Capítulo 19

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Como o Theo não sabia do que eu estava falando, eu deixei o assunto morrer por aí durante um tempo.

Quando chegamos ao apartamento, nós nos despedimos e cada um foi para o seu quarto.

De manhã, eu já estava preparada, mas o Theo não, então eu desci e fiquei no carro com o Spencer, apenas aguardando. A gente estava em silêncio, nem ele e nem eu, tentamos criar qualquer tipo de assunto até...

— Senhorita. - Ele chamou.

— Sim? - Perguntei me inclinado para frente.

— O senhor Theo...ele é um bom garoto.

Eu não entendi muito bem o contexto daquilo.

— Eu sei. - Ele olhou para mim pelo retrovisor.

— Eu sei que sabe, só... senti necessidade de frisar.

Eu recostei no assento e olhei para além da janela.

Eu sabia que ele estava tentando me dizer alguma coisa com aquilo.

— Spencer.

— Senhorita?

— Você tem filhos?

Ele hesitou um pouco.

— Não.

— Uma esposa?

— Não.

Fiquei olhando para o retrovisor por um tempo. O Spencer não aparentava ter mais do que provavelmente trinta anos, ele era alto, moreno e tinha os olhos castanhos. Eu podia afirmar que ele era bonito sim. Era muito profissional conosco, quase nunca conversava, respondia apenas a perguntas que fossem feitas diretamente a ele, caso contrário, embora o seu nome pudesse ser citado ele mesmo assim não opinava. Parecia ser, uma pessoa muito culta, não podia afirmar se ele era tímido ou se só fazia o trabalho dele.

— E você não sente...vontade de ter isso?

— Não entendo. - Ele realmente olhou para o retrovisor em dúvida.

— Algo como uma falta, de uma esposa.

Ele sorriu, pela primeira vez, vi ele sorrindo, e era até fofo.

— Eu acredito...que as pessoas não podem sentir falta de algo que nunca tiveram. - Ele deu de ombros.

Eu olhei para janela mais uma vez e vi o Theo caminhando atrapalhado em direção ao carro.

— É verdade..., mas sabe, você pode nunca ter tido, mas visto, e quem vê meio que sente. Aquilo meio que se transforma em um desejo. — Você nunca viu alguma coisa que nunca teve e desejou ter?

— Tenho tudo que preciso senhorita.

— Um desejo.

— Um desejo? - Ele repetiu. — Talvez...- hesitou um pouco. — Ah, não importa.

— Porquê?

— Seria...um desejo inalcançável.

O Theo chegou até a janela que estava do meu lado e fez sinal para mim sorrindo, logo deu a volta e entrou, o Spencer ligou o carro e agente partiu.

— Um desejo inalcançável - Sussurrei para mim mesma olhando para o Theo que estava tendo uma conversa quase que monótona com o Spencer.

Quando chegamos, o percurso foi o mesmo, subir ao vigésimo quarto, ligar o computador e começar o trabalho, na hora do almoço, descer e almoçar com a Anais, o Colen, a Ivy e o Ethan que felizmente voltaram a aparecer. Aparentemente a Anais já havia encontrado uma solução para as divergências entre ela e o Ethan.

Simplesmente LascivaWhere stories live. Discover now