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Passei pela portaria com o Guto, que estava com o símbolo do Uber no carro. Sua seriedade também mostrava sua tensão, e eu não estava diferente, uma fala em falso e da muito ruim pra mim.

Apertei a campainha, surpreendida pela moça linda que abriu, ela sorriu gentil pra mim desejando bom dia.

Marta: você é a vitória, sim?- concordei- entra- me deu passagem e eu passei com minha maleta- quer comer alguma coisa? Desculpa eu acordei um pouco tarde, se incomoda de me fazer companhia no café?- neguei sorrindo e deixei a maleta na sala.

Hanna: a decoração da sua casa é linda!- comentei sentando- eu sou viciada em ver decorações pra minha futura casinha.

Marta: Já posso passar meu contato- sorriu se servindo cafe- sou arquiteta, bom, pelo menos me formando para isso- sorriu.

Hanna: mora aqui sozinha? É tão grande né - voltei minha atenção pra ela sorrindo.

Marta: moro com meu filho, porém quase nunca temos uma refeição juntos, adolescente, sabe como é.

Hanna: nossa mas você parece ser tão nova.

Marta: e sou, infelizmente engravidei muito cedo, 15 aninhos peguei barriga, fui expulsa de casa, nossa é um babado forte.

Hanna: caramba- sorri- e o pai? Assumiu?- ela terminou a golada no café e respirou fundo.

Marta: o Ryan foi vítima de um estrupo, que na época era meu amigo e eu nem imaginava, fui dopada e tal.. enfim, ele é tudo que eu tenho.

Hanna: desculpa a pergunta, sinto muito. Eu entendo bem- sorri olhando pra baixo.

Marta: sinto muito- tocou na minha mão em forma de carinho- vou adiantar porque você deve tá cheia de clientes- sorri e ajeitei minhas coisas na mesinha da sala dela.

Ouvindo os comandos pelo viva voz, eu prestava atenção até sentir uma presença na sala, olhei pra trás levando um susto.

Hanna: oi?- sorri, minha respiração já estava toda desregulada.

Ryan: te assustei?- concordei sorrindo- Desculpa. Você é a manicure da minha mãe?

Hanna: ela que é sua mãe? caramba que coincidência- falei sorrindo- ela é muito linda cara.

Ryan: sempre a mamãe gatona, nunca o filho gatão, até quando?- jogou a cabeça pra trás e eu sorri.

Marta: se toca Ryan- apareceu com uma cadeira maior para mim- para de paquerar a menina, as vezes namora e tá nessa.

Ryan: não namora, eu conheço ela. A menina que eu te falei que eu dividi o Uber.

Marta; ah, sério? Interessante- me encarou por uns segundos, e sorriu- chegou falando sobre uma gatinha, não imaginava que era tanto. Sorri agradecendo.

Hanna: obrigada- sorri- ele me socorreu muito naquele dia.

Ryan: descobri sua parada.- sentou no sofá, enquanto eu estava ocupada na cultilagem da mulher.

Hanna: aproveita que eu tô de passagem.

Marta: ah não, isso é demais pra mim- falou dando risada- ele é uma criança.

Hanna: eu sei- sei risada batendo na mão dela.

Foram ondinhas de brincadeiras até o fim da unha concluída, estava o tempo todo com minha mão suando, mas não demonstrava nervosismo.

Ryan: ela faz cílios e sombrancelha também mãe.

Marta: sério? Tem vaga?- neguei com a cabeça lamentando.

Hanna: minha próxima cliente é as onze e meia, vou até avisar a ela que vou me atrasar. Lá na barra- fiz careta.

Ryan: tô de carro, te levo.

Hanna: você tem carteira por acaso?- falei juntando minhas coisas.

Marta: não, ainda bateu meu carro, nem inventa ryan.- dei risada - vitória você me salvou, obrigada mesmo de verdade.

Hanna: nada, qualquer hora se precisar de um socorro chama, mesmo se eu não estiver tenho parcerias top.

Marta: amei amei amei- olhou a foto da unha e eu sorri satisfeita.

Ryan: posso pelo menos te levar na porta?- concordo e dou o último tchau pra marta.

Hanna: sua mãe é muito incrível, de verdade, valoriza.

Ryan: sim, ela é- abriu a porta- baixou o Uber?- falou assim que eu abri o aplicativo.

Hanna: tive que baixar né, só assim pra me socorrer, enquanto não tenho minha limosine.- ele deu risada- é sério tá, quero ter uma rosa, bem rosa choque mesmo.

Ryan: quando estiver nesse nível, esquece dos amigos não.

Hanna: vou esquecer sim- ele sorriu abrindo mais os olhos como indignação.- dois minutos, que sabor, acho até que é aquele carro lá. Vou indo, valeu.

Ryan: beijos Hanna, manda um beijo pro Rogê também, fala que seu eu fosse ele, não deixava a irmã e a favela tão desprotegida- apertou minha mão olhando no fundo dos meus olhos.

Hanna: o que você tá falando?- juntei as sombrancelha.

Ryan: você sabe bebê, você sabe.- neguei com a cabeça e entrei no carro, soltei todo ar que estava preso, fiquei o caminho todo olhando pra trás e até pedi pro moço me deixar na portaria, que eu estava tão cismada que estava achando que era infiltrado pra saber a casa que estávamos.

O guto já me esperava e foi roncando tão rápido até a casa que eu já estava pensando no pior. Entrei na casa jogando a maleta de lado e fui até a cozinha.

Rogê: o auto falante parou, não adiantou caralho nenhum- sentou frustrado.

Hanna: ele sabe.- recebi na hora a atenção de todos- O pivete sabe, ele ainda falou pra não deixar a Isabela e a favela tão desprotegida, Rogê a Isa- falei eufórica.

Ele deu um soco na mesa forte, me assustando, meu peito subia e descia em forma frenética, é como se fosse começar uma guerra em muito pouco tempo. E todos estavam se preparando pra isso.

Capixaba: acho que agiram de forma errada,  não foram na cautela caralho, age pela emoção e da errado mesmo.

Rogê: alô, eu quero todos os homens que estão atoa, e até aqueles que estão de folga. Aciona pra reunião, eu chego em duas horas e já quero todos mundo reunido. Sim, sim e é pra reforçar a segurança da Isabela, eu não tô nem aí, é pra botar o terror. Depois das três eu não quero ninguém na rua, da toque de recolher.

Capixaba: tô falando, isso é agir na emoção. Tá realmente mostrando que a suposição que o menor deu tava certo.

Rogê: da essa missão na mão de vocês- aprontou pro grupo de homens que estava ali trabalhando- eu quero esse muleque e a mãe na minha sala amanhã, de amanhã não pode passar.- saiu da cozinha correndo pro andar de cima.- Hanna você vai comigo. Vou precisar de você.

Juntei as minhas coisas rápido, prendi meu cabelo novamente e respirei fundo. Minha vida parece filme, e pior, eu que me coloquei nessa posição. Queria muito tomar um banho mas estávamos com tanta pressa que foi quase impossível.

Rogê: estou confiando em vocês, não me decepcione.- falou pros meninos presentes parece que esperando por ele.

No amor & na dor.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora