CAPÍTULO 8

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Any

Joshua desanimava qualquer pessoa com a melhor das intenções. Ele me encarava, vestido como um senhor de idade.

— Quando eu falei que íamos sair, você achou que eu fosse levá-lo para jogar bingo? — perguntei, mirando com fúria a camisa xadrez fechada até o último botão no pescoço e a calça cáqui que devia ser dois tamanhos maiores que o dele. — E posso saber para que você precisa dos óculos? Não vamos a um concurso de escrita, Josh!

Ele inspirou profundamente e deixou os ombros caírem, olhando para mim sem a menor vontade de sair daquele apartamento. Eu sabia. Era um velho no corpo de um cara de trinta e um anos. Gato, mas velho.

— Como, exatamente, você deseja que eu me vista? — perguntou com uma voz preguiçosa.

— Como um cara que ainda faz sexo nessa vida. Que tal?

Ele lançou os olhos para o teto, pensativo. Eu espalmei minhas mãos na barriga dele e fui empurrando-o de costas na direção do seu quarto.

— Não transo com ninguém há mais de dois meses — resmungou.

— Nossa, que surpresa! Por que será? — desdenhei e ignorei o olhar assassino que direcionou a mim.

Dentro do quarto, eu abri o armário de Joshua e comecei a mexer nos cabides. Puxei uma camisa preta de gola em v que ele raramente usava porque não percebia o quanto ficava bonito com aquele caimento. Eu tinha dado aquela camisa a ele porque eu tentava, inutilmente, deixá-lo mais apresentável. Pelo menos, tinha que ficar bonitinho nos eventos literários.

— Vista essa. — Joguei a camisa na direção dele, que estava sentado na cama.

— Sem reclamar.

Voltei minha atenção ao armário e peguei um jeans escuro, de corte reto, que ficava perfeito no corpo dele. Quando me virei, o resmungão ainda estava desabotoando um dos trinta e oito botões que aquela porcaria de camisa parecia ter.

— É inacreditável que suas únicas roupas bonitas tenham sido compradas por mim. — Balancei a cabeça, desiludida, sabendo que ele nunca ia aprender. Meus dedos correram até um botão, depois outro e outro, já estava no último quando percebi que os braços de Josh pendiam relaxados ao lado do corpo.

Levantei a cabeça para olhá-lo e vi seu sorrisinho presunçoso, que eu quase desfiz na base do tapa. Era estranho, eu sabia, mas me sentia à vontade para fazer coisas toscas como despi-lo de sua camisa.

— Não fique pensando idiotices — avisei. — Eu vivia fazendo o mesmo em minhas bonecas.

— Estou apenas pensando que, se eu fizesse isso com você, seria chamado de tarado.

— Você nunca precisaria fazer isso comigo porque eu sei me vestir bem.

— Você quer dizer que eu não sei me vestir de acordo com o seu gosto. — O sorrisinho estava lá novamente e eu suspirei, sem resposta.

Joshua livrou os braços da camisa e pegou a preta. Ele era magro. Nem esquelético nem saradinho, mas aquele magro normal, que não possuía um tanque no lugar do abdômen. Essa era uma das coisas que eu mais gostava naquele filho da mãe. Saber que ele era um cara comum, assim como eu. Sua barriga era lisa com alguma musculatura aparente, fruto apenas de sua genética, pois ele não passava nem na porta de uma academia. O peitoral era reto, com pouquíssimos pelinhos loiros e mamilos pequenos. O que chamava mais atenção era aquele caminho masculino em v marcado, que começava abaixo da cintura e se perdia dentro da calça.

Eu pisquei quando a camisa preta cobriu a pele branca. Por que diabos eu estava analisando a quantidade de músculos — ou a falta deles — do meu amigo? Os antebraços com algumas veias estufadas se agitaram diante do meu rosto.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Donde viven las historias. Descúbrelo ahora