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BLASE LEBLANC

Tiro os pratos de porcelana da última prateleira do armário. Os pratos são uma herança da família da minha mãe, eles são pintados em cor branca, com vários detalhes delicados em dourado. Hoje é véspera de natal e como tradição, iremos fazer uma ceia meia noite e amanhã de manhã abriremos os presentes. Será o primeiro natal do meu filho e mesmo que ele não entenda absolutamente nada, quero que seja um natal incrível. Montamos praticamente ontem a árvore de natal, bem, na verdade foi uma equipe que minha mãe contratou que decorou a casa para a data comemorativa. É o último ano que outras pessoas decorarão a casa, pois irei fazer isso com meus filhos.

- Embiez é mil vezes mais calmo que você - Emma diz pegando os pratos da minha mão e os pondo em cima da bancada - o menino não chora.

- Não chora?! - exclamo revirando os olhos - ele berra a noite inteira.

- Você berrava o dia inteiro - ela informa e faço uma expressão de desconfiança, não era tanto assim - era um terror, Bale.

Desço do banquinho que usei para consegui alcançar a última prateleira. Emma está há dias se preparando para a ceia de natal, como de tradição, a família Atkinson irá comemorar a data com nós, principalmente agora, porque Isaac precisa de todo amor e alegria ao seu redor. Emma leva os pratos e talheres para a cozinha, onde irá lavá-los bem e deixá-los polidos o suficiente para enxergarmos nosso próprio reflexo.

Decido subir para ver como está Chipre e nosso filho. Nosso filho. Ainda parece irreal que ele esteja com nós, em carne e osso, desejamos tanto que Biez viesse ao mundo e agora que está aqui, não posso passar um dia longe dele. Quando passo pela sala, vejo Jon Snow querendo derrubar a gigantesca árvore de natal, ele é um cachorro impossível de manter quieto desde que Embiez nasceu. Tenho uma leve impressão que os dois irão tacar o terror no resort. Com passos apressados, subo a escadaria central da casa e longo chego até meu quarto, onde me deparo com Chipre pintando em seu caderno, com Embiez em seu colo.

- Eu pego ele - digo indo em direção a cama, com uma vontade de beijar meu filho.

- Não, deixa ele aqui comigo - Chipre encara meus olhos e sorri - amanhã é natal, o primeiro de nós três juntos.

- O primeiro de infinitos - murmuro passando meu nariz na cabecinha de Embiez, que projeta um sorriso no rosto.

Meus olhos correm pela página que recebe os rabiscos de Chipre, é a praia de Palm Beach e no meio dela, a morena está desenhando um menino com pequenos fios ondulados nos cabelos castanhos escuros, quase pretos, e com a pele no mesmo tom que a dela. Ao lado do menino, que com certeza é nosso filho, há um cachorro escavando na areia, Jon Snow, fácil.

- Se ele não for parecido com você, quero ter uma imagem de como seria - ela explica e assinto, com os olhos um pouco molhados - ele mal nasceu e já é minha inspiração para todos os meus desenhos.

- É porque ele é nossa vida - respondo, uma emoção cresce em mim a cada rabisco que ela faz - seus desenhos deveriam ser compartilhados com o mundo inteiro.

- Eles não são bons o suficiente - ergo uma sobrancelha para sua frase - e agora tenho que dar total atenção a esse pequeno.

Engulo um seco, por mais que Chipre tenha ajudado muito no resort durante todo esse tempo, ela precisa ter ambição de alguma coisa.

Uma troca de favores Where stories live. Discover now