CAPÍTULO 49

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Melanie

A chave girou na fechadura quando a garota de programa destrancou a porta de seu apartamento. As noites estavam se tornando cada vez mais frias e, assim que entrou em casa e ligou o aquecedor, precisou dar uns pontapés para que ele funcionasse direito. Não tinha direito para chamar alguém e mandar consertar o aparelho.

Melanie soltou o casaco pesado no gancho atrás da porta e puxou o cachecol que protegia seu pescoço. Quando se virou e esticou a mão para acender a luz da sala, não viu a sombra que se moveu no interior do pequeno quarto.

— Ei, Flicks! — ela chamou pelo gato peludo que aquecia seus pés à noite.

Tinha encontrado o felino abandonado na rua há dois anos, bem na porta de seu prédio. Na época, ele era puro osso e arredio, mas ela sentiu vontade de cuidar dele e levá-lo para dentro. Melanie nunca teve um bicho de estimação quando criança porque os pais não permitiam e, mesmo depois que saiu de casa, evitou pegar mais responsabilidades para sua vida.

Aqueles olhos amarelados, no entanto, mexeram com o coração da moça e ela não resistiu. Levou o gato ao veterinário, alimentou-o bem para que engordasse um pouco e deu todo o amor que ele merecia e sempre devolvia.

Flicks ficou de vez e cresceu saudável, mas os traumas de uma vida na rua nunca o deixaram por completo. Ele era um animal tranquilo, mas sempre foi muito independente. Não gostava de ficar no colo nem exigia muita atenção, o que era ótimo para Melanie, que passava tanto tempo fora de casa.

Por isso, apesar de ter visto o gato todo encolhido no espaço estreito entre a parede e o sofá, não foi nenhuma novidade para a mulher. Flicks, de vez em quando, ficava um pouco antissocial e não queria papo com ninguém.

Melanie colocou a ração no pote dele e trocou a água antes de começar a mexer nos armários da cozinha para preparar algum lanche. Por mais tarde que chegasse em casa, ela não conseguia dormir com o estômago vazio.

De costas para a porta da cozinha, ela não viu o momento em que o vulto saiu do quarto e entrou no banheiro. Continuou cortando as fatias de pão e mexendo os quadris enquanto cantarolava uma música na cabeça.

Pensou no detetive Smith e em como ele estaria lidando com sua falta de notícias desde a bendita noite de sexo selvagem na boate. Ela riu, se achando louca. Uma das regras mais claras da casa noturna era que as garotas não podiam, de forma alguma, transar com seus clientes lá dentro. Mas ele não era cliente, certo? Não tinha transgredido nenhuma regra.

Melanie largou o sanduíche e mordeu a unha do polegar, sentindo-se umedecer ao relembrar em detalhes tudo que tinha acontecido entre eles. Há algum tempo ela não se animava com nenhum pretendente e precisava admitir que Smith era um homem diferenciado. Conseguia imaginar-se num encontro romântico com ele.

— Flicks, deixe de ser bobo. Eu vou tomar um banho e espero que o senhor saia desse buraco — ela falou com o gato, sem se importar que algumas pessoas achassem loucura conversar com animais. — Você precisa aquecer os pés da mamãe.

A garota de programa parou na porta do banheiro e deslizou a mão pelos azulejos até alcançar o interruptor. Atrás da porta, uma faca foi empunhada numa mão masculina, à espera da aproximação de Melanie.

Os segundos pareceram congelar à medida que o coração dela batia no peito. A mulher, no entanto, estava alheia ao que acontecia. Ela olhou na direção da sala, observando um Flicks preguiçoso caminhar até a cozinha.

— Flicks, o que você acha de a gente convidar o detetive para conhecer nosso apartamento? — perguntou, animada. — Acho que consigo achar aquela droga de cartão em algum lugar no quarto.

Ela se afastou do banheiro e entrou no outro cômodo, sentando-se na cama enquanto mexia na gaveta de uma cômoda. Encontrou o cartão de Smith, mas ele escorregou de sua mão e caiu aos pés da cama. O tempo que Melanie levou para se curvar e pegar de novo o cartão, foi suficiente para que um vulto saísse do banheiro e sumisse na sala.

— Sabia que tinha guardado! — a mulher se levantou e voltou ao corredor, estremecendo com o frio repentino que tinha invadido o apartamento.

Achando aquilo estranho, ela chegou na sala e franziu a testa para a janela aberta e a cortina que voava com o vento. Tinha certeza que, minutos antes, toda a casa estivera trancada.

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Oie besties, espero que tenham gostado do capítulo.

 E passando pra avisar que quando esse capítulo tiver 10 curtidas e 10 comentários, eu posto o próximo capítulo!

Sedutora amizade - ADAPTAÇÃO Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora