CAPÍTULO 12

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Josh

Era a quinta vez que eu olhava para o relógio desde que Noah e Sabina chegaram. Onde estava a Any? Justo no dia em que preciso comemorar, ela resolve fazer hora extra na lanchonete?

Os dois estavam esparramados no sofá, com suas cervejas pela metade e um questionário sem fim para tentar descobrir do que se tratava aquela reunião. Eu dei mais um gole na minha cerveja e sorri para eles.

— Vamos esperar só mais um pouco. As meninas devem estar chegando.

E realmente, eu ouvi o barulho da chave na fechadura da porta. Any foi a primeira a surgir na entrada, seus olhos escuros cravaram sobre os meus numa pergunta silenciosa. O corpo dela cambaleou para frente quando Sina a empurrou para poder entrar.

Sina era... Sina. Cansativa. Ela era muito bonita e sabia disso. Pior, sabia utilizar dessa artimanha e achava que todos os caras precisavam lamber seus pés.

Tentava ser sempre o centro das atenções numa roda de amigos ou mesmo que estivesse entre desconhecidos. Suas roupas espalhafatosas num estilo boho chic já falavam por si só.

— Josh! — Ela passou os braços pelo meu pescoço sem dificuldade, pois era alta e vivia de saltos, e beijou bem perto da minha boca. — Quanto tempo!

— Nunca será tempo suficiente — sorri e ela retribuiu, mas duvido que se importasse com a ironia.

Sina me soltou e foi agarrar a próxima vítima. Se jogou sobre Noah no sofá e apoiou as pernas no colo da pobre Sabina . Respirei fundo, tentando entender como Any e Sina podiam ser tão amigas, visto que uma não tinha absolutamente nada a ver com a outra.

Voltei minha atenção para a figura pequena ao meu lado, que me encarava com os olhos estreitos e as mãos na cintura. Eu sabia que esperava por alguma explicação. Sempre que ela fazia aquela cara de desconfiada eu sentia vontade de esmagar suas bochechas e beijar sua boca.

TESTA. Eu quis dizer testa.

Balancei a cabeça para espantar a imagem terrível que tinha se formado diante dos meus olhos.

— Bonito, hein. Eu lá na lanchonete, trabalhando que nem uma condenada e você aqui, bebendo e comemorando alguma coisa que esqueceu de me contar.

— Alguém precisa manter essa casa — respondi e ela me lançou um olhar ameaçador pela brincadeira. Any não ganhava tão mal, mas desde que comecei a ganhar dinheiro de verdade com meus livros, passei a bancar tudo em nosso apartamento. E me sentia muito bem fazendo isso. — E eu não esqueci de contar nada, pois só recebi a notícia hoje à tarde. — Passei um braço pelos ombros dela e ofereci minha cerveja, que ela agarrou prontamente e levou à boca. — Queria que todos estivessem juntos porque é mesmo um motivo para comemoração.

— Desembucha, criatura! Quer me matar de curiosidade?

Me esquivei do soquinho inofensivo que ela tentou dar em minhas costelas e a puxei até nossos amigos. A conversa estava um pouco confusa, um falando junto com o outro, três assuntos diferentes e ninguém se entendia. Eu limpei a garganta.

— Gostaria de avisar que Degraus vai mesmo virar filme. — Talvez eu tenha falado baixo demais para que Sabina , Noah e Sina escutassem, visto que o papo entre eles estava animado. Any, no entanto, virou a cabeça tão rápido na minha direção que as pontas do cabelo negro estalaram em seu braço.

— Repete. — Ela olhou para os três sentados no sofá e gritou. — Calem todos a porra da boca!

Essa era a minha garota. Grossa na medida certa. As três cabeças se viraram para nos encarar e eu sorri.

— A Paramount Pictures comprou os direitos para produzir Degraus. Se tudo correr como esperam, o filme sairá no final do ano que vem.

O silêncio devido ao choque durou cerca de quatro ou cinco segundos. Logo em seguida, o som produzido por várias vozes gritando e urrando impossibilitou que qualquer palavra fosse compreendida.

Any foi a primeira a se pendurar em mim, ou tentar, pelo menos. Ela deu aqueles pulinhos minúsculos enquanto agitava as mãos até que a peguei no colo e passou os braços pelo meu pescoço. Seus olhos estavam arregalados quando agarrou meu cabelo.

— PUTA MERDA! — gritou, sacudindo minha cabeça como se eu fosse algum bonequinho de pilha. — Debby Paxton no cinema! Porra! Porra!

Debby Paxton era a protagonista de Degraus e eu sabia que Peach já estava tentando imaginar quem seria a atriz que viveria o papel. Não consegui evitar o sorriso largo que se formou em meus lábios e que era capaz de rasgar meu rosto.

Eu estava feliz pra caralho!

— Vamos conhecer Hollywood — lembrei a ela.

— Vamos para o Oscar! — gritou.

Encolhi os ombros ciente de que ela estava exagerando. Eu não tinha pretensões que a adaptação de meu livro concorresse a um Oscar. Sabia que, por mais fiel que fosse à obra original, todo mundo sempre acabava preferindo o livro.

— Ok, não precisamos sonhar tão longe assim.

Any revirou os olhos e enterrou o rosto no vão do meu pescoço. Respirei fundo, apertando o pequeno corpo em meus braços. E lembrei que nossos amigos ainda esperavam para me cumprimentar, em fila indiana e com caretas nos rostos.

— Nem a lua é tão distante pra você — Peach sussurrou em meu ouvido antes de me soltar. — Lembre-se disso.

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Where stories live. Discover now