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CARIOCA

Sinto meu celular vibrar dentro do bolso da minha calça e pego vendo o nome da Alane na tela... Hoje era dia da consulta pra ver se dava pra saber o sexo do bebê. Fui pra um canto meais afastado porque tava cheio de aliado meu ao redor.

Ligação On

Carioca: fala!

Alane: oi, carioca... não é a Alane não, é a Marta.

Carioca: ah, oi. Qual foi que tá falando no lugar dela? Aconteceu algum bagulho? - estranho.

Marta: bom... na verdade sim, sei que por celular não é o mais certo a se falar mas é o único jeito. Viemos pra consulta e tivemos uma grande surpresa...

Carioca: Não tô com tempo pra enrolação! - sou direto. - da o papo sem enrolar.

Marta: o doutor não conseguiu escutar os batimentos do bebê... porque, porque... - escuto ela respirar fundo do outro lado. - o bebê tá morto na barriga dela.

Carioca: o bebê tá o que? - pergunto pra garantir que eu ouvir certo.

Marta: sim... tá morto. Estamos desesperadas aqui, sem saber o que fazer... encaminharam ela pra fazer curetagem, pra retirar o bebê pra não dá uma infecção nela... ela tá arrasada! Nem passava pela nossa cabeça isso, achávamos que estava tudo bem... ela tá inconsolável aqui, nem em condições de falar está. - escuto tentando assimilar ainda.

Porra? O bebê tá morto na barriga dela?

Depois que eu aceito a porra dessa gravidez, aceito que vou ser pai de novo, agora acontece um bagulho desse?

Passo a mão pela boca olhando pra movimentação na minha frente.

Carioca: ah, tá inconsolável? - ri, com ironia. - diz a ela que ela sabe muito bem o motivo do bebê ter morrido! ela não te contou não dos bagulho que tomou? Pois é! Da o papo pra ela também pra se lembrar do que eu falei, caso acontecesse alguma coisa com a bebê, refresca a memória dela!

Marta: ela sabe, tá se sentindo muito culpada. Eu não sabia, ela não me contou... meu Deus! - escuto ela chorar. - ela precisa fazer a curetagem agora... - pego a visão que se trata de grana também.

Carioca: tô mandando um de fé meu ir aí, pra levar vocês, espera na porta. O resto, ela vai ter quando chegar aqui. - desligo.

Não espero nem ela responder de volta.

Minha vontade é de deixar ela morrer de infecção mermo, não fazer porra de curetagem nenhuma. Penar até morrer pra aprender, pra sentir, ver o que ela fez!

Porra, ela matou a criança! E não vem dizer que não, porque foi. "Ah, eu tava desesperada" foda-se! Isso não a ela o direito de fazer o que fez, ainda mais sem nem me comunicar nada. Ela tomou um monte de bagulho e eu sem nem imaginar que ela tava grávida, porra.

Aí quando ver que as merdas que tomou não fez efeito, decidiu me contar. Disse que tava tudo bem... que o bebê tava bem. Demoro de assimilar, mas assimilo... aceitei, já tinha na cabeça que outra cria minha tava vindo aí independente do que rolou comigo e com ela.

Outro PatamarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora