009

19.8K 1.9K 419
                                    

CHIPRE WOODS

Se o doutor Dylan fosse um vidente ou tivesse poderes mágicos, ele afirmaria que o meu bebê irá nascer no dia 5 de dezembro, em um sábado, mas como ele não tem nada disso, é apenas um chute. Aliso minha barriga, estou nua encarando meu reflexo no espelho do banheiro, Blase já saiu para trabalhar, ele sempre está trabalhando, o que não é tão ruim assim, porque evita convivermos juntos. Ele chorou no ultrassom, tenho medo disso, muito medo, porque se ele se apegar ao meu bebê, terá consequências grandes quando nós dois formos embora.

O dia está lindo lá fora, estou pensando em fazer uma caminhada até o resort ou ir para o centro da cidade. Meu carro ficou pronto e não preciso mais depender de Blase ou de Emma para sair, o que é um alívio. O volvo conversível foi totalmente reformando, parece que saiu apenas alguns dias da concessionária, a lataria está mais brilhante do que o espelho na minha frente. Suspiro, passou algumas semanas desde que vim para Palm Beach e por isso sei que aqui não é meu lugar, nem do meu filho, evitarei ao máximo a proximidade com a família LeBlanc, principalmente Nicole, que até agora só me tratou mal.

Pego a roupa que deixei separada em cima da pia do banheiro e me visto, estou ansiosa para quando minha barriga ficar maior e super visível. A sensação que tive ao escutar o coração do meu bebê batendo foi algo surreal, não há palavras para descrever, tem um ser se desenvolvendo dentro de mim, além de por si só ser um milagre, eu já tenho um amor incondicional por meu neném, pelo meu companheiro pelo resto da vida. Coloco minha mão na minha barriga, fecho meus olhos e deixo tudo em segundo plano, fico apenas fazendo contato com o meu filho.

- Querida? - a voz de Emma me desperta dos meus pensamentos, abro meus olhos e a encontro na minha frente, com uma pilha de roupas nas mãos.

- Oi Emma - forço um sorriso, não gosto de estarmos mentindo para ela.

- Está tudo bem, Chipre? - não, não está nada bem.

- Sim, tudo perfeitamente bem - confirmo pondo minhas mãos nos bolsos do shorts jeans - vou ir para a cidade, você quer alguma coisa de lá?

- Não querida - a governanta da casa põe as roupas no sofá, onde Blase dorme - Chipre, posso perguntar uma coisa? - faço que sim com a cabeça - você está fugindo da sua família?

Dou um passo para trás, surpresa com a pergunta de Emma, ela repara em tudo, faço uma nota mental para sermos mais cuidadosos com ela. Bom se fosse se estivesse fugindo da minha família, talvez assim não tivesse medo de sair na rua sozinha às vezes. Será que se algum dia encontrar Jason em algum lugar por acaso, ele irá me ignorar ou irá me acuar? Tenho medo por mim e pelo meu filho, porque querendo ou não é o sangue de Jason que irá percorrer por suas veias e se um ele quiser se aproximar do bebê, ele terá direito, porque a justiça é machista.

- Não, meus pais realmente estão na África - afirmo com a voz firme.

- Só é estranho eles não virem apoiar você na gravidez e já reparei que você não usa o celular - engulo um seco, as palmas das minhas mãos suam sem parar - querida, seja o que for, pode contar comigo e sei que Bale fará tudo para você e o pequeno estarem seguros.

Eu amo essa mulher.

- Você é da nossa família agora - lágrimas estão brotando no canto dos meus olhos, com certeza são os hormônios da gravidez - mesmo que Nicole ainda esteja com um pé atrás, ela dará a vida pelo netinho.

Uma troca de favores Where stories live. Discover now