CAPÍTULO 37

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Josh

 

Cheguei em casa quase uma hora depois porque não estava com pressa e tinha esperança de que Any não esperasse por mim acordada. Sabia que precisávamos conversar, mas não queria que acontecesse naquela noite. Meu coração estava machucado pra caralho e não ia sair nada bom naquele momento.

Vê-la beijar David, sentar no colo do infeliz e deixar que ele encostasse nela, deixou-me com vontade de vomitar, por isso tinha ido ao banheiro. A gente tinha passado noites incríveis regadas a muito sexo. Eu jurava que tinha rolado uma conexão absurda entre nós, mas quando vi Any se jogar em cima de David, percebi que eu não era suficiente para ela.

Como nunca fui de me relacionar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, não conseguia entender o que se passava na cabeça de alguém que misturava sentimentos, sensações e experiências. Eu era careta demais para lidar com Any Gabrielly.

Como nada acontece como a gente espera, assim que fechei a porta do apartamento, vi Any se mexer no sofá. Estava tudo escuro e ela se sentou quando me viu.

— Josh, você demorou séculos. — Ela levantou e se aproximou, vestindo apenas uma camisa minha. — O que houve?

— Nada. Só estava caminhando.

Ela deu um sorriso tímido e tocou em meus braços. Ficou na ponta dos pés para aproximar ao máximo o rosto do meu e, pela expressão que eu via, Any tinha intenção de me beijar.

— Você já devia estar dormindo — falei, sem querer estender o momento.

— A noite ainda é uma criança.

Senti as mãos pequenas tocarem minha cintura por baixo da camisa e suspirei.

Sabia que ela não ficava bêbada facilmente, mas lembrava que tinha bebido o bastante para se animar um pouco mais.

— Eu vou dormir, Any — avisei, desvencilhando-me dela e passando pela sala. — A gente conversa amanhã.

— Sério, Joshua? Vai ficar me ignorando? Que covarde!

Respirei fundo e virei para olhar a criatura de pouco mais de um metro e meio, com as mãos na cintura e olhar afiado para cima de mim.

— O que você esperava, Any? Que eu chegasse em casa abanando o rabo?

Você me humilhou a noite toda. Aliás, é a segunda vez que você faz eu me sentir um merda por causa daquele roqueiro filho da puta. Eu nem podia demonstrar o que estava sentindo lá no pub porque algo me leva a crer que você odiaria que nossos amigos descobrissem nosso caso.

Ela abriu e fechou a boca, depois cruzou os braços.

— Não posso falar do David, no entanto. Você estava bem feliz em exibi-lo para todos nós. — Dessa vez eu me aproximei e me curvei na direção dela. — Acha que é legal eu ter que testemunhar você se esfregando em outro homem na minha frente? Por acaso está sofrendo de amnésia? Esqueceu o que aconteceu ali no escritório minutos antes da gente sair de casa?

— Eu nem sabia que o David estaria lá! — tentou se defender.— E daí? — Ela me deu as costas e foi para a cozinha, fazendo-me ir atrás.

— Isso justifica? Eu sei que você nunca cultiva sentimento algum pelos homens com quem dorme, mas podia ser um pouquinho mais compreensiva em respeito à nossa amizade.

De costas para mim, ela tirou uma lata de refrigerante da geladeira e encheu um copo. Quando se virou e encostou-se à pia, seus olhos demonstravam uma placidez inacreditável diante do que estava sendo dito.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Donde viven las historias. Descúbrelo ahora