dar isso - digo com a voz séria - em troca você só precisa me ajudar a impedir esse casamento.

Ela morde levemente seu lábio, considerando se vai ou não aceitar minha proposta. Tiro meu celular do bolso da minha calça e entro no aplicativo do meu banco, mostrando o extrato da minha conta bancária, que é bem generosa. Seus olhos brilham ao ver os zeros na tela, sendo herdeiro único dos meus pais, irei ter toda a fortuna apenas para mim e claro que um dia isso ficará para o filho de Chipre, como um agradecimento pelo o que a mãe dele estará fazendo por mim.

Uma troca de favores Where stories live. Discover now