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BLASE LEBLANC

Estaciono em frente a minha casa, desço do carro e pego minha pasta no bando de trás. A negociação em Melbourne acabou bem mais cedo do previsto, pude refletir bastante durante o caminho para Palm Beach, então decidi que preciso conversar urgentemente com Chipre. Minhas atitudes não estão sendo as mais legais nos últimos dias, ainda quero que ela entre na justiça contra Jason, mas preciso respeitar o tempo dela e sei que alguma hora ela irá entender que será necessário tal ato. Iremos nos resolver e manter o nosso clima bom, principalmente por conta de Embiez. Abro um sorriso ao pensar em meu filho, ele é absolutamente tudo para mim.

Fico feliz de ter chegado no horário do almoço, nenhuma comida consegue ser tão boa quanto da Emma. Quando entro dentro da minha casa, encontro meus pais e Emma sentados no sofá, os três estão chorando. Um mal estar percorre todas as veias do meu corpo. Que porra aconteceu?

- Alguém morreu? - peço tentando aliviar o clima e meu pai me encara, há muita mágoa e decepção em seu olhar - cadê a Chipre?

Ninguém me responde. Puta merda. Deixo minha maleta cair no chão e subo correndo as escadas da casa, indo até meu quarto, na esperança de encontrar minha noiva com meu filho lá. Mas não acontece isso. Abro todas as portas do guarda roupas, meus nervos tremem ao ver que não há mais nenhuma roupa dela guardada. Então vou até o quarto do meu bebê, ele não está lá, suas roupas também sumiram, só seus brinquedos estão presentes no cômodo. Volto para o andar de baixo, com uma raiva borbulhando dentro de mim.

- Onde está a Chipre e o Embiez? - peço quase gritando - onde os dois estão?

Ninguém responde nada, meus olhos correm pela sala e param em uma carta, com o anel de noivado que coloquei no dedo de Chipre em cima. O oxigênio vai sumindo, não pode ser que ela foi embora. Sei que estávamos brigando bastante, mas não ao ponto dela me abandonar, ou será que estava sendo tão cruel assim? Isaac falou que Chipre não merecia o que estava fazendo com ela, será que ela cansou de mim?

- Ela contou? - meu pai assente, minha mãe evita olhar para mim - que merda.

Nenhum deles fala nada, entendo que estejam chateados comigo, mas agora minha atenção é totalmente para onde Chipre e meu filho foram.

- Por que? - minha mãe perguntou, limpando as lágrimas que descem por seu rosto - por que você enganou nós?

- Porque vocês arranjaram um casamento por conveniência para mim - respondo seco e pego a carta em cima da mesa de centro - como vocês deixaram ela ir embora?

- Como você pode enganar nós? - meu pai devolve e engulo um seco - mentiras não levam a lugar nenhum, você sabe disso, por que mentiu?

- Nós íamos contar, Chipre queria contar desde que ela e mamãe ficaram amigas, mas eu não deixei - explico suspirando, pensando se deve mesmo abrir a carta - foi um ato desesperador, mas não me arrependo, Embiez é o meu filho.

- O que mais me dói não é o fato do Embiez não ser seu filho de sangue, pois para nós ele é e sempre será nosso neto, mas sim você não ter confiado em nós para contar antes - minha mãe diz, ainda evitando olhar para mim - pode ter sido um ato desesperador, mas você já é grande o suficiente para saber a hora de falar a verdade.

- Eu sei, sei de tudo, mas podemos nos concentrar no mais importante? - balanço a carta no ar - quanto tempo faz?

- Acho que mais de uma hora - Emma informa e meu estômago se revira, ela já pode estar longe agora.

Uma troca de favores Where stories live. Discover now