CAPÍTULO 14

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Josh

Senti minha cabeça latejar no instante em que recobrei a consciência. Abri os olhos devagar e a primeira coisa que lembrei foi do que aconteceu na noite anterior. Gemi com a lembrança e cobri a cabeça com o lençol. Sentia que já era de manhã e eu devia levantar, mas estava tentando digerir o papelão da madrugada.

Depois que Any tinha ido dormir — com aquela camisa transparente que presenteou Noah a noite toda — o pessoal ainda ficou por lá mais três horas, até que Sabina e Noah foram embora. Fiquei esperando que Sina se mandasse, mas ela continuou puxando assunto. Abrimos mais algumas cervejas porque o papo estava realmente bom e, pela primeira vez desde que a conhecia, vi a garota fazer perguntas interessantes a respeito da minha profissão.

Em algum momento eu comecei a falar sobre o novo projeto e ela se interessou ainda mais quando soube que havia cenas eróticas. E a conversa começou a esquentar. Eu não era de ferro, porra! Vinha trabalhando há dias naquele texto e só um escritor entende como a gente entra de cabeça numa história, a ponto de sentir todas as emoções à flor da pele. Não seria diferente com toda a sexualidade que envolvia o livro novo. Eu estava há dias subindo pelas paredes, por causa de uma tensão que se acumulou com a seca que eu vivia há mais de dois meses.

Uma coisa levou a outra e, quando vi, Sina já estava no meu colo. Minha cabeça rodava e meus olhos pareciam duas âncoras. Eu me encontrava quase a ponto de bocejar, mas o tesão também se fazia presente. Entre beijos, lambidas, chupões e roupas indo parar no chão, eu focava no fato de que precisava transar.

Sina era gostosa e me queria. Não havia complicações.

A sala do apartamento pegou fogo enquanto eu me demorei pelo corpo dela, mas quando a garota montou em mim e eu preparei a camisinha, tudo desandou.

— Não podemos fazer barulho... — disse Sina, abocanhando meu pescoço enquanto eu deslizava os dedos pela embalagem do preservativo. Meus olhos estavam embaçados e eu me sentia um pouco letárgico. Os dedos não recebiam o comando certo. — Você precisa tapar minha boca pra que Any não acorde com meus gemidos.

Estremeci à simples menção do nome de minha amiga e puxei a camisinha para fora da embalagem. Estava tão grogue que deixei que caísse em algum lugar do sofá.

Por que tocar no nome de alguém que não tinha nada a ver com a situação?

Isso logo me fez imaginar Peach como testemunha ocular da cena, balançando a cabeça como se desaprovasse o que estava acontecendo. Pisquei e vi Any sentada ao nosso lado no sofá.

— Porra! — Segurei nos ombros de Sina e a afastei um pouco. Eu pisquei mais uma vez e meus olhos demoraram o dobro do tempo para abrirem novamente.

— O que foi? — Senti mãos deslizarem pelo meu abdômen e tocarem o elástico da minha cueca. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos. Já tinha dado.

— Não... — murmurei, querendo dormir.

— Você está broxando, Joshua? Olha, isso é um desaforo! Ninguém nunca...

E era só o que eu lembrava. Provavelmente, eu desmaiei antes que pudesse pedir desculpas a Sina ou tentar me explicar. Mas, sinceramente, agora que podia pensar com clareza, no fundo eu estava feliz por nada ter acontecido entre nós.

Sentei na cama, esfregando o rosto para despertar melhor e pisei no chão. Não lembrava de muita coisa, mas achava que Any tinha me colocado na cama.

Levantei e troquei a boxer por uma cueca samba canção, sem disposição para tomar um banho naquele instante. E logo me arrependi, pois assim que abri a porta do meu quarto, uma Sina com muita raiva me encarou do corredor.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Where stories live. Discover now