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BLASE LEBLANC

Chipre ainda está dormindo quando pego na maçaneta da porta do meu quarto, logicamente deixei ela dormir na minha cama, enquanto eu dormi no confortável, e é confortável mesmo, sofá que fica no meu cômodo íntimo. Indo contra tudo que pensei, meus pais não surtaram, bem, eles ficaram em choque e vi nesse momento o tempo perfeito para subir com Chipre e evitar a terceira guerra mundial. Observo brevemente a minha liberdade, ela é linda dormindo, não apenas dormindo, é claro, mas serena desse jeito, só a deixa mais bela ainda. Chipre tem um encanto único, algo inexplicável que só olhando para ela, você entende. E é por isso que todos irão acreditar que temos um relacionamento e desse relacionamento veio um filho.

Mas se ontem não deu a terceira guerra mundial, com certeza daqui a pouco dará, preciso enfrentar meus progenitores no café da manhã e prefiro fazer isso sem a presença de Chipre. Mamãe irá atacar ela de todas as formas verbais possíveis, fará a vida dela um inferno aqui dentro, mas eu tenho minhas cartas, se ela falar um "a" sequer ofendendo Woods, eu saio de casa no mesmo instante, liberdade em dose dupla. Lanço um último olhar para a mulher e abro um sorriso, feliz por tê-la como minha anja da guarda e me livrar do casamento com Willow.

O andar de baixo está silencioso e tenho medo disso, devagar desço as escadas da casa, lembrando da minha infância aqui, costumava deslizar pelo corrimão e deslizar pelos degraus com um travesseiro, será que o filho de Chipre fará o mesmo? Não penso no bebê como meu, porque ele não é, porém preciso me acostumar a pensar que é, assim não vou dar uma bola fora. Respiro fundo, escutando as ondas do mar quebrando na base da colina onde minha casa foi construída, dando para nós uma visão ampla do resort que leva nosso nome.

Ando até a grande janela de vidro que fica na sala, nunca foi meu sonho cuidar do resort, na realidade, eu ainda não sei o que de fato quero fazer da minha vida. Tudo sempre foi planejado pelos meus pais, desde minha carreira profissional até com quem iria me casar, nunca me opus há nada, porque na minha cabeça tudo que eles desejam é meu futuro próspero. Entretanto, casar com Willow Ludwig não é uma coisa que irá ser positiva para meu futuro. Giro meu corpo e encontro Emma, que me observa com um olhar angustiante.

- Seus pais já estão tomando o desjejum - Emma avisa, com sua típica roupa de governanta, ela já não é mais jovem igual era quando começou a trabalhar aqui, há muitas rugas em seu rosto e seus cabelos já estão com fios brancos. Esta mulher ajudou a me criar e sou muito grato por ter Emma em minha vida - Bale, o que está acontecendo?

- Eu amo Chipre e vamos ter um filho juntos - minto e me sinto mal por estar fazendo isso com Emma - nós nos apaixonamos e sem querer ela acabou engravidando.

- Ah meu filho, seus pais estão bufando de raiva - dou risada da expressão que ela falou e sou repreendido com um olhar duro - você está feliz?

- Como nunca estive antes - nisso sou verdadeiro - Emma, daqui sete meses teremos uma criança dando alegria para essa casa - não sei se Chipre vai querer ficar aqui, ainda não conversamos direito sobre isso, não conversarmos sobre nada na verdade.

- Um pequeno Bale correndo por essa casa novamente - tem brilho em seus olhos - você será tão feliz, meu filho.

- Eu sei Emma - concordo com ela, porque serei muito feliz longe de Willow - me deseje boa sorte.

Coloco minhas mãos dentro dos meus bolsos da minha calça social, pela manhã tenho algumas reuniões e a tarde irei desmarcar todos meus compromissos, pois irei fazer um tour pelo resort com Chipre. Quando piso dentro da sala de jantar, meus pais já estão sentados em seus lugares, comendo silenciosamente as torradas francesas com geleia de morango. Como normalmente fazemos, sento-me no meu lugar e encho meu copo com suco de laranja fresco. Ninguém diz nada, acho que vão me colocar em uma câmara de gás.

Uma troca de favores Where stories live. Discover now