Capítulo II

18 5 2
                                    

Por um costume familiar, Katsuo era obrigado a estudar como os outros jovens, mas por morar longe da escola, ele precisava fazer uma rotina completamente diferente, o samurai acordava cedo para se arrumar calmamente e verificar a mochila várias vezes conforme sua mente ansiosa mandava.

Tsubaki acordou com o chamado do marido, ela se levantou, arrumando o quimono branco sobre os pequenos seios e pegando os óculos, e abriu a porta, Katsuo, de bochechas coradas, fez uma reverência e pediu perdão pelo incômodo, ele já estava arrumado para a escola, mas ainda faltava algo para ir de fato à cidade.

–Não se desculpe, o que deseja agora?– Falou a sacerdotisa.

–Eu preciso ir para a escola, só mais algumas semanas e eu terminarei.

–E precisa que eu faça algo?

–Sim e não, eu quero saber se me permite usar o carro para ir até a escola ou se me daria uma carona caso precise fazer algo na cidade.

–Te levarei porque quero saber onde estuda, e sinto o cheiro de comida, já preparou o desjejum?

–Sim, já arrumei tudo– O samurai ficou surpreso com o olfato da esposa, ele não sentia nada naquela parte da casa.

–Certo, espere eu me arrumar, já descerei.

A feiticeira fechou a porta, vestiu um quimono esverdeado com minúsculas flores brancas, penteou o longo cabelo e o prendeu num coque baixo com um grampo escuro sem enfeites, depois desceu até a sala, onde Katsuo a esperava.

–Ainda temos tempo se quiser tomar o desjejum antes– Ele falou, segurando com força a alça da mochila transversal.

–Terei tempo depois que voltar, vamos– Tsubaki gesticulou.

A dupla foi à garagem, onde uma minivan vermelha estava, a moça conferiu a carteira e o celular, depois adentrou o veículo, tendo o rapaz passado por trás para sentar no banco do carona.

–Coloque a mochila nos pés e verifique o cinto– Ordenou a sacerdotisa, puxando o assento para perto do volante.

–Já farei isso– O samurai conseguiu colocar o banco para trás. –Podemos ir.

Ele seguiu a ordem da esposa e manteve o braço o mais afastado possível dela, a feiticeira girou a chave e engatou a ré com certa dificuldade porque a caixa de marcha do carro ficava próxima ao volante, algo que ela não estava acostumada, depois a porta da garagem se abriu por ordem mágica dela e o veículo deslizou para trás até sair por completo, Tsubaki manobrou e saiu da casa, fazendo com que os portões se fechassem sem gesto ou palavra.

–Onde fica a sua escola?– Ela perguntou.

–Eu... eu colocarei no GPS– Katsuo temia não saber explicar o endereço.

A moça assentiu e esperou o espadachim arrumar o aparelho, depois de um barulho, a voz chiada de uma mulher começou falar como se chegava no colégio Shirakumo. O trajeto seguia tranquilo e silencioso, Tsubaki se mantinha concentrada na estrada e Katsuo a observava discretamente, pensando se conseguiria melhorar a interação com ela, mas temia que nunca fosse capaz disso e que a sacerdotisa sempre o visse como uma criança.

–Acho que ouvi algo vibrar, verifique seu celular– Informou a feiticeira.

–Cer-certo– Ele assentiu e puxou a mochila, retirando o aparelho eletrônico e deslizando o polegar sobre a tela. –É um dos meus amigos, se importa?

A esposa balançou negativamente a cabeça e ele agradeceu.

–Bom dia, Yu, precisa de algo?– O samurai já desconfiava daquela ligação.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora