24| Faca cravada no peito

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Dean viu. Ele viu tudinhoo.

Me levantei do tapete com a garrafa de vodka pela metade e andei até a porta

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Me levantei do tapete com a garrafa de vodka pela metade e andei até a porta. E quando abri a mesma, dei de cara com a única pessoa que não estava pronto para ver. Lis me olhava cautelosa, e um sorriso minúsculo estava em seus lábios. Suas bochechas estavam vermelhas e seu cabelo um pouco bagunçado... meus músculos enrijeceram por saber o motivo.

Olhar para Lis depois do que presenciei era ainda mais doloroso.

Engoli em seco o nó em minha garganta e apertei os dedos ao redor do gargalo da garrafa.

- Você voltou. - Foram as primeiras palavras anunciadas pela garota. Seus olhos estavam brilhantes, e eu não conseguia entender o porquê. A noite deve ter sido boa, pelo visto. E rápida...

- Quando não te vi na segunda feira de manhã achei que tinha voltado para New York... - Voltou a falar. Sua voz estava irritantemente doce, o que não era algo comum quando o ouvinte era eu. - Está tudo bem? - Lis baixou o olhar para a garrafa em minha mão esquerda. Não era a primeira vez que tinha feito aquilo, mas na terceira ela não se importou nenhum pouco em ser sutil.

- Estou ótimo. - Tomei cuidado para não ser grosseiro ou falar algo por impulso, afinal de contas, a vida sexual da minha vizinha não era da minha conta.

Mas ainda assim não pude evitar a frieza em meu tom de voz... e a garota percebeu.

- Sei que esta tarde e não era minha intenção ser incômoda... eu só... apenas... - Lis gaguejou um pouco tentando se explicar. - Acho que eu só queria te ver. - Deu por fim.

Pisquei algumas vezes, não acreditando no que tinha ouvido. O rosto da garota havia ganhado um tom mais avermelhado e pela sua expressão, nem ela estava acreditando no que a mesma proferiu.

- Eu não quis dizer isso... apenas queria ver se estava tudo bem já que você sumiu por uma semana inteira... isso é normal, não é? Ficar preocupada com os vizinhos... - Ela falava e falava, e então se corrigia. E quanto mais a garota se complicava, mais eu me esquecia dos motivos de estar com raiva. Reparei na forma em que sua boca pequena se movia, enquanto a mesma falava algo que eu não fazia a mínima ideia do que era. Mas então seus lábios, subitamente, pararam de se mover e fui obrigado a subir a vista para encarar seus olhos.

Lis tinha uma sobrancelha arqueada e uma expressão curiosa.

- Você não está prestando atenção no que estou dizendo, né? - questionou a garota.

- Não. - Fui sincero. - Acho que deve ser por causa do álcool em meu organismo, não sei... - Completei indiferente.

- Posso ir embora se quiser...

- Você quer ir? - É, talvez eu realmente estivesse bêbado... flertar com a garota, mesmo depois de ter visto ela com outro cara era de uma idiotice sem tamanho.

- Não vou cair nesse joguinho... - semicerrou os olhos e cruzou os braços.

- Que joguinho, Scott? - me escorei no batente da porta e lhe lancei um olhar desafiador.

- Está me desafiando como sempre fazia no ensino médio... você quer que eu entre aí, mas não vou fazer isso. - Rebateu confiante.

- Não estou fazendo nada, Scott. A sua cabecinha paranoica está inventando tudo isso, porque na verdade você está louca para entrar. - Deixei que um sorriso torto enfeitasse meu rosto.

- Ainda está jogando, mas continuo firme na minha decisão. Não vou entrar na casa do lobo mau.

Deixei que um riso escapasse dos meus lábios, enquanto seu rosto continuou sério.

- Eu ia fazer um café, pensei em ser educado e te convidar. Só isso... - tentei parecer inocente.

- Um café? Não vou cair nessa.

- E se eu disser que não sei fazer café, e se você não fizer pra mim vou acordar com uma puta dor de cabeça, amanhã? - Parti para a chantagem.

Lis semicerrou os olhos outra vez.

- Não é problema meu se você bebeu demais... - Retrucou ríspida.

- É sim, já que a culpa é sua. - Às palavras escaparam da minha boca antes que eu pudesse pará-las.

Vi a garota ficar imóvel em minha frente, e seu rosto perdeu a cor.

- O que quis dizer com isso? - A voz estava um pouco trêmula e baixa. Ela não me olhava mais nos olhos, envergonhada...

E por mais que me doesse saber o motivo da sua vergonha, forcei um sorriso descontraído e me desescorei do batente.

- Estou dizendo que sofro por você todos os dias... - Meu sorriso era a porra de um fudido, mas eu não queria que ela fosse embora...

Vi quando seu olhar se suavizou e seu rosto voltou a corar, novamente. Lis deixou um pequeno sorriso aparecer, relaxada.

- Tudo bem, vou fazer o café. Mas vai se arrepender de ter me convidado, meu café parece água suja. - Scott se aproximou a passos relaxados e abri espaço para que ela entrasse.

- São os meus preferidos. - Falei quando Lis já estava do lado de dentro e fechei a porta.

Sempre | Melhores momentosWhere stories live. Discover now