06| Lindos olhos

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"Dean tava sofrendo sua dor de cotovelo até que ela esquece de comer e passa mal."

ÀS SEIS HORAS da noite eu me encontrava se arrastando pelos corredores do colégio até o meu quarto. Quando saí da biblioteca, achei que minhas pernas enfraquecidas fossem resposta de um dia extremamente longo e cansativo, mas quando meus olhos passaram a pesar e minha visão a ficar turva, percebi que algo estava errado.

Sentindo tudo girar a minha volta, parei no meio do corredor esperando até que a maldita tontura fosse embora, mas só parecia ficar pior a cada segundo que se passava. Tudo estava ficando tão distante, o final do corredor, os sons vindo do refeitório... os livros se chocaram contra o chão em um baque surdo, no momento, em que perdi completamente a força nos braços. Meu cérebro estava se desligando lentamente e eu não sabia mais o que fazer.

Desisti de tentar lutar contra, no instante, em que senti meu corpo desabando. Era isso... eu desmaiaria no meio do corredor e ninguém viria me ajudar. O melhor a fazer era desistir de uma vez e apenas esperar a escuridão me engolir por completa.

― Hey, vai com calma aí, esquentadinha! ― senti o calor de alguém me envolver subitamente e logo a sensação de estar caindo em um posso sem fundo, sumiu. Seu toque era quase inexistente em minha cintura, mas eu ainda podia senti-lo ali, sussurando para que eu aguentasse apenas um pouco.

Não feche os olhos, Anna Lis!

Hey, olhe pra mim! Você precisa ficar acordada até que eu consiga ajuda...

Eu tentei olhar para ele, mas seu rosto não passava de borrões. E tudo era tão doloroso...

Não, não, não... tem que manter seus lindos olhos abertos, esquentadinha.

Por favor!

Ele parecia tão desesperado e eu queria tanto poder ajudá-lo, mas permanecer acordada parecia tão errado, mais tão errado que apenas deixei minhas pálpebras fecharem de uma vez.

Droga!

Foi a última coisa que escutei antes de cair em um sono sem sonhos.

(...)

Ouvi vozes vindo de algum lugar distante, mas quando tentei abrir os olhos para verificar a quem elas pertenciam, nada aconteceu. Meu corpo parecia terrivelmente dormente e se negava a receber meus comandos. Mas conforme os segundos se passavam, as vozes iam se tornando mais audíveis. Se tratava de duas pessoas. Um homem e uma mulher, talvez...

― A encontrei cambaleando pelos corredores e consegui segurá-la antes que rachasse a cabeça no chão, mas ela desmaiou nos meus braços logo depois...

Dean. Essa era a voz dele.

― Verifiquei na ficha da garota e não encontrei nenhum problema médico. Desconfio que, o que ocasionou a fraqueza, e em seguida, o desmaio foi um desgaste emocional. Ela deve sentir falta de casa, é algo bem comum. Nesses casos não há muito o que fazer... a Srta. Scott só precisa se alimentar melhor e aprender a lidar com a distância. ― explicou a mulher soando fria o bastante para congelar o inferno.

Escutei passos se afastando e por intuição eu soube que se tratava da enfermeira rabujenta.

Droga, ela não pode me deixar sozinha com esse idiota, choraminguei mentalmente.

Mesmo já sendo capaz de abrir os olhos, permaneci com os mesmos fechados. A minha vergonha não me permitia encara-lo ainda. Se minha audição ainda fosse confiável e eu realmente ouvi certo, Dean Stone foi aquele que me salvou de um provável traumatismo craniano. Ótimo. Maravilha. Nada melhor do que estar em dívida com o seu pior inimigo.

Senti vontade de correr para longe da maldita enfermaria, quando o garoto se aproximou da minha cama e segurou minha mão carinhosamente, fazendo círculos com o polegar na mesma.

― Hey, você me deixou preocupado. ― Sua voz era quase um sussurro.

― Tentei te deixar acordada, mas você é sempre tão teimosa... eu nunca tinha visto alguém desmaiando antes, muito menos em meus braços. ― Suspirou. ― Faz ideia de como foi aterrorizante te ver naquele estado? Eu não sabia o que diabos fazer, e passei quase cinco minutos paralisado com você inconsciente nos meus braços antes de, finalmente, lembrar que essa droga de escola tem uma droga de enfermaria.

Não sabia explicar bem o porquê, mas a minha raiva pelo cretino havia desaparecido com toda aquela merda que ele disse. Por mais que eu procurasse no lugar mais profundo da minha alma, não a encontrava.

Eu não possuía muitas lembranças de antes do desmaio, mas as poucas se tratava do Stone implorando para que eu permanecesse acordada. E suas palavras soavam tão desesperadas, como se ele realmente se importasse...

― Te carreguei no colo até aqui e juro que não te deixei nem por um segundo. ― sua voz era mais rouca do que no início, deixando-a ainda mais bonita.

Oh céus, se ele não calasse a boca logo, minha armadura seria destruída em poucos segundos...

Dean levou sua outra mão até meu rosto, roçando os dedos levemente pela pele da minha bochecha. E me forcei a não corar sob seu toque.

― Você consegue ser ainda mais bonita dormindo, Lis...

Fodida. Eu estava tão fodida!

Cale a maldita boca, pelo amor de Deus!!

― Sr. Stone, o toque de recolher passou tem cinco minutos. ― a voz da enfermeira voltou a soar de algum lugar não muito longe, e acho que simpatizei um pouco mais com ela depois disso. ― preciso pedir que vá para o quarto antes que leve uma detenção.

― E se ela...

― Se a senhorita acordar, estarei aqui para auxilia-la no que for preciso. Mas agora o senhor precisa ir.

Pelos segundos silenciosos que se passaram, Dean parecia realmente relutante em aceitar.

Por que diabos ele apenas não ia embora de uma vez?

― Certo! ― finalmente cedeu. E logo sua mão não estava mais na minha, nem a sua presença no cômodo. Ele tinha finalmente ido embora, e agora, eu não sabia se agradecia ou se sentia falta da sensação dos seus dedos roçando minha pele.

Sempre | Melhores momentosWhere stories live. Discover now