12| Eu só queria que você soubesse

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"De volta a época em que os protagonistas eram vizinhos, eles acabam compartilhando um momento fofo depois que ele a salva de um atropelamento."

Eu quase a perdi

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Eu quase a perdi. Quase...

Apertei a garota mais contra meu corpo, sentindo as batidas frenéticas de ambos os corações embalar em um só ritmo ao mesmo tempo que a ouvia soluçar baixinho. Cansado e ofegante, deixei minha cabeça cair de encontro ao seu ombro, aproveitando a oportunidade para inalar profundamente o aroma de baunilha com laranja que vinha dos fios macios de seu cabelo. Quase a perdi, a compreensão amarga continuou a se repetir em minha mente como uma faca afiada. Mais um segundo e aquele motorista de merda a teria machucado. Mais um segundo, e ela nunca teria a chance de saber o quanto seu vizinho era apaixonado pela mesma desde o primeiro segundo que a viu. Muito menos que o idiota respirava sua existência como se fosse o próprio oxigênio circulando em suas veias. E esse vizinho idiota era eu. Tão perto, porra. Enterrei meu rosto na curva do seu pescoço para esconder meu olhar marejado e mordi o lábio inferior com força, tentando manter as lágrimas no lugar. A garota em meus braços definitivamente não precisava de um covarde chorão naquele instante, muito menos do filho da mãe insensível que eu vinha interpretando desde que nos conhecemos. Ela precisava do verdadeiro Dean Stone, o cara que destruiria o mundo por sua felicidade, e então o reconstruiria tudo outra vez somente ao seu agrado.

Senti meu peito apertar, uma dor oca reverberando em meus ossos, no instante em que os soluços da garota aumentaram e seu corpo passou a convulsionar desesperadamente sob meu aperto. E sim, eu já a tinha presenciado chorar por mais vezes do que realmente gostava de confessar, mas nunca de uma forma tão... vulnerável. Anna Lis era do tipo de pessoa que, independentemente do tamanho do corte, sempre escolhia o modo mais silencioso de demonstrar o quanto estava doendo. Isso significava que o máximo que você poderia tirar dela seria um queixo trêmulo e lágrimas espremendo seus olhos. E sempre achei a sua reação sufocante para caralho, mas aquilo era muito pior. Havia dor, medo, solidão e exaustão moldando cada um dos sons abandonando seus lábios. Sem falar que, eu nunca havia me sentido tão ligado a alguém como naquele momento, porque, chorar alto parecia mais libertador do que quebrar coisas e muito mais íntimo do que beijar alguém. E, ainda assim, ela tinha compartilhado o seu momento de vulnerabilidade comigo. Não com Lucas Graham, a porra do seu melhor amigo. Ela tinha se segurado a mim, e apenas a mim. Intensifiquei meu aperto em volta da sua cintura e com o polegar lentamente iniciei, por cima da blusa, um carinho na lateral do seu corpo. Não fazia ideia se o pequeno movimento mudaria alguma coisa, somente o fiz, até que os tremores em seu corpo começassem a diminuir e seus batimentos cardíacos eventualmente desacelerassem. Depois daí, não custou muito para que os soluços também se perdessem no nada, deixando somente nós dois, abraçados naquela rua deserta, como se fossemos realmente o refúgio um do outro. E céus, mas cada célula presente em meu corpo implorava para que o tempo fosse congelado, e eu nunca precisasse soltá-la. Era por esse tipo de merda que sempre tomava cuidado em manter-me afastado no mínimo uns três metros de distância. Sua proximidade era um perigo conhecido para a minha razão, e sempre seria.

Foda-se. Isso não importava mais...

Não importava nenhum pouco.

Não quando a razão estava valendo tão pouco quando comparada com a sensação mágica que era sentir o calor da sua pele contra meus dedos. Minha. Anna Lis Scott precisava ser minha... minha garota. Meu anjo. Isso sim era tudo o que importava. E assim como havia lhe prometido antes, eu nunca deixaria que a machucassem. Não mais... Fosse um idiota bêbado dirigindo a merda de um carro, os babacas da nossa sala ou até mesmo eu.

― Vamos, vou te levar em casa. ― Me obriguei a dizer assim que notei seu corpo ficando mais frio a cada rajada de ar que passava por nós. A soltei vagarosamente, e encarei seus olhos levemente inchados que, apesar de estarem envoltos por vermelho, o âmbar pintando sua íris estava ainda mais brilhante que o normal. E me fitava de volta com tanta intensidade que senti meus joelhos fraquejarem por alguns segundos. Linda, porra. Ela era a coisa mais linda que já tinha tido o prazer de colocar os olhos.

Cheguei a pensar em declarar o elogio em voz alta, no entanto, mordi a língua no momento em que a Scott afastou o olhar e começou a andar para casa sem dizer uma única palavra. Completamente frustrado, escondi as mãos dentro dos bolsos da bermuda e me juntei ao seu lado. O curto caminho foi silencioso, no entanto, consegui me divertir bastante com os olhares nada disfarçados da garota. Seus olhos grandes e brilhantes pareciam dois sinalizadores mirados em minha direção, como se eu fosse a coisa mais interessante da face da terra. Essa era umas das coisas que mais gostava nela, aliás. Porque, mesmo não acreditando que alguém pudesse realmente me amar, quando a garota ao meu lado me olhava era exatamente assim que eu me sentia. Amado. O cara mais amado do mundo, porra. Pouco importava meus erros ou acertos, se estava inteiro ou quebrado. Muito menos minhas tentativas falhas de afastá-la. Anna Lis Scott havia me amado quando nem mesmo meus pais conseguiram, e isso era muito mais do que um filho da mãe como eu poderia pedir.

Com isso em mente, voltei para casa aquela tarde e me sentei em frente a escrivaninha complemente ciente da minha decisão. A Scott merecia saber que era amada igualmente.

E ela saberia...

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