Capítulo 52

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Por algum motivo, depois de minha mãe falar de forma ininterrupta sobre um zilhão de assuntos por quase uma hora, meu loiro conseguiu dormir como um anjinho. Assim que ele dormiu, eu sai do quarto e fui me sentar em umas cadeiras que ficam bem próximo ao quarto pra caso ele precise. Minha mãe sentou ao meu lado e tudo estava calmo quando no final do corredor deu pra escutar os passos furiosos da Mitsuki e a voz do Masaru-sama.

- Querida, você ainda está brava comigo? - Deu pra ouvir ele falando no típico tom calmo de voz.

- Não, caralho. - Ela falou enquanto vinha em minha direção.

A cada passo que se aproximava, ela suavizava o som da batida do sapato no chão, chegando quase completamente em silêncio.

- Eu preciso ir pra casa pra resolver umas coisas. Cuida bem do meu filho. - Ela falou e se virou, andando alguns passos e parando. - Se meu filho não voltar inteiro pra casa, se considere morto.

- É bom que não esteja ameaçando meu filho, Tsuki-chan. - Minha mãe falou com um dos seus sorrisos que chega a dar medo.

Assim que os pais do meu loiro sumiram do corredor minha mãe voltou ao modo dócil. Por algum motivo ela começou a me encarar com um sorriso fixo no rosto.

- Que foi? - Perguntei.

- Nada, eu só estou contente. - Ela falou animada.

- Por que? - Perguntei novamente, curioso pelo fato dela ser um puro mistério as vezes.

- Bem, aquele menininho que a poucos anos eu estava embalando no colo, agora é um homem feito que se preocupa com o amor da sua vida. Meu trabalho como mãe está concluído. - Ela explicou, me deixando ainda mais em dúvida.

- Como assim? - Questionei.

- Mesmo não sendo a melhor mãe do mundo, eu acho que posso dizer que você está pronto pra vida, por isso mru trabalho como mãe está concluído. - Ela falou

- Mas tu foi a melhor mãe que eu poderia ter... - Falei ainda confuso pelo assunto.

- Fico contente que pense assim, mas eu não fui. Eu queria estar perto a cada passo seu, mas fiquei com medo de me tornar superprotetora e acabei me tornando ausente. Algo em mim me diz que eu falhei. - Ela falou.

Sua expressão agora não era contente e nem triste, era neutra, ela realmente está falando algo que considera de fato importante.

- Mas eu ainda não completei a maior idade, ainda pode "corrigir" seus erros, não? - Questionei.

- No momento que um filho se apaixona pela primeira vez, o trabalho de uma mãe se conclui. Agora não estou aqui para te criar, estou para te apoiar com as inúmeras dúvidas da vida adulta. Não há o que lamentar ou querer voltar atrás. - Ela falou me olhando nos olhos.

- Bem, o que pretende fazer agora que concluiu seu "trabalho"? - Falei fazendo aspas com as mãos.

- Você sabe como funciona a tradição da nossa família. Depois dos filhos terem crescido, vamos para a casa da família fazer coisas coisinhas tediantes e artesanato. Sem falar que seus bisavós estão pegando no meu pé por isso. - Ela explicou sorrindo torto, tentando mudar o clima da conversa.

- Vai parar de viajar? - Perguntei.

- Vou diminuir a frequência e distancias. Eu e seu pai já conhecemos basicamente todos os lugares que queríamos conhecer no início do casamento. - Ela explicou e deu tapinhas no colo.

Quando ela faz isso, é porque quer distribuir carinho em toque físico. Um fato curioso sobre isso é que se ela não consegue fazer carinho em alguem ela imediatamente começa a chorar e só para depois de no minino duas horas. Pra evitar ver ela chorando, deitei minha cabeça em seu colo e usei os bancos ao meu lado pra esticar meu corpo.

- Sabia que seu pai e eu vamos fazer aniversário de casamento em breve, certo? - Ela perguntou com um olhar brilhante.

- Sei. Vão completar vinte anos, certo?

- Sim sim. Vinte aninhos com seu pai. Me casei com ele assim que completei a maior idade. Ter conhecido seu pai naquele restaurante foi uma das melhores coisas da minha vida. - Ela falou suspirando de alegria por contar a mesma história pela milésima vez.

- Vocês se conheceram quando tinham a minha idade, certo? - Perguntei.

- Sim... Está pensando em se casar também? - Ela perguntou sorridente.

- Q-Que?! - Questionei gaguejando e sentindo meu rosto aquecer.

- Pela sua reação, deve ter pensando no quão seu amado namorado ficaria lindo de noivo, certo? Eu pensaria exatamente o mesmo se namorasse alguém como o Katsu-baby. Casamento é maravilhoso, mas vocês ainda são jovens, devem no mínimo esperar a maior idade assim como fiz. - Ela falou enquanto acariciava meu cabelo com a mão que não estava enfaixada.

- Bem... Por que perguntou se eu lembrava do aniversário de casamento? - Perguntei tentando mudar um pouco o foco do assunto.

- Estamos pensando em realizar uma festa de bodas e uma nova cerimônia de casamento. O que acha? - Ela comentou empolgada.

- Uma nova cerimônia? Vocês já não fizeram cerimônias em todos os países que visitaram? - Perguntei um pouco surpreso.

- Fizemos, lembro que até teve uma vez que casamos com as roupas trocadas. Seu pai ficou um amorzinho com vestido de noiva. - Ela contou, conseguindo me deixar mais supreso do que eu já estava.

- Mas é necessário mais uma? - Perguntei.

- Sim sim, como pretendemos nos acomodar pelos arredores do Japão pelos próximos tempos, queremos relembrar os velhos tempos. Mas não se preocupe, não pretendemos convidar muita gente. No máximo umas vinte pessoas. - Ela falou coçando a nuca.

Da última vez que ela falou que seriam só vinte pessoas, acabou vindo metade de Tokyo pra festa e mal teve espaço pra acomodar tantas pessoas.

- Vinte? Tem certeza? - Perguntei.

- Ok, talvez umas cinquenta ou setenta, mas nada além disso, mamãe promete. - Ela falou fazendo pose.

- Ótimo. Assim eu consigo ajudar vocês a preparar tudo sem muitos problemas. - Falei sorrindo de leve.

Independente de ser uma festa grande ou pequena, todas as festas feitas pelos meus pais são majoritariamente organizadas por mim. Antes que se pergunte o por que, é simplesmente pelo fato de os dois serem desorganizados pro básico da organização de uma festa.

- Esse é o meu amado Eji-baby! - Ela falou sorridente, apertando fraco minhas bochechas. - O que acha de todos os convidados usarem roupas formais?

- Acho ótimo. - Falei esfregando um pouco meu olho.

- Como que eu posso ser tão boba? Vamos, se acomode melhor e durma. Você deve estar exausto, meu amor. - Ela falou arrumando meu cabelo.

Confesso, eu estou um tanto cansado pelo dia cheio, mas poderia ficar a noite ouvindo seus planos malucos de casamento. Fazia um bom tempo desde a nossa última conversa assim, valeria a pena o esforço.

- Pense em cordeirinhos psicodélicos pulado cercas coloridas que a mamãe vai cantar uma canção de ninar pra você dormir. - Ela falou suavizando a voz enquanto fazia cafuné em mim.

Mesmo que em 99% do tempo a voz da minha mãe seja gritante ao natural, quando ela quer ninar alguém consegue ser tranquilizante de uma forma que eu não sei descrever. Dessa forma não demorou nada até que eu conseguisse dormir.

Continua...

Como fazer um loiro explosivo se declararWhere stories live. Discover now