Capitulo 42

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Depois de um bom tempo me olhando, quando eu terminei de lavar a louça, ele começou a falar sobre o que pensava.

- Como foi que tu se assumiu? - Ele perguntou com um olhar bastante curioso.

Sei que é uma simples pergunta, mas me encanta o fato de que ele sempre vem a mim com questões importantes da vida dele, é quase como se ele demonstrasse o que sente nesses atos.

- Tu se refere a me assumir publicamente? - Perguntei enquanto secava as mãos em um pano de prato, o vendo concordar. - Bem... Meus pais sempre apoiaram toda e qualquer forma de amor, minha mãe por sinal é bissexual, então me assumir pra eles foi mais simples do que qualquer coisa... - Falei pensativo.

Sobre me assumir, meus pais não tiveram reação, foi como se eu tivesse falado "vou ali no mercado", acho que a obsessão deles com amor fez com que isso não surpreendesse eles.

- E pra aqueles malucos que estão sempre contigo? Como foi? - Ele perguntou se inclinando um pouco em minha direção, demonstrando estar completamente curioso sobre.

- Eles estranharam um pouco nos primeiros minutos, mas depois me arrastaram pra um café temático de de algum jogo qualquer e ficaram de boas em relação a isso, não comentaram nada negativo. - Expliquei relembrando o momento.

- Acha que as pessoas da escola vão me aceitar sem julgar? - Ele perguntou com o olhar voltado ao chão, parecendo um pouco cabisbaixo.

- Eu não sei como vai ser a reação de todos da escola, mas tenho quase certeza de que a nossa turma vai ser gentil e te aceitar. - Falei levando minha mão ao seu cabelo, fazendo carinho com cuidado.

- Por que tu tem quase certeza? - Ele perguntou voltando o olhar a mim.

- Hmmm... - "Falei" pensativo. - Eu sou amigo de todos na nossa turma, mais ou menos sei como serão as reações. - Falei tentando o tranquilizar.

- Se tu está dizendo, vou confiar. - Ele falou me fazendo sorrir.

- Sabia que eu te amo muito? - Perguntei o olhando bobo como se fosse uma criança.

- É, eu sei... - Ele falou corando um pouco.

A forma como o rosto dele ficou foi tão perfeita que me obrigou a encher seu rosto de beijos. Sempre quando eu faço isso, ele tenta me empurrar fraquinho, eu acho que essa é forma marrentinha dele de dizer que gosta (até porque se ele quisesse realmente que eu me afastasse, me explodiria em mil pedaços).

- Ejirou, o que acha de seus pais conhecerem os meus? - Ele perguntou naquele tom calmo de voz que eu amo ouvir.

- É uma ideia interessante, meu loiro. - Falei o olhando nos olhos.

- Eu posso conversar com meus pais e tentar organizar pra essa semana se quiser... Assim também não atrapalhamos o sistema de vida dos seus pais... - Ele falou parecendo bem pensativo sobre.

A forma como ele pensa sobre cada coisa é algo que me faz ficar ainda mais encantado por ele, é quase como se ele tivesse o talento de fazer com que eu me apaixone cada vez mais.

- Sabe de uma coisa que tu fez quando bebeu? - Perguntei o vendo corar fraco.

- O que eu fiz? - Ele perguntou em resposta, desviando o olhar de leve.

- Tu deslizou um coração com os dedos em meu peito enquanto me beijava. - Falei o vendo corar um tanto.

- E-Eu fiz isso? - Ele perguntou parecendo um pouco nervoso.

- Talvez devessemos beber mais frequentemente... - Falei sorridente, olhando o rosto dele e admirando cada detalhe de sua expressão.

- Eu não ponho mais uma gota de álcool na minha boca... - Ele falou desviando o olhar, corando um pouco mais.

- Por que não? Não quer demonstrar o que sente por mim quando bebe? - Perguntei levando minha mão a lateral de seu rosto, fazendo um carinho leve.

- Não é isso... É só que... É um pouco vergonhoso... - Ele falou ficando com o rosto ainda mais vermelho.

- É normal se envergonhar, as vezes eu também me envergonho. - Comentei e seu olhar se voltou a mim por segundos.

- Ainda assim... - Ele falou imediatamente desviando o olhar, corando ainda mais.

Acho que eu consigo pensar em um motivo pra ele não conseguir expressar facilmente o que sente. Pela breve experiência que tive quando conheci boa parte da família dele, ninguém por lá fala um "te amo" além da senhora Asami e do Masaru-sama. Possivelmente devem considerar esse tipo de coisa frescura, então acabou se tornando um assunto praticamente proibido. Ao menos é isso que eu consigo concluir.

- Nós podemos subir? Eu estou com sono. - Ele falou me tirando dos pensamentos.

- Claro que podemos, quer que eu te carregue? - Perguntei com um sorriso no rosto, já sabendo a resposta.

- M-Melhor não. - Ele falou descendo de cima do balcão onde estava sentado.

- Se tu está com sono, não seria melhor ser carregado? - Perguntei ainda sorridente.

- Se quiser pode me carregar... - Ele falou virando o rosto.

Assim que ele falou isso, o peguei no colo (no famoso estilo princesa) e com cuidado o levei pela casa em direção ao quarto, o deixando sentado sobre a cama.

Pouco depois, ele se arrumou melhor e se deitou, dormindo logo após, mal parecendo que havia dormido praticamente a tarde toda. Como ele estava dormindo, voltei a pensar.

Meus pais conhecerem os pais do meu loiro pode ser algo muito bom pra ambos. Meus pais aprendem a ser um pouco menos amorosos e os pais do meu loiro aprendem a ser mais amorosos, acho que no final vai sair melhor que a encomenda. Pensando um pouco sobre o que estava concluindo antes, percebi que tem grande possibilidade do Katsuki não ouvir um "eu te amo" da família dele a anos. Eu até poderia aproveitar o fato de Midoriya conhecer praticamente tudo sobre e perguntar sobre isso, mas meio que não é preciso por eu já ter praticamente certeza.

Talvez por essa falta de demonstração de afeto é que meu loiro tenha essas reações únicas que eu considero perfeitas. Por mais reações como essas é que eu vou declarar meu amor por ele todos os dias, momento por momento, segundo por segundo, até que ele consiga retribuir com palavras meus sentimentos.

Continua...

Como fazer um loiro explosivo se declararOnde histórias criam vida. Descubra agora