Capítulo 70

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Theo

— E então...- O Breno perguntou quando a aula finalmente terminou. — Como foi a ida ao paraíso?

— Uma merda. - Suspirei.

— Oh...o seu... presente enviado por Deus sabe disso? - Ele perguntou sarcástico, como sempre.

— É claro que não. - Falei suspirando. — E se Deus quiser ela não vai saber.

— Sabe, não sei você, mas eu acredito que as mentiras não nos levam a lado nenhum. - Ele continuava falando com ironia. — Eu acho honestamente que você devia falar com a princesa Amar e explicar a ela que não gostou nem um pouquinho desse encontro de casais, na verdade, devia dizer a ela que odeia essas coisinhas.

— Você acredita mesmo que eu ainda não disse? - Perguntei. — E eu não posso simplesmente dizer que detestei o encontro, aqueles caras são amigos dela, ela ficaria destroçada.

— Você já ouviu aquele louvor...como é mesmo? Eu posso chorar hoje...mas o amanhã virá? - Perguntou com ironia. — Não é como se ela fosse chorar sangue. - Falou. — Se bem...que se ela chorasse sangue eu não ficaria admirado. Daquela garota eu espero tudo.

— Sabe, ainda é muito cedo para eu ter que lidar com o seu sarcasmo. - Falei.

— Não é sarcasmo, é realidade. Não entendo como você até hoje não nota isso, já se passaram três meses cara, e eu tenho a máxima certeza que não é o amor que está cegando você...é simplesmente a estupidez. - Ele falou e eu me limitei a ignorar, como sempre, enquanto nos retirávamos da sala.

Breno Keellan era um cara simples que eu conheci quando voltei das minhas férias intensas, aconteceu quando eu ainda estava esperando a Scarlett para me desculpar.

Três meses antes

Bom, enquanto a Scarlett não voltava eu não podia simplesmente parar o mundo a volta de mim, até porque ele continuava girando mesmo, a Amar, era uma garota bem persistente, ficou comigo quase todos os santos dias até eu deixar de me sentir culpado pelo que aconteceu, eu era realmente grato a ela por tudo que estava fazendo em prol do meu bem estar, ela disse que a única coisa que queria em troca era simplesmente a minha amizade...e bom, eu não tinha como negar aquilo.

Estava procurando um lugar vago na biblioteca, que por sinal estava bem cheia, e eu honestamente não entendia o motivo...ainda procurando com o olhar eu encontrei uma mesa vaga, bom ela não estava totalmente vaga, no lugar vago tinha uma mochila enorme lá, eu estava apostando que o dono dela era o cara que estava do lado lendo um livro qualquer.

— Bom dia...- Saudei baixinho pois na biblioteca o silêncio era obrigatório. — Será que você pode tirar a sua mochila para eu me sentar? - Perguntei e ele não respondeu, nem mesmo olhou para mim. — Desculpe...- Voltei a chamar num tom baixo e ainda assim não tinha resposta. — Será que eu... - Tentei começar novamente já com indícios de impaciência na minha voz.

— Você consegue ouvir? - Ele perguntou levantando o rosto pela primeira vez e o rosto dele era completamente estranho para mim, era provavelmente novo.

— Hã? - Perguntei confuso.

— Você consegue ouvir? - Ele perguntou novamente tocando a orelha como se estivesse tentando ouvir alguma coisa, e eu sem entender, imitei o movimento.

— Eu não ouço noda. - Falei.

— Pois..- Falou. — O nome disso é silencio, é algo que você não está fazendo. - Falou rude retirando a mochila dele do assento vago.

— Se você tivesse respondido da primeira vez eu provavelmente teria me calado mais cedo. - Falei.

— Sabe o que é curioso nos seres humanos? - Começou do nada enquanto eu me sentava. — É que são insaciáveis. - Falou. — Você pode satisfazer uma determinada necessidade, mas em uma velocidade insondável, já vai estar demandando outra coisa. - Falou.

Simplesmente LascivaWhere stories live. Discover now