CAPÍTULO 6

674 52 3
                                    

Josh

A mulher parou de costas para mim, usando nada além de uma minúscula calcinha preta. Segurando o chicote de couro, ela deslizou a ponta pela lateral de sua coxa até subir para a bunda deliciosa. Seus olhos azuis profundos me encararam quando sorriu. O chicote caiu no chão e seus dedos delicados envolveram as tiras laterais da calcinha.

Minha calça se tornou apertada demais para meu pau enrijecido que pedia para ser libertado. Ela ficou nua e se inclinou para frente até tocar as mãos no chão. A cena à minha frente me descontrolou e eu dei um impulso, agarrando-a pelos quadris e trazendo seu corpo escultural para meu colo.

Estremeci quando suas unhas arranharam minha barba e senti que meu corpo todo latejava. Ela sussurrou algo carinhoso quando, na verdade, eu esperava que me falasse alguma sacanagem bem suja.

Acorde, ela pediu, batendo os cílios espessos para mim.

De boca aberta, eu quase babava por aquela mulher. Seus dedos puxaram meu cabelo e bateram de leve em meu rosto.

— Vamos, acorde! — ela gritou.

De repente, um tapa mais forte do que o anterior fez meu rosto esquentar.

Olhos negros me encaravam de forma irritada.

— Porra! — Afastei a mão de Any , que já estava pronta para me dar outro tapa. — Que merda, peach! Sai pra lá! — Minha segunda opção seria jogar água em você — reclamou, ajoelhada na minha cama e sentada sobre os calcanhares.

Rápido demais, eu me dei conta de que estava pelado, com o lençol que só me cobria até a cintura e com algo bem duro entre as pernas. Puta que pariu, Sarah era uma empata-foda-fictícia!

— Ereção matinal. Sai fora. — Eu me virei de lado, de costas para ela, puxando o lençol mais para cima na tentativa de me proteger.

Eu mal terminei de falar e percebi que isso era munição para a atiradora de elite ao meu lado. A criatura nunca perdia uma oportunidade de me sacanear. E foi o que fez, quando riu e jogou o corpo sobre meu ombro, se pendurando em cima de mim.

— Ai, que bonitinho. Ereção matinal é a desculpa de todo homem que fica tendo sonhozinho pornô. — Fechei os olhos e respirei fundo quando ela esfregou meu cabelo e me deu um tapa na bunda. — Foi bom pra você, Josh?

Trinquei meus dentes, tentando me controlar para evitar cometer um homicídio. Porque, Deus que me perdoe, minha vontade era puxá-la pelo cabelo que lembrava chocolate quente, abrir a janela e jogá-la do quinto andar do prédio. Era irritante Any ter toda aquela disposição matinal que eu não tinha.

— Se manda do meu quarto — resmunguei, com o rosto abafado contra o travesseiro.

— Ora, você acha que eu gosto de vir te acordar? — Estremeci quando ela enfiou o dedo no meu ouvido. — Você é um pouquinho mal-humorado de manhã. Mas vim porque quero falar com você, portanto, acorde de uma vez! Ou vou puxar esse lençol!

Eu sabia que ela era capaz disso.

— Estou pelado. — Apertei meus dedos em volta do algodão.

— Melhor ainda! Quanto será que eu consigo por um nude seu?

Quando tudo o que você mais deseja é bater uma rapidinha antes de acordar totalmente, ter uma pessoa chata te cutucando com vara curta faz com que perca a cabeça.

Doido para afugentá-la de uma vez por todas, eu me virei para Any e empurrei o corpo pequeno contra o colchão, montando sobre ela, que estava de bruços. Claro que tive o cuidado de não pressionar meus quadris contra os dela, pois por mais puto que eu estivesse, sempre a respeitava.

— Quer mesmo puxar meu lençol, peach? — sussurrei com a boca próxima ao pescoço dela, quando a senti tencionar os músculos abaixo de mim.

Com a mente ainda nebulosa pelo sono, eu demorei a compreender a situação.

Pisquei algumas vezes e esfreguei os olhos. Então vi Any quieta, a cabeça virada de lado no colchão e os olhos fechados com um vinco no meio de sua testa. Os lábios estavam pressionados e formavam uma linha fina e rígida e...

Caralho!

Pulei da cama e me afastei dela assim que a ficha caiu. Aquela posição...

— Peach... — engoli em seco e catei uma calça jogada no chão do quarto. — Por favor, fale comigo.

Larguei o lençol e me vesti com pressa, sabendo que os olhos redondos ainda estavam fechados. Eu me joguei de bruços na cama, ao lado dela, deitando minha cabeça voltada para a sua.

— Não pensei no que estava fazendo. — Passei um dedo pela sobrancelha escura e senti quando Any estremeceu. — Me perdoe.

Fechei os olhos, sentindo uma dor no peito. Lembrei da bagagem desagradável que Any  carregava desde nova. Já morávamos juntos há um ano quando ela decidiu se abrir comigo e me contar o que passou na adolescência. A história foi relatada entre lágrimas e soluços. Enquanto ouvia, um nó se formava em minha garganta e não sabia o que fazer.

O caso aconteceu quando Any tinha quinze anos. Ela gostava de ir ao cinema sozinha por não ter muitos amigos. Procurava sempre as sessões durante a semana e de dia, pois dizia que nos finais de semana os cinemas lotavam com casais e ela não gostava de segurar vela.

Numa tarde, Any foi assistir um romance. Eu já a conhecia nessa época e lembro da timidez, da falta de jeito e dos olhares apaixonados que lançava na minha direção. Ela nem tinha corpo de mulher ainda, mas parecia animada pelos seios começarem a despontar e lembro que estava sempre com blusinhas mais decotadas. De qualquer forma, ela era uma criança, pelo menos, era assim que eu a enxergava. Infelizmente, nem todos os homens pensavam como eu.

Na maldita tarde, a sessão que ela escolheu estava praticamente vazia. Any se sentou numa poltrona no meio da sala e um homem escolheu uma mais para o fundo. Ela só percebeu a intenção dele, quando o rosto do infeliz entrou em seu campo de visão e uma mão tapou a sua boca.

Não quero entrar em detalhes porque fico enjoado sempre que lembro do relato. Para simplificar, Any foi estuprada naquela sala. Ele a jogou de bruços no chão entre as fileiras de poltronas e ninguém ouvia os seus gritos por causa do filme. Um funcionário do cinema a encontrou somente quinze minutos depois que o filme terminou. Ela ainda estava de bruços, desacordada com uma ferida na cabeça e as calças na altura dos joelhos.

O maldito fez sexo anal com ela e nunca foi encontrado. Any era virgem na época e, felizmente, continuou assim. Ou não. Eu não sabia o que podia ter sido pior. A questão é que, por causa disso, ela tinha pavor de qualquer situação que a colocasse de bruços com alguém sobre seu corpo.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Where stories live. Discover now