CAPÍTULO 58

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Melanie

Ela estava nervosa como não ficava há anos. Não se deixava mais envolver por ninguém, não confiava o coração a nenhum homem. Melanie aprendeu, do jeito mais duro de todos, que sempre a enxergariam como uma puta.

Há muito tempo ela só vivia para o trabalho e tentava deixar a vida pessoal de lado. Não tinha amigos, não tinha mais os seus pais, não tinha com quem se preocupar. O principal objetivo de sua vida havia se tornado somente um: juntar grana suficiente para sair daquela espelunca de boate e nunca mais precisar abrir as pernas pra ninguém que não quisesse.

O montante em sua conta bancária não era dos piores. Podia fazer inveja nas colegas de trabalho, pois afinal, a garota era responsável. Não gastava com nada supérfluo e sonhava em usar seu dinheiro para abrir um estúdio de dança.

Uma das maiores paixões de sua vida.

- Flicks, eu espero que você se comporte - Melanie ralhou com o gato.

- Eu até que gosto dele, ok?

Ela se olhou no espelho e retocou o batom nude. A maquiagem do dia era completamente diferente da que usava quando estava trabalhando.

Nem conseguia acreditar que tinha mesmo marcado encontro com o detetive bem ali, no apartamento dela. Era o primeiro homem em anos para quem ela abria a porta de sua casa e, por incrível que parecesse, estava muito ansiosa pela chegada dele.

Smith também estava nervoso quando tocou a campainha e foi recebido por um perfume levemente floral e um sorriso vacilante.

- Boa noite! - Melanie o cumprimentou ao mesmo tempo que deu passagem ao apartamento. - Fique à vontade. Quer beber alguma coisa?

- Seu cantinho é aconchegante - ele respondeu, ignorando a bebida e tocando a cintura fina dela. - Gostei daqui.

- Obrigada. Não é o melhor lugar, mas...

- É o ideal.

Ela ficou feliz com o comentário. Tinha imaginado exatamente o contrário e temeu que o detetive pudesse desdenhar de sua casa e da forma como vivia.

Se sentiu à vontade enquanto servia um pouco de vinho a ele e terminava de colocar a comida na mesa. Tinha cozinhado filé de peixe com molho de uvas, receita que aprendeu com um cliente chique que gostava de cozinhar.

E, depois que viu Smith repetir o prato, sentiu-se satisfeita com sua escolha.

Ele tocou a mão dela por cima da mesa e sorriu, descansando os talheres no prato vazio.

- Esse bendito caso me trouxe você de presente, não é? - perguntou, alisando os dedos dela. - Há muito tempo eu não ficava desse jeito por uma mulher.

- De que jeito? - Melanie sabia, pois se sentia da mesma forma, mas queria muito ouvi-lo dizer.

- De quatro. Encantado. Enlouquecido. Posso usar várias palavras. E, caso já tenha pensado nisso, eu não me importo com o seu trabalho.

- Não mesmo? - a garota de programa ficou curiosa. Não era comum ouvir aquilo de um homem com quem tentava se relacionar. Um dos primeiros assuntos que surgia era justamente quando ela largaria o emprego de puta.

O detetive puxou a mão de volta e tomou um gole de vinho. Ela esperava que a marca barata não o deixasse com muita ressaca no dia seguinte.

- É lógico que não sairei por aí falando que adoro o que você faz. Não seria verdade. - Ele voltou a segurar a mão dela. - Mas eu entendo que precisa fazer.

- Obrigada - respondeu, mexendo no cabelo. - Eu tenho planos, sabe?

Não largaria o que faço porque um homem me pediu.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora