CAPÍTULO 42

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Josh

A criatura de cabelo longo sentada no meio da minha cama conseguia me tirar do sério. Eu viajaria na manhã seguinte e ela tinha se voluntariado para me ajudar com a arrumação do que eu ia levar. Com um pacote de biscoito na mão, Any tirava algumas peças de roupa conforme eu as colocava dobradas dentro da mala.

Quando eu coloquei uma camisa que adorava usar para dormir e a mãozinha pequena a puxou de volta, eu larguei tudo e cruzei meus braços.

— Sério? Você vai implicar até com o que vou usar pra passar a noite? — perguntei.

— Tenho certeza de que você possui algum pijama melhor pra usar — disse ela, largando minha camisa no chão sem nenhuma cerimônia.

— Any, eu não vou dormir acompanhado. Pouco me importa se a roupa é velha ou nova.

— Como você pode ter tanta certeza? — A baixinha arqueou uma sobrancelha, provocando-me. Eu sabia que, no fundo, ela adoraria me ouvir dizer que não tinha mais olhos para outra mulher. Até podia ser verdade, mas eu nunca admitiria.

— Não estou viajando em busca de aventuras sexuais. Vou trabalhar.

— E se houver um incêndio no hotel e você precisar sair às pressas? Tem certeza de que vai querer aparecer no noticiário com uma camisa furada?

— Você prefere arrumar a mala sozinha? — perguntei, com um pouco de preguiça — Porque estou perdendo tempo aqui.

— Não, senhor. — Ela se ajoelhou na cama, soltando os biscoitos e limpando as mãos na calça. — Uma hora tem que aprender a se virar sozinho. E tenha dó, Josh, olha essas camisas como estão dobradas! Vai chegar tudo amarrotado!

Eu me sentei na cama, pois sabia que era uma batalha perdida.

— O que você está fazendo? — perguntou.

— Deixando o trabalho pra você — respondi, apertando o joelho dela. — Vai lá, eu sei que está louca para arrumar tudo.

Any revirou os olhos, mas eu sabia que por dentro, estava comemorando receber aquele poder. Nossos gostos eram muito diferentes e, para ser sincero, eu já tinha acostumado com a mania dela de me vestir. Às vezes, dependendo da ocasião, até ficava aliviado por ter Any por perto para pensar por mim.

Observei a criaturinha animada caminhar até meu guarda-roupa e escancarar as portas. Ela franziu os lábios, tirando algumas peças lá de dentro e trazendo para a cama.

— Certo, farei esse sacrifício por você — cantarolou, mas eu sabia que estava empolgada. — Você provavelmente terá algum tempo de conhecer um ponto turístico, passear pela cidade...

— Vou sozinho, Any. Não acho que terei saco para rodar pela cidade sem companhia.

— Estamos falando de Los Angeles, você pode se esforçar. — Ela estendeu as roupas ao meu lado. — Para ocasiões mais despojadas como essas, vou colocar esses dois jeans que são bem diferentes um do outro. E se você usar essas camisetas lisas estará sempre básico e arrumadinho.

Any parou com a mão no queixo, pensativa. Certeza que estava montando os looks mentalmente, pois quase via a fumaça saindo daquela cabeça. Ela levantou os olhos e me lançou um olhar fulminante.

— Você não vai se lembrar das minhas recomendações, não é? Acho melhor espalhar bilhetinhos pela mala — e, dito isso, saiu correndo do meu quarto e voltou com um bloco de post-it.

Eu me levantei e passei meus braços ao redor da cintura dela, puxando-a para mim.

— Sei que sempre reclamo e pareço um chato, mas adoro quando você cuida da minha aparência. — Sem pensar, dei um selinho nela, que afastou o rosto em seguida e me lançou um olhar em dúvida.

— Isso significa que vai jogar aquela calça velha no lixo?

Sorri, balançando a cabeça e mordendo a ponta do nariz dela.

— Não force a barra, baixinha.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Kde žijí příběhy. Začni objevovat