11| Reescrever as estrelas

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"Eles vão cantar um dueto juntos e marcaram de ir até o auditório para ensaiar. Lis se atrasa por estar doente."


O espaço estava pouco iluminado, somente as luzes do palco estavam ligadas, dando um ar dramático ao ambiente. Meus olhos rapidamente encontraram o meu ex vizinho sentado em frente a um deslumbrante piano de cauda preto. Sua cabeça estava recostada sobre a base do instrumento, o rosto virado na direção das cortinas vermelho carmesim, longe da minha visão. Passei a caminhar em sua direção antes que pudesse me dar conta. Estranho. Presenciar ele cantando sozinho uma música que claramente nos descrevia, deveria me querer ficar ainda mais longe dele e do seu amor todo errado, mas teve exatamente o efeito contrário.

― Estava começando a pensar que talvez tivesse me dando um bolo, Scott. ― Dean murmurou sem levantar a cabeça do piano. Meus pés hesitaram por um segundo sobre a pequena escada na lateral do palco, e encarei suas costas rígidas, mesmo que sua posição transparecesse nada além de calmaria.

― Onde arrumou um piano? ― devolvi, deixando minha curiosidade levar a melhor.

Voltei a me mover, um pouco mais confiante dessa vez, parando apenas para me colar de pé ao seu lado e apoiar meus cotovelos sobre o instrumento bem polido. Dava facilmente para ver meu reflexo nele.

― Não foi eu... já estava aqui quando cheguei. ― As palavras, aparentemente monótonas, escondiam uma breve irritação. Senti a necessidade de explicar o motivo por trás do meu atraso, mas logo descartei a ideia. Explicações gerariam perguntas, e perguntas gerariam passado.

― Vamos usa-lo para ensaiar? ― questionei.

O rapaz se colocou ereto e apenas me fitou com olhos castanhos inexpressivos. Sem um único ruído. Sua atenção desceu da altura dos meus olhos até as minhas bochechas, e por fim, os lábios. Precisei engolir à seco enquanto uma sensação de formigamento percorria minha espinha a cada instante que se passava e seu olhar permanência sobre meu rosto.

― O que aconteceu? ― Dean questionou, sua voz rouca e profunda perfurando meus sentidos feito uma faca afiada. Cantar, falar, olhar. Tudo nele me deixava impotente.

― Do que está fala...

― Você está pálida e parece a ponto de quebrar. O que está acontecendo? ― me cortou, preocupação genuína se apossando das feições perfeitas.

Inferno.

Odiava quando o idiota soava tão prestativo. Será que ele não percebia como acabava tornando mais difícil meu objetivo de fingir odiá-lo?

― Nada está acontecendo, Stone. Vamos apenas começar isso de uma vez, por favor... ― chiei quase baixo demais, no entanto, minha dupla ouviu. Seus olhos se estreitaram em minha direção, e ele apertou o lábio inferior entre os dentes como se ponderasse entre fingir acreditar ou apenas me infernizar pela verdade até que minhas paredes cedessem de uma vez. Sua expressão permaneceu tensa e desconfiada por mais alguns instantes, antes de relaxar quase que por completo novamente.

Sempre | Melhores momentosWhere stories live. Discover now