No amor & na dor.

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Melissa

Não estava feliz, não estava nada feliz, porque além de ter que deixar toda minha vida pra trás, ainda tenho que lidar com as insatisfações da minha mãe, não troca de disco nunca. Fica enchendo meu saco pela vida que me colocou.

Cara, ela se envolveu com ele porquê quis, não adianta ficar se lamentando não. Me tira do sério, tô sem um pingo de paciência pra essa situação toda, de verdade.

Poderia dar mil motivos de como eu tenho magoa do meu pai, falo mesmo, já falei na cara dele, ele não foi pai pra mim, porque o mínimo de como pai, ele poderia pelo menos me ver uma vez no ano, ou até mesmo me ligar todo dia. Mas ele só deve lembrar que tem filha, quando realmente não tem nada de melhor pra fazer, aí enche meu saco e coloca monte de coisa na cabeça da minha mãe.

Que é outra maluca também, além de ser uma frustada, é completamente paranóica, doida da cabeça mesmo, que ao mesmo tempo que quer se aproximar da filha, age com mil motivos pra eu me afastar.

Ia dividir quarto com minha mãe e a Isabella, coloquei minhas coisas no chão, deitei mandando mensagem pro menino que eu estava conversando. Ficamos algumas vezes só, nem deu tempo de levar algo pra frente, pois vim nessa pressa toda.

Laura: Melissa larga esse celular, tem tanta coisa pra arrumar, e ainda vamos procurar alguma coisa pra almoçar.

Isabella: o guto foi comprar quentinha, não tem nada aqui.- falou arrumando as coisas dela- tô podre, o ruim é que só tem um banheiro pra esse tanto de gente.

Laura: Melissa!!

Melissa: o que você quer cara? Só sabe encher o saco, quer que eu faça o que?

Laura: eu vou quebrar todos os seus dentes, me desafia pra você ver sua filha da puta. Sou suas amigas não.

Melissa: é pra fazer o que?

Laura: arruma suas coisas na gaveta.

Melissa: pra que? Se a gente for embora amanhã?

Laura: você arruma de novo na mochila, não tem problema, é um problema pra você?- neguei- eu não escutei.

Melissa: não- Sentei no chão tirando todas minhas roupas de dentro e arrumei cada um.

Quando eu estava na metade das roupas dobrando, me chamaram pra comer, deixei do jeito que tava porque estava com muita fome mesmo.

Laura: arrumou suas coisas?

Melissa; sou o que agora? De flex?- ela me olhou com aquele olhar de reprovação e eu abri minha quentinha.

Comia observando a loira da minha frente, até hoje não entendi o porquê dela vim. Ela era muito bonita, provavelmente deveria ser amiga da Isabella, os dois devem ser muitos próximos, sei lá.

Fui a última a terminar de comer, porque como muito devagar, isso me fez ficar na mesa sozinha. Comia olhando pra um ponto fixo, só desviei pela presença de outra pessoa.

Guto: qual foi, tá comendo ainda?

Melissa: é o que parece.

Guto: se importa deu sentar aqui pra comer? Você demora muito.- neguei com a cabeça e ele sentou, parecia que estava no deserto tadinho, deu umas dez garfadas pra encher a boca. Me senti até culpada por ser meia grossa com ele.

Melissa: Você tá bem?- coloquei comida na boca, esperando sua resposta.

Guto: tô dois dias sem comer direito, a fome é inevitável. Desculpa.

Melissa: tudo bem, eu não aguento ficar meia hora sem beliscar alguma coisa. Não me imagino ficar dois dias sem comer, já teria desmaiado- ele deu risada e eu também colocando outra na boca.

Guto: coisas da vida.

Melissa: e que vida complicada.

Guto: tu não viu nada ainda, tá no início da vida ainda.

Melissa: e por eu está no início da vida, não tenho problemas?

Guto: ok, acho que me expressei um pouco mal, desculpa.

Melissa; é, talvez eu te desculpe.- levantando e tampando a outra metade que sobrou da quentinha, lembrei da minha curiosidade e voltei pra cozinha- te desculpo se você responder uma pergunta- ele já negou- a cala boca. Quem é a loira?

Guto: a menina que ajudou ela quando ocorreu o bagulho com sua tia.

Melissa: ah, ela também é envolvida?

Guto: não sei te explicar não pirralha.

Melissa: pirralha é meu ovo.

Laura: melissa!!- me repreendeu, revirei os olhos dando risada.

Melissa: oque é, tô brincando com o cara.

Laura: e suas roupas jogada pelo quarto, não é só você que tá lá agora não tá.

Melissa: chata do caralho- falei baixo e ele negou com a cabeça.

Guto: ficar sem é pior, te garanto.

Voltei para o quarto ajeitando minhas coisas, e quando terminei eu deitei, dormi tampando a cabeça pra dona Laura não encher minha mente.