CAPÍTULO 11

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Any

Ainda esfregava os olhos e bocejava quando abri a porta do meu quarto naquela manhã, então não vi o que havia no chão, bem no meio da minha passagem. As folhas impressas se espalharam pelo corredor do apartamento quando eu chutei sem querer a pilha que estava na minha porta.

Olhei para os dois lados do corredor, sem entender muito bem. Na noite passada, quando chegamos em casa, Josh estava tão puto que se trancou no quarto e ficou lá dentro o resto da noite. Achei melhor deixá-lo quieto, pois ele costumava ser o mais tranquilo de nós dois, mas quando se irritava, parecia um vulcão jorrando lava para todos os lados. Como eu sabia que eu era a fonte de sua irritação, resolvi tomar meu banho e ir dormir.

Eu me agachei para catar os papeis. Talvez ele tenha ido para o escritório depois que peguei no sono e, por algum milagre divino, resolvera me perdoar e me dar mais material para leitura. Lancei um olhar para a porta do quarto dele, ainda fechada. Deixaria que dormisse sossegado, pois eu não estava com a menor vontade de olhar para sua carranca já de manhã.

Sorri enquanto colocava as dez folhas em ordem e decidi que podia me atrasar um pouquinho para o trabalho. Voltei para o quarto, fechei a porta e me deitei na cama, ansiosa para desvendar mais sobre Melanie e o assassino de strippers.

  Cheguei na lanchonete irradiando felicidade e até meus pais perceberam. A culpa era de Josh , ou melhor, de Melanie. Tinha lido todo o primeiro capítulo do livro e já me sentia muito envolvida com a história.

A stripper que se parecia comigo era a protagonista e tudo indicava que ela se transformaria na peça-chave da polícia para ajudar nas investigações sobre o assassino dos números. O capítulo que eu li era basicamente introdutório, mas algo me dizia que Melanie não seria apenas uma das testemunhas que encontraram os corpos das strippers. Achei que o primeiro encontro dela com o detetive Smith foi bastante intenso, mesmo que só tenha envolvido uma carona até a delegacia e o seu depoimento.

Suspirei ao ver que o carinha do croissant acabara de entrar na lanchonete. Eu estava terminando de atender um casal de adolescentes quando ele entrou na fila, sorrindo para mim. Na vez dele, antes de fazer o pedido, o homem estalou a língua e me lançou um olhar de cachorro carente.

— Eu te liguei três vezes ontem — murmurou, cabisbaixo.

— Eu sei. Qual seu pedido?

Ele levantou as duas sobrancelhas e arregalou os olhos. Aos poucos, um sorriso voltou a se formar em seu rosto.

— Então não atendeu de propósito, não é?

— Você pediu que eu anotasse meu número. — Dei de ombros, sem encará-lo.

— Não falou nada sobre eu ter que atender a ligação.

O estranho riu e sacudiu a cabeça, apoiando as mãos sobre o balcão. Eu voltei meu olhar para ele, esperando que fizesse o pedido e me deixasse trabalhar em paz.

— Um expresso e... — Eu estava pronta para bater na cabeça dele com um saco de moedas, caso dissesse a palavra croissant. — Hum, vou querer um muffin de blueberry.

Sem conseguir desviar meus olhos dos dele, registrei o pedido e guardei o pagamento no caixa. Ele sorriu e se inclinou para sussurrar, atrapalhando a fila atrás.

— Eu me chamo David.

— Próximo! — gritei.

Ele foi obrigado a se afastar e esperar até que seu pedido fosse entregue. O ruim de trabalhar com a família era ter que passar por momentos como aquele e aturar intromissão dos parentes. No caso, minha mãe.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Where stories live. Discover now