40| Nunca deixamos um Stone para trás

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Se me pedissem para explicar o que diabos havia acontecido naquela sala, eu não faria ideia de por onde começar. Muito menos seria capaz de julgar o lado errado ou o certo da história. Mas de uma coisa eu sabia bem, estava se tornando quase impossível ignorar a onda de raiva que crescia em meu ser toda vez que repassava a fala repugnante do meu sogro.

Stone era o problema?

Eles fodiam com a infância dele, e ele era o problema?

Dean não costumava falar sobre o passado, tinha quase uma aversão a ele. A época que morou com os pais era quase assunto proibido entre nossos diálogos. Mas hoje, o rapaz tinha passado em cima do próprio orgulho ao se expor daquela forma. Ele nunca havia se deixado tão vulnerável e quando finalmente o fez, seu próprio pai desdenhou como se os sentimentos dele não fossem nada. Que diabos de pai Lucca Stone era? Eu não gostava de me meter na relação instável dos três, porque como podem ver, eu tinha me afeiçoado a minha sogra e adorava a minha atual situação familiar. Apesar de não ser perfeita, ainda estávamos juntos e tivemos nossos momentos bons.

Contudo, cuspir todas aquelas baboseiras para o homem que eu amava e pai dos meus filhos, havia sido uma merda sem tamanho da parte de Lucca. O filho dele era tão insubstituível para a família quanto qualquer um ali.

Sem conseguir mais manter a raiva reprimida, virei-me na direção do homem de cabelos grisalhos e feições duras. Eu tinha que dizer alguma coisa ou acabaria explodindo...

― Sei que não posso opinar sobre os problemas que envolvem os três, e nem tenho o direito de julgar ninguém pelos erros do passado. Mas se voltar a proferir qualquer coisa parecida com as palavras absurdas de hoje a noite, seu problema passará a ser comigo. ― Ameacei com a voz entre cortada olhando diretamente nos olhos castanhos tão idênticos aos do Dean.

― Com todo o respeito, Anna Lis, mas não pode me dizer como tratar o meu filho... ― Lucca rebateu com a expressão ridiculamente neutra, fazendo minha entranhas se remexerem em repulsa.

― Com todo o respeito, Lucca, mas o que acabou de fazer não foi uma atitude de pai. Você o tratou como um inimigo... ― Acusei. Sabia que era um ato perigoso, mas foda-se! Ninguém machucaria o Dean achando que não teria retaliação. ― E como já é o esperado de um Stone, explorou a fraqueza dele e atacou sem remorso. Sei disso porque conheço o seu filho mais do que qualquer um presente nessa maldita sala, e sei que são mais parecidos do que imagina. Então, não tente crucificá-lo ou estará crucificando a si mesmo. ― vi a expressão do homem vacilar por alguns segundos, e dei-me por satisfeita.

Sem esperar por uma resposta do homem, voltei minha atenção para a mulher que havia se sentado no sofá e chorava baixinho com a face escondida entre as mãos.

― Sinto muito por tudo o que teve que escutar essa noite, Suzi. ― Suzana tirou o rosto entre as mãos e me olhou de volta com o rosto banhado em lágrimas. Meu coração doeu com a imagem. ― Eu não a conhecia tão bem há alguns anos atrás, e acho que de certo modo isso foi bom para a relação que temos hoje. Não ter lembranças ruins da pessoa que costumava ser no passado ajudou para que eu pudesse conhecer de verdade a mulher que se tornou hoje. Mas pra Dean as coisas são diferentes... a cicatriz ainda está bem aberta e ele não sabe como deixa-la fechar. Tudo o que ele vem passando tem sido demais para suportar sozinho, e nos últimos dias isso o vem deixando fora de controle.

― Ele está sempre fora de controle. ― se intrometeu Lucca. Seu tom de voz era seco e desdenhoso.

Não precisava ser nenhum gênio para saber que o homem não se referia apenas à discussão relacionada aos três, mas também ao desentendimento com Marcos Abdalla.

Pela primeira vez em três anos, me vi completamente furiosa com o pai do meu esposo.

― Dean não está "sempre" fora de controle. Seu filho está sobrecarregado com as responsabilidades que o senhor e o legado da sua família jogaram sobre ele. E não vou culpá-lo por ter me protegido... ― Rebati tentando não soar rude, mas foi quase impossível manter a acidez em minha voz, controlada. ― Se me derem licença, preciso verificar o tamanho do estrago.

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