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Hanna

Acordei passando mal e sentei de frente pro vaso querendo chorar.

Um mês e fumacinha se passaram e não teve muita coisa que mudou, meus amigos estavam seguindo a rotina deles e a única que não fazia nada era eu, isso já estava me deixando doida.

Ouvi alguém me gritar, especificamente uma voz bem conhecida, meu olho encheu de água. Eu não tinha noção do que eu estava fazendo, só me estapeava toda sentindo minha pele arder.

Eu estava cansa disso, estava cansada da minha vida. Chorei sentindo meu peito se rasgar de dor, e o arranhão da minha unha em seguida ardendo.

Entrei na cozinha cortando meu corpo, tentando fazer com que de alguma forma a dor que eu sentia passasse. Um sentimento muito ruim.

Eu acabei cortando em um local me fazendo ter muito sono, perdi a minha consciência.

Acordei assustada me debatendo de novo, eu ainda estava deitada no mesmo lugar. Dessa vez o meu corpo não tinha forças nenhuma, olhava pro chão branco da minha cozinha todo sujo.

Eu tinha que levantar dali.

Tentei, tentei muito, de verdade. Mas nada que eu fizesse me ajudava, eu estava fraca, se conseguisse mexer um dedo seria muito.

Fiquei de olhos fechados, implorando pra Deus que esse seja os meus últimos suspiros. Ele sabe o quanto eu tô infeliz aqui, eu não aguento mais viver.

Fiquei bastante tempo ali caída, eu estava acordada, mas meu olho não abria, ouvia tudo, prestando atenção em cada som que me rodasse.

Não aguentei, acabei adormecendo.

°°°

Acordei com uma dor de cabeça, o corpo doído e uma luz clara na minha cara, pisquei diversas vezes tentando acostumar, mas minha dor só piorava com a luz.

Fiquei observando bem o local, me recordei total no postinho. Olhei pro teto tentando impedir de chorar. Eu não consegui, de novo..

Quando eu coloquei a mão na cabeça pela dor e limpei meu olho, eu chorei mais.

Dr: bom dia Hanna Victoria- limpo meu rosto dando um sorriso pra moça a minha frente.

Olhava pro lado com o cara tossindo e provavelmente tento uma crise, ela fechou a cortina dele e voltou a me encarar.

Dr: vou te encaminhar pra uma sala privada, seu machucados não podem infeccionar. Autoriza? Aí sairia com um preço.

Hanna: pode ser- tentei me ajeitar e deitei frustada de novo- quem me trouxe?

Dr: sua amiga- entrego pra ela a fixa e ela concorda- já preparo o quarto para você.

Fiquei olhando pra cima entediada, batia os dedos no ferro da cama, minha barriga fez outro nó. Engoli a saliva fazendo com que a onda do enjoou vinhesse.

Hanna: eu tô enjoada- olhei pra mulher que voltou com uma cadeira de rodas- muito.

Ela pegou um baldinho, e me entregou, demorei um pouquinho pra vomitar, meu estômago estava vazio, não tinha muita coisa pra sair.

Minha barriga doía, minha garganta pedia arrego também, meus olhos marejaram, e eu vomitei pouca coisa, por mais que quisesse que as tripas saísse.

Ela pegou o balde da minha mão, me entregou algo que parecia papel toalha, limpei minha boca sentindo um gosto muito ruim.

Eu observava todas as salas lotadas, até uns pacientes pelo corredor, isso é muito triste.

Entrei em um quarto mais confortável, tinha só a cama e um ventilador de teto. Ela me ajudou a entrar e na mesma a hora a Isabella entra.

Isabella: que bom que você tá viva, por que quem vai te matar agora sou eu!- sorri fraco pra ela, respirei fundo olhando o teto.

Dr: vou já te encaminhar pra um exame mais detalhista.

Isabella: coloca tudo na conta do rogê.

Hanna: não. Eu tenho dinheiro pra pagar.- ninguém tem que pagar por uma coisa que eu fiz, eu me permiti tá aqui, eu aturo as consequências.

Isabella: amiga porque você fez isso?- me encarou com o olho cheio de água- por que não consegue olhar pra frente?- ela me abraçou e eu passei a mão nas costas dela, toda nervosa e chorosa.

Hanna: tá tudo bem.

Isabella: não tá, você vai tentar fazer de novo, eu não vou ter forças pra perder você.

Hanna: eu não consigo ser igual você Isa, você é forte, te admiro muito.

Isabella: para de falar como se sempre fosse uma despedida..- voltou a me abraçar.

Eu ainda estava bem fraca, não tinha lágrima que descesse, meu coração ficou em mil pedacinhos em ver ela assim por culpa minha.

Hanna: eu não tô feliz, e parece que não tenha nada que me deixe.

Isabella: a gente não tá sendo suficiente?

Hanna: não é nada sobre você- falei rouca, e cada vez mais lento- é comigo, é eu..- meu olho pesou fazendo eu não conseguir abrir.

Isabella: Hanna você tá ficando branca- me balançou.

Hanna: fica bem..- falei com a falta de ar me consumindo- amo você..- com quase sem voz saiu essa frase.

No amor & na dor.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora