CAPÍTULO 38

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Any

Esfreguei cada região do meu corpo mais uma vez com o objetivo de me sentir limpa. O soluço que queria fugir pela minha garganta foi controlado porque eu não queria mais chorar. No entanto, sentia-me sem forças.

Deixei meu corpo escorregar pela parede do box e me sentei no chão. O rosto asqueroso de David quando conseguiu me tocar não saía da minha cabeça. O olhar dele, a forma como abriu a boca... o toque ríspido.

Tapei o rosto e fechei os olhos na tentativa de me livrar daquelas imagens.

Elas pareciam rir da minha cara e meu cérebro ficava enviando comandos para que minha mente trabalhasse com hipóteses. E se eu não tivesse saído sem calcinha? E se eu não tivesse ido até David? E se não tivesse provocado Josh? E se não tivesse deixado o pub com o roqueiro?

— Acho que chega de banho por hoje.

Pisquei ao levantar o rosto e ver Josh desligar o chuveiro. Os pés descalços pisaram no chão molhado e reparei nas unhas milimetricamente cortadas. Até o pé dele era bonito.

— Vamos secar a senhorita, certo? — Um braço em minhas costas e outro atrás dos joelhos e, de repente, eu estava sendo carregada pela casa. — Você já tomou banho suficiente por nós dois.

Eu me sentia um pouco aérea, mas conseguia ter entendimento das coisas à minha volta. Sabia que Josh estava me vestindo e enxugando meu cabelo. No entanto, observava os pelos da barba que já voltava a nascer.

Tinha um corte pequeno no canto de sua boca e eu não havia reparado antes.

Toquei a região e Josh desviou os olhos para mim. Ele passou a língua pelo corte e sorriu.

— Não se preocupe, não ficarei com sequelas. Continuarei beijando muito bem.

Assustei-me com o barulho que ouvi no quarto e só depois me dei conta de que era minha risada. O sorriso de Josh se alargou e ele beijou minhas mãos antes de sair correndo do quarto.

Olhei em volta, pronta para dormir ali mesmo com ele, pois não queria sozinha no meu. Mal tive tempo de sair do lugar antes que ele voltasse com uma caneca nas mãos. Senti o cheiro do chá de frutas vermelhas que era o único que eu gostava.

Murmurei um agradecimento quando peguei a caneca, mas acho que ele não ouviu. Josh passou por trás de mim e subiu na cama, recostando-se à cabeceira.

Ele esfregou as mãos no rosto e, quando me olhou, vi que estava preocupado.

— Estou bem — falei, segurando a caneca com cuidado enquanto me arrastava até ele. Encaixei-me entre suas pernas e seus braços apertaram meu corpo. — Só quero esquecer essa noite.

Ele quase me esmagou as costelas antes de abrir os braços. Senti suas mãos em meu cabelo e imaginei que estivesse fazendo algum penteado surreal em mim.

— Quer esquecer até mesmo os socos incríveis que eu dei hoje? Admita que eu lutei bem.

— Você lutou bem — respondi, rindo. — Não faço ideia de onde aprendeu a dar uma chave de braço em alguém. Nem de onde tirou aquela força toda.

Uma mecha trançada foi jogada por cima do meu ombro enquanto ele continuava trabalhando em outra. Dei mais um gole no chá e fechei os olhos, porque aquela sensação era muito prazerosa.

— O ser humano é capaz de encontrar forças que desconhece quando precisa proteger alguém que ama.

Senti um estalo dentro de mim, mas logo me dei conta de que não era uma declaração. Nos amávamos como amigos e já tínhamos dito isso um para o outro diversas vezes.

— Desculpe por ter feito você precisar brigar, Josh. — Respirei fundo e encostei a cabeça no peito dele depois que a segunda trança foi finalizada. — Eu quis te fazer passar raiva, mas sei que não teria gostado se estivesse no seu lugar.

— Até que você ficou bonitinha com minha samba-canção — ele estalou a língua e eu virei um pouco o rosto para encará-lo pela mudança repentina de assunto. — Esquecer o dia de hoje, lembra?

— Não todas as coisas — sorri, mordendo meu lábio propositalmente.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Where stories live. Discover now