|THE END|

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Dean Stone

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Dean Stone

As pessoas sempre tinham a mania irritante de me chamarem de "o garoto prodígio" ― bom em esportes, música, estudos e mais uma porrada de bobagens ― no entanto, nunca consegui aceitar o "elogio", porque sempre soube o verdadeiro caos que era a minha vida. Enquanto se iludiam com um garoto perfeito, minha consciência vazava uma lista sem fim de erros e mais erros que já cometi durante toda a minha existência. E aceitar ir ao maldito evento na sexta, para assinar um contrato com Marcos Abdalla foi somente o primeiro erro de um final de semana fodido. Entrar em uma sala a sós com a louca da minha ex diretora de Marketing, tinha sido o segundo. Deixar Anna Lis entrar no carro de um estranho psicótico, o terceiro. Perder a cabeça e bater no imbecil até sentir os dedos ficarem dormentes havia sido o quarto e provavelmente o pior. Como meu querido pai mesmo havia feito questão de cuspir, meus movimentos foram completamente desprovidos da racionalidade mais básica e por esse meu "erro" as coisas poderiam se tornar um verdadeiro jogo de caça. E porra, como eu odiava que aquele velho estivesse certo. Mas agora era tarde, não dava para voltar atrás... e mesmo que desse, eu duvidava muito que pudesse fazer diferente. Se tratava da Anna Lis, minha esposa. O desgraçado havia apostado uma noite com a minha mulher. Ele e outro idiota, com a identidade ainda desconhecida, tinham tratado ela como a porra de uma mercadoria; foram burros o bastante para chegarem a ameaçar a segurança dela e não havia chances de algo assim ser ignorado. Mas, mesmo que o quarto erro fosse considerado o pior em questão de consequências, o quinto foi o responsável por foder tanto com a minha cabeça que precisei cometer o sexto. Brigar com o meu pai e sair de casa, deixando Anna Lis pensar que eu estava abrindo mão de tudo, foram os dois erros mais fodidos de todos, porque quebrei minha promessa. Quando pedi minha esposa em casamento três anos atrás, prometi a mim mesmo e a ela que nunca mais voltaria a ser aquele que afastava as pessoas. O que desistia quando as coisas apertavam. E foi por isso que, mesmo odiando a minha mãe, deixei que a mesma voltasse para a minha vida. Anna Lis precisava de uma imagem materna, por mais irônica que fosse a situação, e meus filhos tinham o direito de conviver com a avó. Como negar isso aos três por um motivo completamente egoísta?

Então deixei que Suzana fosse inserida em nosso espaço familiar e passasse a frequentar nossa casa com a frequência que desejasse. E não vamos esquecer que, sempre com o meu pai em seu encalço. Foda-se. Não faço ideia de como ele pode perdoá-la tão facilmente, e menos ainda de como pode voltar a amá-la tão ferozmente. Apenas sei que não sou capaz de fazer o mesmo. Eu tentei, juro que tentei. Por um ano e três meses engoli qualquer porra de vontade de manda-la sumir da minha vida sempre que ocupávamos o mesmo espaço. Mas hoje, justo hoje, eu tive que quebrar a promessa e foder com toda a harmonia da casa. Droga, só era preciso engolir toda essa merda de raiva e carência por mais uma noite. Mas veio tudo de uma vez... o problema com o Abdalla, quase perder a Anna Lis, levar um sermão por ter feito um coisa idiota que eu, com certeza, faria de novo. E então, aquela mulher fingindo ser algo que não é. Porra, foi demais para suportar e simplesmente explodi, deixando escapar coisas que prometi nunca externar. Então havia raiva e dor aonde quer que eu olhasse. E não importava o quão fundo eu tentasse enterrar a fodida discussão, ela ainda soava alto em minha cabeça feito um alarme de incêndio; insistindo para que eu abrisse mão do castelo antes que fosse tarde demais e tudo virasse ruínas.

Sempre | Melhores momentosWhere stories live. Discover now